sábado, 20 de abril de 2013

Do Saara a Antártica: brasileira corre ultramaratonas em quatro desertos

Potiguar Jacqueline Terto disputou as provas que percorrem 250 km nos desertos do Saara, Gobi, Atacama e Antártica, os mais extremos do mundo

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
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É consenso que disputar uma maratona, prova que percorre pouco mais de 42 km, é para poucos, que exige muita preparação e dedicação. Imagine então disputar uma prova de 250 km. Adicione a isso o fato dessa prova acontecer nos lugares mais inóspitos do mundo. Esse é o trabalho da potiguar Jaqueline Terto. Desde 2010, ela disputou quatro ultramaratonas em nos quentes desertos do Saara, no norte da África, Gobi, na China e Atacama, no Chile, além da congelante corrida na Antártica.
Nascida no Rio Grande do Norte, Jacqueline hoje mora no Rio de Janeiro, onde treina e coordena um projeto de esportes para deficientes na Vila Olímpica da Maré, zona norte da cidade. Em sua casa, em Jacarépaguá, zona oeste, ela guarda recordações das provas. Em três de quatro pequenas garrafas ela tem porções de areias dos desertos por onde passou e a última guarda água do gelo antártico derretido. As lembranças das provas ainda estão vivas na memória de Jacqueline, principalmente os momentos de dificuldades.
- Fiquei mais de 20 quilômetros sem água total com a temperatura beirando a cinquenta e seis graus, foi aterrorizante - lembra Jacqueline sobre a corrida no Saara.
As muitas dunas e a areia do deserto de Gobi não foram suficientes para fazer ela desistir. Na China, Jacqueline ficou na 27ª posição entre 152 atletas. Entre as mulheres, ficou em terceira. No deserto do Atacama, o mais seco do mundo, viveu um momento dramático com falta de ar e muita dor de cabeça. Mas o pior desafio ainda estava por vir: o deserto da Antártica.
- Minha total prova de sobreviver, ali eu realmente cheguei a meu extremo como pessoa. É um frio cortante, um frio apavorante, é um frio, para um nordestino, é terror do que se pode imaginar - disse a ultramaratonista.
Como parte de seu treino, Jacqueline vai de Jacarépaguá até a Maré correndo pelas ruas e vias expressas do Rio de Janeiro. Cerca de 35 km de distância que demoram três horas e meia para serem percorridos. Lá, ela vira a "tia Jacque", e coordena um projeto de esportes para pessoas com deficiência, que atende 236 pessoas da comunidade. Esses alunos com deficiência são a inspiração de Jacqueline para as ultramaratonas.
- A gente fica muito só o tempo inteiro porque a gente tem que sobreviver. E não tem ninguém, não tem amigo, não tem equipe, não tem apoio e lembrar de cada caso desse, de cada aluno que eu tenho, cada história deles é o que me faz seguir adiante - disse Jacqueline.

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