terça-feira, 28 de dezembro de 2010

RETROSPECTIVA: um ano que foi
da tristeza profunda à alegria extrema

Surfe teve emoções distintas: o deca de Kelly Slater, a morte de Andy Irons, seguida pelo nascimento de seu filho, e a classificação de Alejo para 2011

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
Andy Irons TeahupooIrons comemorando a vitória no Taiti (Foto: ASP)
Das lágrimas de tristeza às de alegria em apenas quatro dias. Se a morte do havaiano tricampeonato mundial Andy Irons pegou os surfistas de surpresa, como uma onda gigante quebrando sobre a cabeça, o décimo caneco conquistado pelo americano Kelly Slater os fez esquecer, temporariamente, a dor. Depois, mais alegria. Agora por um choro novo, o do filho de Andy: Andy Axel Irons, nascido no dia 8 de dezembro.
Entre os brasileiros, a dupla alegria e tristeza também andou de mãos dadas. Jadson André iniciou a caminhada na elite com passos firmes. Alejo Muniz dará os seus em 2011. É o nosso novo menino de ouro. Entre as meninas, Bruna Schmitz dá adeus ao Circuito Mundial, e Jacqueline Silva retorna, depois de um ano fora.

Andy Irons é campeão no  Mundial de TeahupooHavaiano Andy Irons nas ondas de Teahupoo, no Taiti (Foto: ASP)
Aos 32 anos de idade e depois de três títulos mundiais, Andy Irons só queria conquistar mais uma vitória em etapas. Conseguiu, em setembro, e justamente na onda mais temida do mundo: Teahupoo, no Taiti. No fim de outubro, doente, desistiu de competir em Porto Rico. Só queria voltar para casa. Não conseguiu. No dia 2 de novembro, o havaiano foi encontrado morto em um quarto de hotel em Dallas, onde faria a segunda conexão rumo à ilha de Kauai. Trinta e seis dias depois - em 8 de dezembro, data de início da janela de espera do Pipeline Masters - nasceu Andy Axel Irons, filho dele e de Lyndie.
Andy tinha contado à família e aos amigos que estava com febre de dengue. Foi analisado por um médico, que o recomendou a ir a um hospital. O surfista, porém, decidiu voltar para o Havaí. As causas da morte apenas serão conhecidas depois da divulgação dos exames toxicológicos.
Kelly Slater decacampeão mundial Porto RicoSlater, decacampeão mundial (Foto: Reuters)
Foram três dias de luto profundo. No quarto, Kelly Slater fez o que Andy Irons, seu maior adversário, esperaria dele. Competiu e venceu. Em 6 de novembro, o americano tornou-se decacampeão mundial. E foi em um dia inteiro de atuações de gala em Porto Rico.
Com notas 9,00 e 9,87 nas quartas, contra o brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, Slater levou, por antecipação, o Circuito Mundial. Único que poderia superá-lo no ranking, o sul-africano Jordy Smith, ao ver que não tinha mais chance, quis acompanhar de perto. Entrou na água dez minutos antes do início de sua bateria. Viu o americano pegar mais uma onda e estendeu a mão, em reverência. Um rápido cumprimento. Um pequeno gesto para o maior da história. Mas Slater não estava satisfeito. Na final, contra o australiano Bede Durbidge, nota 8,77 e, para fechar, claro, um 10,00. A 45ª vitória na carreira.
Tyler Larronde onda gigante JawsTyler Larronde em Jaws (Foto: Surfersvillage)
Fim de ano é sinônimo de boas notícias para Tyler Larronde. O havaiano de 16 anos, pela segunda temporada seguida, surpreendeu ao pegar uma onda gigante em Jaws. Em dezembro, encarou uma enorme ondulação no famoso pico de surfe na ilha de Maui e, com a sessão, vai se inscrever no prêmio XXL, o "Oscar" do surfe em ondas grandes. Tyler é filho de Michel Larronde, um dos principais surfistas franceses da década de 80. O pai, que nasceu no País Basco, mas foi criado na França, mudou-se para Maui, no Havaí, onde Tyler nasceu, em 1994.
Surfe Bruna Schmitz Bruna Schmitz sai da elite (Foto: Divulgação)
Em sua segunda temporada na elite mundial, Bruna Schmitz teve dificuldades para enfrentar as melhores surfistas do mundo. Buscou no aconchego de casa – nas poucas vezes que foi a Curitiba – e no carinho dos fãs motivação para tentar se manter no Circuito Mundial. Depois da etapa de Sydney, em que parou na repescagem, Bruninha voltou para o hotel onde estava hospedada e escreveu, em inglês e em português, sobre sua decepção.
- Supertriste. Perdi o campeonato ontem, mas tudo bem. Eu sempre perco – escreveu.
A paranaense terminou o ano na 21ª posição do ranking unificado e deu adeus ao Circuito Mundial. No fim da temporada, escreveu:

- Decidi que não vou mais me abalar com resultados ruins, pois o meu objetivo é evoluir no surfe e competir melhor.

Surfe Jadson André Mundial de ImbitubaJadson André em Imbituba (Foto:  ASP)
Na pequena e pacata Imbituba, no fim de abril, um menino que sonhava jogar no Maracanã quando criança escreveu seu nome na galeria de campeões de etapas do Circuito Mundial. Estreante na elite, Jadson André transformou a Praia da Vila em uma grande arena, e saiu dela tão aclamado como um astro do futebol. Derrotou Kelly Slater na final. A última vitória de um brasileiro na elite mundial tinha no ano passado, com Adriano de Souza, o Mineirinho, nas ondas de Sopelana, no País Basco. Naquela época, Jadson ainda fazia parte da divisão de acesso. A entrada na elite veio logo em seguida, ainda aos 19 anos.

Nota da redação: Em 2011, Imbituba sairá do calendário do Circuito Mundial. O Rio de Janeiro, que recebeu a etapa brasileira até 2001, voltará a ser a sede.
 
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É o número de títulos mundiais de Kelly Slater. O americano está com 38 anos de idade, mas parece ter disposição e, claro, talento, para aumentar o recorde É a quantidade de surfistas que disputarão a elite mundial em 2011. O número foi reduzido. Antigamente eram 44 ou 45 surfistas. É o número de vezes que a brasileira Maya Gabeira foi eleita a melhor surfista de ondas grandes. A brasileira é soberana há quatro temporadas.
ondas Gigantes Irlanda SurfeOnda gigante na Irlanda? Sim. Um novo e surpreendende pico de surfe foi descoberto, a 2km da costa, e batizado de Prowlers (Foto: Reprodução / surfline.com)

"Meu coração foi destruído agora ao saber sobre a morte do meu grande amigo Andy Irons. Obrigado por me ensinar coisas que ninguém conseguiria, como: envergar uma raquete de tênis, me dar filmes de surfe horríveis para ver quando eu era criança. hahaha. Sei que um dia vamos nos encontrar de novo e espero entrar com combustível extra (risos). Vou sentir sua falta, meu amigo" Clay Marzo, ao saber da morte de Andy Irons.
Surf Alejo MunizAlejo, a aposta para 2011(Foto: Ivo Gonzalez/Nike)
Um argentino de sangue e brasileiro de coração. Em 2011, o Brasil terá um novato de ouro no Circuito Mundial: Alejo Muniz. Nascido em Mar Del Plata e criado em Bombinhas, em Santa Catarina, o surfista de 20 anos será um dos integrantes do quinteto verde-amarelo na elite. Adriano de Souza, o Mineirinho, e Jadson André conseguiram se manter. Heitor Alves e Raoni Monteiro retornam.
Eleito melhor calouro da Tríplice Coroa, Alejo voltou ao North Shore havaiano em 2010 e, lá, conquistou um lugar na elite mundial. Em Sunset, chegou às quartas de final e ficou muito perto da vaga. Depois, foi necessário esperar a eliminação de alguns surfistas no Pipe Masters.
O talento do brasileiro despertou o interesse dos patrocinadores. Trocou a empresa de surf wear que o apoiava - a mesma de Kelly Slater - e aceitou a proposta para ser garoto-propaganda de uma gigante no mundo de materiais esportivos que, pela primeira vez, investe em surfistas brasileiros.

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