sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No caminho do Brasil, Calipari se diz privilegiado e avisa: ‘Somos azarões’

Com prestígio nos EUA, técnico da República Dominicana elogia os colegas da Copa América; neste sábado, ele disputa com Magnano a vaga olímpica

Por Rodrigo Alves Direto de Mar del Plata, Argentina
Com a experiência de quem já levou três universidades americanas ao Final Four da NCAA, John Calipari mergulhou numa experiência de aprendizado com o basquete da América Latina. Aos 52 anos e com prestígio de sobra nos Estados Unidos, ele topou o desafio de comandar a República Dominicana e agora garante que vai levar para casa uma pesada bagagem de ensinamentos, só de observar os outros treinadores na Copa América. E inclui na lista de “professores” o argentino Rubén Magnano, seu rival de sábado, às 19h, no jogo mais importante da história do basquete dominicano. O fato de já ter derrubado o Brasil uma vez não ilude Calipari. Apesar da vitória na primeira fase, ele mantém o discurso de que o favoritismo está do outro lado da quadra.
John Calipari técnico República Dominicana Copa América de basquete (Foto: EFE)John Calipari em ação em Mar del Plata: humildade para aprender com os colegas (Foto: EFE)
- Somos os azarões, a pressão não está com a gente – afirmou o técnico, conversando com o GLOBOESPORTE.COM enquanto almoçava no refeitório do hotel das seleções em Mar del Plata.
GLOBOESPORTE.COM: Um dos seus jogadores, o armador Edgar Sosa, sofreu uma fratura exposta durante um jogo, a cena mais forte do campeonato até agora. O quanto esse momento foi devastador e como os seus atletas reagiram?
JOHN CALIPARI: Foi devastador para todo mundo, principalmente porque o momento foi tão emocionante que, na hora, parecia que ele nunca mais ia jogar. Depois soubemos que era uma lesão mais comum, mas só ficamos sabendo disso no dia seguinte. Não começamos bem o jogo do dia seguinte, mas depois melhoramos.
Vou levar para casa algumas coisas que vão tornar o meu time melhor. Alguns modos diferentes de defender, alguns esquemas diferentes. Aprendi muito com todos os técnicos daqui. Ver a Argentina jogar, ver o Brasil jogar, tudo é um privilégio, eu aprendo com cada um desses caras."
John Calipari, técnico da República Dominicana
Que avaliação você faz da equipe ao longo do torneio? Não exatamente os resultados, mas o modo como o time está se comportando.
Eu gosto. Sei como nós começamos. Hoje estamos jogando bem melhor do que há duas semanas. Estamos nos tornando um time. A paixão que eles têm mostrado deixa claro que isto é uma família. Estão falando mais, e nós estamos exigindo isso deles. Se você não marcar ninguém, não importa quem você seja, você vai sair do time.
No jogo da primeira fase contra o Brasil, vocês defenderam muito bem. E a República Dominicana nunca foi conhecida por ter uma defesa forte. Vencer o Brasil foi o seu ponto alto até agora?
O Brasil tem um grande esquema defensivo e sólidos princípios de ataque. Vencer essa seleção foi um grande feito. Mas fizemos outros bons jogos, não apenas esse.
Seu time tem um dos melhores jogadores do torneio, o pivô Al Horford, duas vezes All-Star da NBA. Como tem sido a tarefa de treiná-lo?Ele é uma das pessoas mais legais que eu já conheci. O jogo dele evoluiu aqui nesse torneio, e eu estou muito feliz sobre isso. É um All-Star. Ter a oportunidade de treiná-lo é fabuloso.
Você tem ensinado muito aos jogadores, mas imagino que também venha aprendendo muito. Que tipo de coisa vai levar como aprendizado para os Estados Unidos?Tem sido uma experiência inacreditável. Todos os técnicos aqui são muito bons. O do Uruguai, por exemplo, que está eliminado, fez coisas excelentes aqui. É claro que o Brasil também. Em Kentucky nós jogamos num estilo mais europeu, um pouco diferente das outras universidades. Vou levar para casa algumas coisas que vão tornar o meu time melhor. Alguns modos diferentes de defender, alguns esquemas diferentes. Aprendi muito com todos os técnicos daqui. Ver a Argentina jogar, ver o Brasil jogar, tudo é um privilégio, estou aprendendo com cada um desses caras.
John Calipari técnico República Dominicana Copa América de basquete (Foto: EFE)Calipari orienta seus jogadores no ginásio Ilhas
Malvinas durante uma partida (Foto: EFE)
Você já levou três universidades diferentes para o Final Four da NCAA...
E agora uma seleção da Fiba para o Final Four das Américas! (risos)
O que é mais complicado? Levar três universidades diferentes ao Final Four ou levar a República Dominicana para as Olimpíadas de Londres?
É uma missão muito difícil. A boa notícia é que essa missão se dá em apenas um dia, o sábado. Não são sete jogos. O que fizemos nos últimos 30 dias foi para estarmos prontos no sábado. É assim também na NCAA, você trabalha a temporada toda e decide tudo em um jogo. Eu já tive algum sucesso lá, mas já perdi também. Estamos aqui, mas não importa o que aconteça no sábado, somos os azarões. A pressão não está com a gente.
Mesmo já tendo vencido o Brasil uma vez na competição?
Peraí, nós somos a República Dominicana. Nunca estivemos em Olimpíadas. E mais que isso, nunca chegamos nesse estágio, nunca jogamos essa partida decisiva. Agora, é claro que temos um bom time, e temos bons jogadores que estão jogando de forma coletiva. Se nos comportarmos dessa maneira, temos uma chance. Não somos os favoritos, mas temos uma chance. Quando começamos tudo isso, o objetivo era chegar a esse ponto. Agora vamos torcer para que tenhamos treinado esse time bem o suficiente.
 

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