quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fã de Elvis, mineiro chileno é tratado como celebridade em Nova York

Edison Peña, um dos 33 sobreviventes de San José, mostra bom humor durante entrevista e diz que completar a maratona será um grande desafio

Por Cristina Indio do Brasil De Nova York, especial para o GLOBOESPORTE.COM
Parecia um simples fã de Elvis Presley animado, cantando um dos sucessos do ídolo, mas era mais que isso. O mineiro Edison Peña, um dos 33 resgatados da mina San José, no Chile, transformou a coletiva dos organizadores da Maratona de Nova York em um momento de pura descontração. Como costumava fazer para animar os seus companheiros, ele cantou e ensaiou uma dancinha, ainda que sentado ao lado da tradutora. Disse que adora Elvis e era assim que tornava mais leves os 69 dias em que viveu soterrado com outros 32 mineiros.  Poder participar da competição é mais uma questão de superação.
Edison Peña Mineiro maratona de Nova YorkEdison Peña acredita que completará o percurso em seis horas (Foto: Cristina Indio do Brasil)
- Sinto como algo muito forte. Isso é realmente importante. A maratona é um grande desafio para mim. Espero que possa motivar outros - disse.
Para Edison, estar em Nova York, poder ver a luz do dia e participar de um dos mais conhecidos percursos mundiais, depois de passar por tanto sofrimento, é um sonho.
- Sem dúvida. É inacreditável estar aqui - completou.
Outra emoção é a de poder ser o único corredor que vai participar da maior competição internacional da modalidade tendo também corrido no subsolo. Ele lembrou que no início do acidente no Chile, era difícil correr dentro da mina mas, com o passar do tempo quando começou a se sentir melhor, iniciou os exercícios. Como era escuro, usava a lâmpada do capacete para iluminar o caminho.
- Nunca disse que eu não podia. Tentei, apesar de estar sem luz e com 30 graus de calor.
Mural Edison Peña Mineiro maratona de Nova YorkPainel:matérias sobre a participação de Peña na
maratona (Foto: Cristina Indio do Brasil)
Edison negou que seja um herói como estão sendo considerados os sobreviventes da San José. E acredita, que de certa forma, correrá na maratona representando os seus companheiros.
- As pessoas acham que somos heróis, mas eu não penso assim. Nós tivemos uma chance de sobreviver e fizemos isso. Creio que corro por eles também.
Edison comentou ainda que todos os mineiros estão sendo monitorados pelos médicos, em Santiago, para avaliações sobre o estado de saúde. Ele achou impressionante o número de jornalistas acompanhando a entrevista. Muito maior do que a quantidade dos que foram à coletiva, que tinha acontecido horas antes, com a presença de cinco corredores e recordistas profissionais, entre eles o brasileiro Marílson dos Santos que já venceu o percurso por dois anos.
Edison revelou que ficou emocionado logo após desembarcar nesta quinta-feira, em Nova York, ao ser reconhecido, ainda no aeroporto, por um dos maiores atletas da prova, o etíope Haile Gebrselassie.
- Foi incrível - comentou.
Mais tempo para se dedicar às corridas                                                                                           
Edison Peña Mineiro maratona de Nova YorkMineiro deu uma série de entrevistas para a TV
(Foto: Cristina Indio do Brasil)
Edison prometeu que depois da competição vai dedicar mais tempo às corridas. E estimou completar o percurso em seis horas. Ele aproveitou para pedir compreensão à imprensa, caso não consiga suportar a dor no joelho durante a corrida.
- Me mostre um pouco de misericórdia - disse sorrindo.
No fim da coletiva, depois de receber a identificação que vai usar na corrida, Edison ganhou um relógio da marca de um dos patrocinadores da competição. O presente foi entregue pelo jogador de futebol americano, Amani Toomer.  Ao terminar a entrevista, como fez em seu país quando saiu da mina, Edison comemorou, "Viva Chile", e foi aplaudido.
Mas como uma celebridade, antes de deixar o centro de imprensa, ainda deu uma entrevista ao vivo à televisão da Maratona de Nova York. Ao sair, entrou no carro para seguir para mais uma entrevista em um estúdio de TV. Dessa vez, para um famoso programa americano: David Letterman.

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