quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Para Ricardo Lamas, força mental é parte mais importante contra Aldo

Desafiante número 1 dos pesos-penas exala confiança na vitória no UFC 169 e diz que, como Weidman, daria revanche imediata ao campeão

Por Direto de Newark, EUA
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Imagine entrar numa jaula com um homem que venceu 23 lutadores profissionais na carreira e perdeu pela única e última vez há nove anos. Os números impressionantes de José Aldo no peso-pena ajudaram a criar uma mística ao seu redor. Assim como o ex-campeão dos pesos-médios, Anderson Silva, o manauara passou a derrotar seus adversários antes mesmo de a luta começar. Por isso, o americano Ricardo Lamas acredita que a parte fundamental para derrotar José Aldo é ter solidez psicológica para aguentar a pressão.
- Acho que o mais importante contra José Aldo é ser forte mentalmente. Acho que não tem nada a ver com ser físico. Acho que não serei intimidado por ele, tenho que sempre andar para frente e botar pressão nele, e enfrentá-lo como enfrentaria qualquer outro - disse Lamas, em entrevista exclusiva por telefone ao Combate.com.
Ricardo Lamas (Foto: Getty Images)Ricardo Lamas é frio e não está acostumado a recuar contra grandes nomes da categoria (Foto: Getty Images)
Antes do confronto de sábado, Lamas falou ao site sobre seus treinos para a luta, sobre a longa espera por uma chance de disputar o título, e repete a promessa de Chris Weimdan de que vencerá e dará uma revanche automática a José Aldo. O combate é o coevento principal do UFC 169, que começa a partir das 21h30m (de Brasília) deste sábado, com transmissão ao vivo e exclusiva do canal Combate. A pesagem será realizada na sexta-feira, às 19h, com transmissão do Combate e também do SporTV.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
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COMBATE.COM: Como está sua saúde? Está se sentindo bem para a luta? Teve algum problema para o camp?
RICARDO LAMAS: Eu me sinto ótimo. Comecei o camp cedo para a luta, comecei há três meses, vim para a MMA Masters por quase dois meses e estou pronto para lutar.
Você começou o camp mais cedo por alguma razão especial? Você sempre começa dois meses antes?
Eu normalmente começo oito semanas antes, mas comecei mais cedo desta vez porque estou treinando para uma luta de cinco rounds, é uma disputa de cinturão, é a luta mais importante da minha carreira até aqui. Então precisava treinar um pouco mais.
Por que você só lutou uma vez em 2013? Você estava tentando proteger a disputa de cinturão? Estava confiante que ia receber essa disputa?
Eu tinha uma luta marcada contra o Zumbi Coreano, mas o UFC cancelou, e essa deveria ser a luta pelo posto de desafiante número 1. Depois disso, nós perguntamos a eles se poderíamos pegar o vencedor de José Aldo x Zumbi Coreano, e eles disseram que essa era uma possibilidade. Então decidimos esperar para ver se eles dariam para nós.
José Aldo e Anthony Pettis, UFC (Foto: Alexandre Loureiro / Inovafoto / UFC)Anthony Pettis e José Aldo quase deixaram mais
longe a luta de Lamas pelo título
(Foto: Alexandre Loureiro / Inovafoto / UFC)
Lembro que quando isso aconteceu, você ficou frustrado por não ter recebido a luta pelo título no lugar do Zumbi Coreano, e a maioria da imprensa concordou que você era o desafiante número 1. Depois disso, houve todo o lance com Anthony Pettis e José Aldo - eles iam se enfrentar, Pettis se machucou, subiu e conquistou o cinturão dos pesos-leves, e houve boatos de que Aldo subiria para disputar o título com ele. Você ficou apreensivo que seria esquecido uma terceira vez seguida se isso acontecesse?
Sim, no fundo da minha cabeça, um pouco. Mas tento não pensar nisso, tento me manter focado, porque no fim das contas, se recebesse a chance de título ou não, minha próxima luta seria uma luta importante, então tento não pensar nisso muito e me concentrar nos treinos.
Agora que faltam poucos dias, é confortante saber que a luta está de pé e vai acontecer, e que não podem colocar ninguém no seu lugar?
Me sinto ótimo! É uma oportunidade que a maioria dos lutadores não experimentam em sua carreira, e agora estar na posição que estou… Eu agradeço ao Dana (White) pela oportunidade.
Esta é uma pergunta comum para lutadores que ficam longe do cage por muito tempo… Quando você entrar no octógono no UFC 169, fará pouco mais de um ano desde sua última luta. Você teme que esse tempo tão longo afastado pode ser um problema, especialmente contra um cara conhecido por ser muito rápido e ágil como Aldo?
Não, eu não me machuquei, não fiquei parado de lado, treinei todos os dias. E passei por um camp completo para enfrentar o Zumbi Coreano, e essa luta foi tirada no último segundo. Estive treinando duro por esse último ano e acho que o tempo afastado não vai me afetar nem um pouco.
Você não pode ficar no topo para sempre, todo campeão perde mais cedo ou mais tarde. Ele é campeão há muito tempo, saiu no topo algumas vezes, teve uma carreira de sucesso como campeão, mas acho que isso vai terminar nesta semana."
Ricardo Lamas
O que você acha que é mais importante contra José Aldo: tem bom jogo de pernas, ou bom jogo de luta agarrada?
Acho que o mais importante contra José Aldo é ser forte mentalmente. Acho que não tem nada a ver com ser físico. Acho que não serei intimidado por ele, tenho que sempre andar para frente e botar pressão nele, e enfrentá-lo como enfrentaria qualquer outro.
Você acha que Aldo, com tantas defesas de cinturão, está começando a desenvolver aquela vantagem mental que Anderson Silva e Georges St-Pierre tinham até pouco, em que entravam e já tinham vencido metade da batalha, porque seus oponentes estavam psicologicamente assustados?
Talvez. Você não pode ficar no topo para sempre, todo campeão perde mais cedo ou mais tarde. Ele é campeão há muito tempo, saiu no topo algumas vezes, teve uma carreira de sucesso como campeão, mas acho que isso vai terminar nesta semana.
Que fraquezas de José Aldo a luta contra o Zumbi Coreano expôs?
Não sei. Ele não parece ter muitas fraquezas, é um lutador muito forte. Pareceu que ele começou a diminuir de ritmo na luta, não sei se seu condicionamento estava no ponto que deveria estar, mas eu certamente vou testar isso e botar pressão sobre ele.
Aldo machucou o pé chutando o joelho do Zumbi Coreano, e há algumas semanas vimos o Anderson Silva quebrar a canela ao chutar o joelho do Chris Weidman. Você pensa em pedir umas dicas ao Chris Weidman sobre como defender chutes baixos, já que este é um dos pontos fortes do José Aldo? Você já usa alguma dessas técnicas, como o tal "Destruction"?
Essa técnica que Weidman usa é muito básica. É algo que você aprende logo nas suas primeiras semanas no esporte, como bloquear um chute. Acho que, falando dos básicos, é algo muito bom de se usar para lutar. Se você usar todos os pontos básicos, é bom, pois podem vencer a luta.
Qual foi sua reação à lesão do Anderson Silva? Aquilo te assustou? Você pensou em usar menos chutes baixos por causa daquilo?
É uma lesão que já aconteceu antes, mas não acontece tão frequentemente neste esporte. Eu uso muitos chutes baixos e isso não vai me assustar e impedir de usá-los contra José Aldo. Eu entendo ao entrar numa luta que há riscos de lesão. É o que fazemos. Todo lutador coloca seu corpo na linha quando entra na luta, estamos todos cientes disso, não vai me afetar.
BJ Penn veio ao Rio ajudar o José Aldo em seu camp. O que você acha? Vai acrescentar algo a ele? Você pensa nisso?
Não, nem penso nisso, nem me importo. BJ Penn não luta nada parecido comigo. Ele pode treinar com quem ele quiser no mundo. A não ser que ele treine comigo, ele não vai ser capaz de imitar o meu estilo, meu jeito de lutar.
Você trouxe alguém para imitar o estilo do José Aldo nos seus treinos?
Não, não trouxe ninguém. Tive talento o suficiente na minha equipe para me ajudar neste camp. Meu companheiro de sparring Luis Palomino é um lutador até melhor do que José Aldo. Nós fizemos sparring juntos todos os dias e nos tornamos melhores. Ele foi o meu José Aldo neste camp.
Você só tem seis anos de carreira no MMA. Este é o melhor momento de sua carreira, física e mentalmente? Você sente que está no seu auge?
Sim, com certeza. Este é o ponto mais alto que se pode alcançar neste esporte, lutar pelo cinturão. É um passo acima para ser campeão, e é isso que eu vou fazer. Sinto que estou pronto, fisicamente e mentalmente, emocionalmente, estou pronto para essa luta e para ir ao trabalho.
Ricardo Lamas lutador de MMA (Foto: Ivan Raupp)Ricardo Lamas tem ligação antiga com o Brasil, desde seu pai aos seus treinadores (Foto: Ivan Raupp)
Você tem César Carneiro e Daniel Valverde como treinadores, ambos brasileiros. Quão importante é ter técnicos brasileiros quando vai se enfrentar um lutar brasileiro, isso faz alguma diferença?
Não. Mestre César e Sensei Daniel são dois dos melhores treinadores no esporte. Serem brasileiros não faz diferença. Não me importaria se eles fossem chineses ou outra coisa. Eles sabem o que estão fazendo e me ajudaram tremendamente para esta luta.
César mencionou que você entende um pouco de português. Durante a luta, você acha que será capaz de ouvir o que os treinadores dele dirão e prever o que está vindo?
Não, não vou prestar atenção ao córner dele, vou prestar atenção apenas ao meu córner e me focar no meu adversário. Não quero ser pego tentando ouvir o que os treinadores dele estão dizendo, e nem tentaria entender o português que eles estão falando (risos). Vou apenas ouvir meu córner e prestar atenção ao José Aldo.
Você já disse numa entrevista que gosta do Brasil e tem uma afinidade com o país. Você conhece o Brasil, gosta do país? Qual é sua história com o país?
Conto a história do meu pai. Ele viva no underground, lutando contra o regime de Fidel Castro em Cuba. Chegou ao ponto que ele teve de fugir do país, porque se fosse pego, seria morto. Ele teve de escapar através da embaixada brasileira em Cuba. Então, eu meio que literalmente devo minha  vida ao país do Brasil, pois se não fosse pela embaixada do Brasil em Cuba, eu poderia nem estar aqui hoje.
Você então tem uma conexão forte com o Brasil.
Com certeza. Após a luta, gostaria de ir aí visitar.
Lutar no card do Super Bowl significa alguma coisa para você? É especial, importante? Você acompanha o futebol americano?
Não sigo futebol americano muito, mas normalmente assisto ao Super Bowl todos os anos. É muito legal ser parte deste fim de semana. Nos EUA, é o maior fim de semana dos esportes. É uma honra estar nesse card e enfrentar um campeão como José Aldo.
Você acha que José Aldo pode estar te subestimando após toda a controvérsia sobre ele lutar contra Anthony Pettis?
Espero que não, espero que ele não esteja me subestimando, espero que ele esteja treinando mais forte do que nunca, pois eu treinei mais forte do que nunca, e quando eu vencer, não quero ouvir nenhuma desculpa que ele me subestimou e quer uma revanche. Quero enfrentar o melhor José Aldo que já houve.
Sobre a história da revanche, Weidman ficou famoso por dizer que venceria Anderson e lhe daria uma revanche imediata. Você acha que, se vencer José Aldo, você daria uma revanche imediata a ele?
Sim, se ele quiser uma, eu daria, é claro. Ele é campeão há um tempo, acho que ele mereceria, se quisesse, como campeão, então, certamente.
UFC 169
1º de fevereiro de 2014, em Newark (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-galo: Renan Barão x Urijah Faber
Peso-pena: José Aldo x Ricardo Lamas
Peso-pesado: Frank Mir x Alistair Overeem
Peso-mosca: John Lineker x Ali Bagautinov
Peso-leve: Jamie Varner x  Abel Trujillo
CARD PRELIMINAR
Peso-leve: John Makdessi x Alan Nuguette
Peso-mosca: Chris Cariaso x Danny Martinez
Peso-médio: Nick Catone x Tom Watson
Peso-leve: Al Iaquinta x Kevin Lee
Peso-médio: Clint Hester x Andy Enz
Peso-leve: Tony Martin x Rashid Magomedov
Peso-meio-médio: Neil Magny x Gasan Umalatov

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