quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Na despedida, Belluzzo afirma: 'Como dirigente de futebol, não dei certo'

Presidente palmeirense lamenta erros no seu mandato e fala sobre prejuízos: 'Só o tempo dirá se fui bom, razoável ou péssimo

Por Carlos Augusto Ferrari e Julyana Travaglia São Paulo
Luiz Gonzaga Belluzzo PalmeirasBelluzzo se despede da presidência do Palmeiras
(Foto: Carlos Augusto Ferrari / Globoesporte)
Nas suas últimas palavras como presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo lamentou os erros que cometeu como cartola. Momentos antes de se encaminhar para a eleição, na Academia de Futebol, o dirigente disse que falhou como mandatário do clube, mas que não se pode relacionar os seus tropeços no Alviverde com a sua carreira de economista.
- Talvez eu sinta falta de alguns incômodos. Não sei como vou reagir com uma vida tranquila. Não é fácil ser presidente para quem se entrega. O dia inteiro você está resolvendo problemas. É uma atividade que você é totalmente absorvido. Não sei como conseguia dar aula. Mas não tenho queixa.  Vi os jornais dizendo que foi o fiasco do economista, mas não tem nada a ver. Como economista não sou fiasco, mas como dirigente clube não eu dei certo, do ponto de vista das conquistas do futebol. O Palmeiras está construindo uma arena multiuso, que será a primeira do Brasil, e fico espantado de ver que as pessoas não conseguem antecipar o efeito disso para o clube. A valorização patrimonial vai ser grande, vai dar dinheiro ao Palmeiras - disse Belluzzo, que continuou...
- Fazendo uma avaliação, cometi muitos erros. Às vezes de avaliação até das pessoas porque o ambiente do futebol tem outro padrão moral. E me empenhei e dei alma na Arena. E vamos deixar esse legado, que não é pequeno. Profissionalizamos o financeiro do Palmeiras e o marketing. Se isso não tem importância, só o tempo dirá. O tempo vai dizer se fui um presidente bom, razoável ou péssimo.
O Palmeiras tem três alternativas para o cargo deixado pelo economista: Arnaldo Tirone, Salvador Hugo Palaia e Paulo Nobre, preferido do quase ex-presidente Belluzzo. Qualquer um que assuma o clube terá como maior desafio lidar com as dívidas que, segundo o mandatário, está na casa dos R$90 milhões, e a ânsia das arquibancadas por títulos.
- Quem se candidata à presidência do Palmeiras é uma pessoa que tem qualidade. Conheço bem o Nobre, o Tirone eu conheço desde menino e o Palaia, mas últimas semanas, pisou na bola e disse coisas inapropriadas sobre o Nobre. Isso que não pode acontecer em uma disputa. Eu nunca fiz um ataque pessoal ao Mustafá (Contursi, ex-presidente). Acho que isso deveria ser banido das disputas - afirmou.
Em recuperação de um problema no coração e ainda sofrendo com fortes dores no peito por causa de uma inflamação em um osso, Belluzzo falou dos prejuízos que teve na vida pessoal.
- Quando disse que não aceitaria (se presidente novamente) é porque tive perdas pessoais, nos negócios, na faculdade, para não falar na saúde. Esse prejuízo eu não enfrentaria de novo. Não tenho ressentimento. Mas o ônus que você carrega é muito pesado. Tem de sacrificar a família, minha atividade docente, como palestrante... Perdi dinheiro. Os pareceres que sempre faço, consegui manter alguns, mas diminuíram porque não tinha tempo. Mas ser presidente foi uma honra, uma realização importante, talvez o sonho do meu pai.

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