sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Favoritos na opinião dos rivais, EUA sonham ser sede de segunda Copa

David Downs, diretor executivo do comitê organizador, diz que país já está pronto para o Mundial-2022. Brad Pitt é um dos embaixadores da candidatura

Por Márcio Iannacca Rio de Janeiro
Apontados pelos rivais durante a Soccerex, convenção de negócios e futebol, realizada no Forte de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, como favoritos para ser sede da Copa de 2022, os Estados Unidos estão convencidos de que podem fazer mais um belo Mundial daqui a 12 anos. Anfitriões do torneio em 1994, quando a Seleção Brasileira ficou com o caneco, os americanos estão na luta para serem escolhidos pela Fifa na próxima quinta-feira, em Zurique, na Suíça, para abrigar a competição.
estádios estados unidos - Rose Bowl Rose Bowl pode receber jogos da Copa do Mundo de 2022. Assim como o Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Azteca, no México, estádio em Los Angeles participaria de seu segundo Mundial (Foto: Divulgação)
E as armas dos americanos são muitas. A principal delas é o fato de o país ter realizado o Mundial mais lucrativo para a Fifa. Na última segunda-feira, o presidente de honra da Fifa, João Havelange revelou os números da Copa do Mundo realizada na terra do Tio Sam e em outros países. Enquanto nos Estados Unidos os números bateram cerca de R$ 3,4 bilhões, na Alemanha e na África do Sul, por exemplo, chegaram a R$ 2,7 bilhões.
Confira a galeria de fotos dos estádios que serão usados no Mundial
- O futebol é o maior produto que existe no mundo.Temos 15 patrocinadores que vão ao campo, o sistema de televisão, de rádio e o estádio que recebe os jogos. A maior receita que já tivemos em uma Copa foi nos Estados Unidos. Todos os estádios tinham capacidade para mais de 80 mil pessoas e estavam sempre lotados. Tivemos um lucro muito superior a de outros países que já sediaram o Mundial - afirmou João Havelange
De acordo com David Downs, diretor executivo do comitê organizador dos Estados Unidos, todos os estádios para a realização do Mundial já estão prontos. Foram indicados à Fifa 19 arenas para receber a Copa do Mundo. Porém, o número pode ser reduzido caso o país seja, de fato, escolhido para receber o torneio de 2022.
Como embaixadores da candidatura, os Estados Unidos aproveitaram o atacante Landon Donovan, do time masculino e do Los Angeles Galaxy, e Mia Hamm, ex-jogadora da seleção americana. Além dos dois, o país não deixou de aproveitar os astros de Hollywodd: Brad Pitt e Morgan Freeman estão apoiando a escolha pela Fifa.
Brad PittO ator Brad Pitt é um dos embaixadores da candidatura dos Estados Unidos (Foto: Getty Images)
No último fim de semana, o Colorado Rapids se sagrou campeão ao derrotar o FC Dallas por 2 a 1, em Toronto. Nos últimos anos, a Major League Soccer tem se tornado atrativa aos torcedores, principalmente pela contratação de nome consagrados do futebol mundial. O inglês David Beckham defende o Los Angeles Galaxy. Já o francês Thierry Henry e o mexicano Rafael Marquez atuam pelo New York RB. Segundo Downs, com a Copa nos Estados Unidos, a expectativa é aumentar ainda mais o público na competição.
- A Major League Soccer foi criada em 1996 e conta com 18 equipes e um público médio de 16.500 pessoas por jogo. Isso foi fruto da Copa de 1994 em nosso país. Com um novo Mundial em solo americano, a tendência é só aumentar - afirmou o dirigente, em entrevista por e-mail ao GLOBOESPORTE.COM.
Confira abaixo a entrevista completa do representante do comitê americano:
David DownsDavid Downs explica os pontos fortes dos Estados
Unidos para receber a Copa de 2022 (Divulgação)
Qual é a expectativa de gastos para a realização do Mundial?
DAVID DOWNS: Nós não temos que gastar dinheiro algum para construir ou reformar estádios, centros de treinamentos ou de convenções, aeroportos ou hotéis para concorrer à Copa de 2022. Nossa proposta de orçamento, que a FIFA publicou em seus relatórios de avaliação das propostas diversas, é estritamente para cobrir despesas operacionais, tais como melhorar os estádios e cidades, o transporte das equipes e de pessoal para as partidas.
Todos os estádios já estão prontos?
DD: Todos os estádios estão prontos, exceto pelo fato de pequenas modificações como aumentar os campos nas laterais. Pode ser que uma de nossas cidades faça um novo estádio antes do processo final de escolha para o Mundial, em 2016. Caso ele esteja pronto nesse período, ele poderá entrar em nossa processo de seleção.
Qual é a diferença da candidatura dos Estados Unidos para os outros candidatos? Qual é o ponto forte da campanha?
DD: São vários itens que fazem a candidatura dos Estados Unidos ser única. Em primeiro lugar, a diversidade do nosso país garante que todas as equipes participantes se sintam em casa. O jogo entre Estados Unidos e Brasil, em Nova Jérsei, foi o grande exemplo disso. Com muitos brasileiros no estádio. Em um segundo momento, a paixão pelo esporte e a capacidade dos nossos estádios significa uma grande projeção para a venda de ingressos para as partidas dos Mundiais. E tudo muito maior do que os outros candidatos. Em terceiro, os Estados Unidos têm comprovado que uma Copa no país pode aumentar ainda mais o número de fãs, aumentando os investimentos no futebol. Atualmente, nós tempos 100 milhões de torcedores de futebol. Caso a Copa seja aqui, nós podemos chegar facilmente até 2022 a 200 milhões, o que causaria um impacto muito grande em todos os países do mundo.
Membros do comitê americano pretendem visitar o Brasil ou a África do Sul, local do último mundial?
DD: Nós estávamos na África do Sul durante todo o torneio e ficamos muito impressionados com os preparativos do país para a Copa do Mundo. Ficamos impressionados também com a paixão dos africanos pelo futebol. Imaginamos que no Brasil, em 2014, será tão bom ou melhor do que na África do Sul. Além disso, com jogos em nosso hemisfério, a audiência da TV nos os Estados Unidos vai quebrar os recordes do verão passado.
O fato de já ter sido sede de uma Copa do Mundo pode audar ou atrapalhar?
DD: Algumas pessoas argumentam que a Copa do Mundo deverá ser realizada em algum lugar que nunca foi sede antes. Estou certo de que os brasileiros estavam felizes pode terem sido escolhidos para ser sede de 2014 mesmo tendo organizado a Copa de 1950. Nós achamos que a candidatura dos Estados Unidos não deve ser penalizada por ter sido sede 28 anos antes de 2022. Os Estados Unidos não podem ser penalizados por terem feito uma Copa de sucesso, que estabeleceu o recorde de público de todos os Mundiais.
A Fifa apontou como ponto negativo da candidatura a falta de apoio do governo dos Estados Unidos. Isso pode prejudicar a campanha? Como será resolvido?
DD: Os Estados Unidos apresentaram à Fifa as garantias necessárias do governo em maio passado, e todas foram assinadas pelos membros das agências governamentais do país. No entanto, em nossa forma de democracia, há certos poderes reservados ao legislativo, e outros reservados ao Poder Judiciário. Por isso, nós tivemos que editar alguns itens das garantias para respeitar as leis dos Estados Unidos. Temos discutido o assunto com a Fifa, que entendeu a nossa situação, e o relatório entregue pela entidade tem uma menção especial ao fato de que mesmo com as modificações que a lei exige nós conseguiríamos realizar uma Copa do Mundo. Não teremos quaisquer problemas relacionados com vistos, autorizações de trabalho, segurança, proteção da propriedade intelectual ou outros.
Uma nova Copa do Mundo nos Estados Unidos pode deixar algum legado?
DD: O legado seria em  vários níveis. Gostaríamos de desenvolver o esporte dentro dos Estados Unidos. Gostaríamos de deixar um legado econômico, que teria um impacto a todos os envolvidos com o futebol ao redor do planeta. E temos um plano social de desenvolvimento humano social positivo para promover práticas ambientais sustentáveis, usando o poder da Copa do Mundo de inspirar os americanos. O povo costuma ajudar causas do mundo inteiro e pode fazer ainda mais para as pessoas menos afortunadas.
O que mudou no futebol do país após a Copa do Mundo de 1994?
DD: Os brasileiros que presenciaram o triunfo de sua seleção sobre a Itália na Copa de 1994 ficariam espantados de ver como o esporte tem mudado nos Estados Unidos. Hoje, cerca de 41% dos americanos maiores de 12 anos se dizem fãs do futebol. A participação dos jovens cresceu quatro vezes. Duas redes de televisão mostram partidas de mais de 20 ligas ao redor do mundo. Mais de 112 milhões de americanos assistiram à Copa do Mundo de 2010. A seleção dos Estados conseguiu dar um susto no Brasil na final da Copa das Confederações depois de eliminar a Espanha. Em um país com 307 milhões de pessoas, onde muitos estão criando raízes com o futebol, uma Copa do Mundo pode significar mudanças ainda mais drásticas na paixão da população.
Vários candidatos estão usando jogadores e ex-atletas como garotos-propaganda. Quais são os dos Estados Unidos?
DD: Dois jogadores dos Estados Unidos estão no nosso quadro: Landon Donovan e Mia Hamm, uma das melhores jogadoras do mundo. Mas nossa proposta é mais do que apenas um lance de futebol. Podemos incluir como nossos embaixadores personalidades famosas, como Brad Pitt e Morgan Freeman e políticos de renome mundial, como o ex-presidente Bill Clinton e Henry Kissinger.

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