segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Romário explica gesto que fez após o quarto gol

Motivado pela provocação do time rival, artilheiro marcou três vezes na reação histórica e pediu silêncio aos palmeirenses

Romario (Crédito: Arquivo Lance) Romario cala a torcida do Verdão (Crédito: Arquivo Lance)
Alexandre Araújo e Bruno Marinho
Publicada em 20/12/2010 às 08:58
Rio de Janeiro
– Dava para ver, eles não acreditavam que aquilo poderia acontecer. Após o nosso terceiro gol, eles se perguntaram o que era aquilo. Enquanto se questionavam, fizemos o quarto, levamos o título.

A maior vitória de um clube em todos os tempos foi escrita pela ousadia do técnico Joel Santana, pela garra de Viola, pela qualidade de Juninho Paulista e, principalmente, pela estrela dele, sempre ele, Romário. Dez anos depois da reação histórica sobre o Palmeiras, na decisão da Copa Mercosul, o LANCENET! encerra a série especial sobre a virada do século com esta revelação do Baixinho. O pedido de silêncio ao marcar o gol do título não foi direcionado apenas para a torcida rival. A provocação dos jogadores palmeirenses estava engasgada na garganta do artilheiro.

   – Fizemos um primeiro
   tempo muito ruim, as
   coisas não estavam
   dando certo. O time do
   Palmeiras começou a
   fazer os gols e, então,
   passou a nos
   desrespeitar. Não sou
   favorável a esse tipo de
   coisa no futebol, nunca fui. Aquilo nos motivou. Um jogador deles, no fim do primeiro tempo, viu um jogador nosso correndo e lhe disse: “esquece, já está 3 a 0. Essa nós já ganhamos.”

Difícil era achar quem pensasse diferente. Entretanto, pouco a pouco, o Vasco fez história. Aos 14 minutos do segundo tempo, JuninhoPaulista se jogou na área. Pênalti marcado pelo árbitro Márcio Resende de Freitas. Romário cobrou e descontou. Aos 25 minutos, Juninho foi derrubado e caiu novamente. Novo pênalti que o camisa 11 converteu.

– Depois que saiu o segundo gol, vimos que o que era quase impossível, na verdade era muito difícil. Quando fizemos o terceiro, percebemos, então, que não era tão complicado assim – lembrou Romário.

O empate saiu aos 41 minutos, com Juninho Paulista: 3 a 3. Para qualquer outro time, a disputa de pênaltis já estaria de ótimo tamanho. Não para aquele. Aos 47, Jorginho Paulista, Viola, Juninho Paulista e Romário, entre tropeços e lances de sorte, fizeram a jogada que nunca mais sairá da memória dos vascaínos. O milagre aconteceu. Amém.

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Como foi o vestiário após vocês terminarem o primeiro tempo perdendo por 3 a 0?

Todos estavam de cabeça baixa. Eurico Miranda (vice-presidente na época) disse que sabíamos jogar, mas que precisávamos ficar tranquilos para o segundo tempo. Disse que a responsabilidade de tudo era dele e aquilo acalmou a galera. Ainda teve a mexida do Joel, que deu certo. Ele viu o que estava errado e acertou o time, que foi outro no segundo tempo.

Por que você se sentiu menosprezado pelos jogadores do Palmeiras naquela partida?

Nosso time era muito bom, já tinha passado por situação semelhante, de ter colocado 3 a 0 no placar. E, mesmo assim, nunca desrespeitamos ninguém. Alguns jogadores deles mudaram a forma de jogar. Davam toques de letra, davam passes de efeito. Quando isso acontece, o homem lá de cima olha e diz: “Espera aí, vamos dar uma oportunidade para o outro lado para ver o que acontece.”

O Vasco, naquele ano, havia sido vice-campeão mundial, vicecampeão do Rio-São Paulo e também do Carioca. O que passou na cabeça de vocês quando viram 3 a 0 no placar no primeiro tempo?

O Vasco já vinha com uma sina de vice-campeão de finais anteriores, já havia até cantos da torcida sobre isso. Não podíamos deixar que aquilo acontecesse de novo. Acredito que isso possa ter preocupado a torcida, a diretoria. Mas isso não passou na cabeça dos jogadores. Tínhamos uma grande equipe. O melhor time do Brasil naquele momento era o Vasco.

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