Entra em ação o Renato Gaúcho 'manager' no Grêmio

Técnico participa das negociações para contratação de reforços

Por Eduardo Cecconi Porto Alegre

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Renato passou o dia conversando com possíveis
reforços (Foto: Wesley Santos/Pressdigital)

Das 8h às 17h o técnico Renato Gaúcho manteve-se restrito aos gabinetes do vestiário principal do Estádio Olímpico, enquanto os jogadores treinavam em dois turnos no gramado suplementar. Mas ele não estava se protegendo da baixa temperatura e do vento constante que marcaram o início do inverno nesta quarta-feira em Porto Alegre. O treinador do Grêmio entabulava conversas com os dirigentes tricolores, em busca de reforços.
Renato Gaúcho age como os ‘managers’ europeus – técnicos que lideram o trabalho do departamento de futebol, como faz Sir Alex Ferguson no Manchester United, ou José Mourinho no Real Madrid. Durante nove horas ele fez contatos com jogadores, perguntou se eles se interessavam em defender o Grêmio, procurou informações sobre a conduta deles fora de campo, e passou aos dirigentes – principalmente ao assessor de futebol, César Cidade Dias – as informações.
- Hoje vocês talvez nem tenham imagens minhas no campo, porque estou desde às 8h no clube conversando com a diretoria sobre reforços. Sugeri vários nomes. Agora, eles têm de contratar. Os nomes eu coloquei, as posições eu coloquei. Jamais vou falar que o grupo está fechado. O grupo nunca se fecha (...) Hoje praticamente tirei o dia para ficar aqui dentro trocando ideias com a diretoria, principalmente com o César Dias. Fiz alguns contatos, passei nomes, e agora é com eles, porque amanhã volto para o campo. Espero que até quinta-feira no máximo tenhamos novidades, porque precisamos de novidades. Precisamos trazer jogadores, agora é com eles – afirmou.
Segundo Renato Gaúcho, entretanto, isso não se trata de um ultimato. Ele quer reforços, gostaria de receber novidades até quinta-feira, mas não quer pressionar os dirigentes:
- Quem sou eu para dar ultimato. Se eu der ultimato eles me mandam embora. Mas é a necessidade. Não dá mais para esperar, tem de se mexer. Está difícil para todo mundo. Quanto mais esperar, pior é. Falei que com este grupo podemos ficar entre os dez primeiros. Mas eu já penso como o torcedor, não me contento em ficar entre os dez.

Espero que até quinta-feira no máximo tenhamos novidades, porque precisamos de novidades. Precisamos trazer jogadores, agora é com eles"

Renato Gaúcho

O técnico do Grêmio não vê problemas em agir como uma espécie de ‘manager’ informal do clube, o técnico que vai além do planejamento tático, e participa das decisões do futebol.
- Esse estilo é meu, eu sempre procurei fazer isso. Teve vários jogadores que o Grêmio estava em dificuldade para trazer, eu telefonei, e resolveu rapidinho. Essa história que o treinador não deve se meter eu discordo. Deve se meter, sim. Até porque se o clube está trazendo um jogador que o treinador não quer, ele tem de dizer. O que vale é a palavra do treinador, até porque é a cabeça dele que está em jogo. Ele que vai saber se o jogador será importante para o esquema tático. Não vejo nada demais nisso (...) Eu dou as coisas mastigadinhas para a diretoria. Primeiro eu vejo com o jogador se ele está afim de jogar no Grêmio. Depois faço o levantamento do histórico dele, do comportamento dele. Aí entrego para a diretoria. O dinheiro é com eles. Eu dou os nomes. Se for necessário eu entro na parada. Ano passado entrei várias vezes – justificou.
Como o assunto era contratação, Renato Gaúcho aproveitou para descartar nomes especulados – como o do atacante colorado Rafael Sobis, ou o do meia argentino Cañete, do chileno Universidad Católica.
- O Rafael Sobis é um grande jogador, mas é do rival. Com todo respeito, não nos interessa, porque é jogador do Inter (...) As cinzas do vulcão trouxeram notícias a mais para vocês (risos). Vocês me conhecem: eu só falo do jogador quando assina contrato. E não adianta vir aqui falar a cada nome que vocês falam. Os nomes que nos interessam são nossos, são sigilosos, não saem daqui. Os nomes que têm saído aí não estão na nossa lista – concluiu.