segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Termo "Brazilian Storm" é registrado e gera polêmica com surfistas brasileiros

Em comunicado, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Ítalo Ferreira e Jadson André ressaltam não terem vínculos pessoal e comercial com marca, registrada por empresário paulista

Por Rio de Janeiro
A expressão “Brazilian Storm” (Tempestade Brasileira, em português) foi criada em 2011 pela imprensa americana para se referir à nova geração de surfistas brasileiros que vem se destacando no cenário mundial. E o termo pegou de vez com a série de resultados expressivos em competições internacionais de atletas como Gabriel Medina, Adriano de Souza (Mineirinho),Filipe Toledo & Cia. No entanto, por causa de uma questão jurídica, o uso da expressão tem sido motivo de preocupação para os atletas. Um empresário de Praia Grande, em São Paulo, entrou com pedido de registro da marca no Brasil e em outros países. Os atletas alegam que a marca foi registrada para uso comercial. 
Comunicado publicado por Filipe Toledo, Jadson André, Miguel Pupo e Ítalo Ferreira sobre o termo Brazilian Storm (Foto: Reprodução)Comunicado publicado por Filipinho, Jadson, Pupo e Ítalo sobre o termo Brazilian Storm (Foto: Reprodução)
Incomodados com a situação, alguns surfistas brasileiros que disputam a etapa de Trestles do Circuito Mundial de Surfe se reuniram nesta semana nos Estados Unidos e decidiram publicar um comunicado explicando que não possuem vínculo com a marca (confira a íntegra abaixo). No texto, eles afirmam que a expressão "deixou de ser só uma referência da torcida e imprensa, para se tornar uma marca, que visa lucro com a venda de produtos" e lamentam "o fato da expressão ser usada com fins comerciais, relacionando-a com a nossa imagem sem a devida autorização". Os atletas ainda fizeram questão de diferenciar a marca e o programa também intitulado "Brazilian Storm", transmitido pelo canal OFF, da Globosat, ao qual reiteram o seu apoio.
Comunicado publicado por Filipe Toledo, Miguel Pupo, Jadson André e Ítalo Ferreira nas redes sociais:
“Eu, representante do Brasil no Samsung Galaxy Championship Tour, a elite mundial da World Surf League (WSL), comunico que não possuo vínculo pessoal, nem comercial com a marca registrada “Brazilian Storm”. A expressão, que surgiu de forma espontânea na mídia para valorizar os resultados vitoriosos, dessa nova geração do surf brasileiro, este ano representada por Gabriel Medina, Adriano de Souza, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Jadson André, Ítalo Ferreira e Wigolly Dantas e Silvana Lima, deixou de ser só uma referência da torcida e imprensa, para se tornar uma marca, que visa lucro com a venda de produtos.
Sendo assim, eu como atleta – que batalho para conquistar e manter os meus patrocinadores – não possuo nenhum tipo de vínculo com a marca, seja ela de qual segmento for e reforço que não possuo vínculo com o responsável pela mesma. Destacamos que continuamos apoiando o programa Brazilian Storm, produzido pelo Canal Off, e valorizamos muito o movimento feito pela torcida brasileira e até do exterior, bem como todo o apoio que recebemos dos fãs.
Lamentamos o fato da expressão ser usada com fins comerciais, relacionando-a com a nossa imagem sem a devida autorização. A geração que está revolucionando o surf brasileiro agradece e segue unida batalhando pelo desenvolvimento da modalidade”.
Poucas horas após a publicação do comunicado pelos surfistas, os responsáveis pelo registro da marca "Brazilian Storm" publicaram uma nota de esclarecimento no Facebook afirmando que não possuem vínculos com os surfistas brasileiros da WSL e garantindo que não exploram comercialmente a marca. Eles alegam ser uma torcida organizada e afirmam ajudar associações e atletas sem patrocínio no surfe e em outras modalidades. Em contato com o GloboEsporte.com, os responsáveis pela página "Brazilian Storm Surf" disseram:
- No momento somos apenas torcida organizada. Publicamos uma nota a respeito do comunicado de alguns atletas, não é a opinião de todos - responderam em contato via Facebook.
Comunicado na página do Brazilian Storm (Foto: Reprodução)Comunicado na página do Brazilian Storm (Foto: Reprodução)
Em consulta pública ao banco de dados do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), o GloboEsporte.com encontrou quatro pedidos de registro da marca “Brazilian Storm” pelo titular “C da S Filiciano – ME”. Três deles foram solicitados em agosto de 2014 para a categoria “nomes” e aparecem com o status “Aguardando exame de mérito”. Eles são das seguintes classes: NCL (10) 25 (Vestuário, calçados e chapelaria), NCL (10) 35 (Propaganda; gestão de negócios; administração de negócios; funções de escritório) e NCL (10) 41 (Educação, provimento de treinamento; entretenimento; atividades desportivas e culturais), este último com pedido de desistência do registro. Há também um quarto registro, feito em abril de 2015, desta vez de marca visual com o status “Aguardando prazo de apresentação de oposição” para a categoria NCL (10) 35 (Propaganda; gestão de negócios; administração de negócios; funções de escritório).
Registro da marca Brazilian Storm no site do INPI (Foto: Reprodução / INPI)Registro da marca Brazilian Storm no site do INPI (Foto: Reprodução / INPI)

Foram criadas também três páginas relacionadas ao "Brazilian Storm", uma com domínio ".com", outra com domínio ".com.br" (Brasil) e outra com domínio ".com.au" (Austrália). Até esta segunda-feira, a ".com.br" apresentava uma contagem regressiva, a ".com" exibia o mesmo comunicado do Facebook, enquanto a página ".com.au" possui uma loja virtual com anúncios de camisas, bonés e acessórios com a marca, com preços variando entre 7,95 a 34,90 dólares australianos. Em contato por Facebook, o responsável pela marca confirmou que é dono das páginas e disse: 
- Está em fase de teste, se você tentar comprar não vai conseguir. No futuro comercializaremos produtos, no momento não. Nós seremos a renovação do surfe brasileiro, temos projetos que revelam campeões municipais, estaduais, nacionais e o classificatório para o mundial WSL  - explicou.
Site do Brazilian Storm (Foto: Reprodução)Site hospedado no Brasil com a marca Brazilian Storm (Foto: Reprodução)

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