sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Juninho e Berna não são punidos em julgamento por conduta imprópria

Jogadores são apenas advertidos por terem passado no vestiário antes de irem à coleta para exame antidoping. Vasco e Flu acabam multados: R$ 3 mil

Por Gustavo RotsteinRio de Janeiro
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Boa notícia para Vasco e Fluminense. Juninho Pernambucano e Ricardo Berna foram apenas advertidos após serem julgados por conduta imprópria na coleta de urina para o exame antidoping. No caso de Juninho, o problema se deu após a partida contra a Ponte Preta, em 23 de setembro. No de Berna, o exame foi realizado em 9 de setembro, em jogo contra o Internacional. Os atletas poderiam ter recebido pena de até dois anos de suspensão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta sexta-feira porque passaram em seus respectivos vestiários antes de se apresentarem para a coleta de urina.
Vasco e Fluminense foram multados em R$ 3 mil cada por "deixar de cumprir a obrigação legal e o regulamento, geral ou especial, da competição". Seria obrigação dos clubes informar aos atletas o procedimento correto para o exame antidoping, e os dois jogadores alegaram não saber que deveriam ir direto à sala de coleta de urina. A punição poderia chegar a R$ 100 mil.
juninho pernambucano stjd vasco (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)Juninho Pernambucano é julgado no STJD (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)
Antes do julgamento, Juninho disse que já se sentia punido apenas pela denúncia, uma vez que o caso ganhou repercussão internacional antes mesmo de ser julgado. Depois, mais aliviado, o capitão vascaíno adotou tom um pouco mais pacificador.
- Saio daqui aliviado, melhor do que quando cheguei, pelo esclarecimento de que não tentei burlar o exame. Depois entendi que o problema foi eu ter ido diretamente para o vestiário, antes do controle. Foi uma medida pedagógica, e acho que a partir de agora os jogadores não vão mais arriscar. De qualquer maneira, serve como experiência. Até o fim da carreira a gente aprende. Acho que essa repercussão foi também porque um jogador de 37 anos está correndo mais do que muitos mais jovens. Mas isso é preciso ser perguntado aos preparadores físicos - disse Juninho.
Em sua explicação durante o julgamento, o meia afirmou que chegou a informar à comissão antidoping que iria ao vestiário antes de realizar a coleta da urina.
Saio daqui aliviado, melhor do que quando cheguei, pelo esclarecimento de que não tentei burlar o exame. Depois entendi que o problema foi eu ter ido diretamente para o vestiário, antes do controle. Foi uma medida pedagógica, e acho que a partir de agora os jogadores não vão mais arriscar"
Juninho
- A comissão de dopagem disse que eu teria que ir direto, mas eu informei que iria pegar minha bolsa e voltava. Tomei banho e depois fui fazer a coleta. Fui ao vestiário, cumprimentei os atletas, tirei minha camisa, tomei meu banho. E o vestiário era próximo do local de coleta. Na minha cabeça durou cerca de 10 minutos - relatou o meia do Vasco.
O médico da CBF, Bruno Gomes da Fonseca, rebateu, dizendo que há formas do atleta burlar a coleta e, por isso, a exigência é de que se vá do campo diretamente para o exame.
Questionado sobre a forma com que sua família recebeu a notícia, Juninho não escondeu a decepção e revelou que chegou a temer que tivesse sido flagrado por alguma substância proibida.
- Foi duro. Fui acordado às seis da manhã com mensagens em francês perguntando o que havia acontecido. Minha família também me perguntou e transmitiu apoio. Depois vou ter de explicar aos jornalistas franceses que estão aqui. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi o fato de eu ser adepto da medicina ortomolecular e poderia ter tomado algo que não foi manipulado corretamente. Mas se fosse esse o caso, eu viria aqui mostrar as vitaminas - disse - lamentou o vascaíno.
Ricardo Berna julgamento (Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)Ricardo Berna acompanha o julgamento (Foto: Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
Ricardo Berna também lamentou a proporção que o caso tomou.
- É prática comum passar primeiro no vestiário para pegar nossa bagagem, tomar banho e assim que concluir o exame, deixar o estádio. Prática comum, às vezes os roupeiros ficam com a mala na porta no vestiário para adiantar. No jogo no Beira-Rio, nós tinhamos um voo próximo ao fim da partida e eu estava próximo ao vestiário, me adiantei para pegar meus pertences e fui barrado por um pessoa do controle de antidopagem. Quando fiquei sabendo que tinha sido intimado, fiquei surpreso. Até pelo hábito de ter sido sorteado várias vezes, havia o entendimento que eu já estava ciente dos procedimentos. Nunca imagiva que tomaria todas essas proporções - lamentou o goleiro tricolor.
Mais cedo, nesta sexta-feira, o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, havia pedido justiça em um comunicado a favor de Juninho no site da entidade.
Na quinta-feira, Juan, do Santos, foi julgado pela mesma acusação e acabou absolvido.

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