domingo, 30 de outubro de 2011

Bela do BMX recupera força e faz
de lembranças póstumas amuletos

Squel fez tatuagem em homenagem a amiga biker que morreu em acidente. Depois, morou 2 anos sozinha nos EUA e aprendeu inglês com Bob Esponja

Por Gabriele Lomba Direto de Guadalajara, México
Squel Saune Stein BMX no Pan de Guadalajara (Foto: Gabriele Lomba / Globoesporte.com)Squel tem o rosto de Yohanna tatuado
(Foto: Gabriele Lomba / Globoesporte.com)
Todas as vezes que põe sua bicicleta na linha de largada, Squel Stein faz uma oração em nome de Yohanna. Sua melhor amiga morreu em 2007, aos 17 anos, em um acidente em Santa Catarina. Também era biker. Para homenageá-la, fez uma tatuagem no ombro direito. E vai com ela em busca de uma medalha no BMX, nesta sexta-feira, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.

- Ela estava voltando de um treino, o sinal estava amarelo, e um caminhão a atingiu. Sete meses depois, o pai dela também morreu. Além do rosto dela, fiz duas estrelas, uma em cada punho, em homenagem a eles. Fiquei perdida, um ano em depressão. Quase perdi o ano no colégio. Minha mãe queria que eu fizesse psicólogo, mas só depois eu fiz - conta a biker de 20 anos.

Squel conseguiu recuperar as forças. Completou o colégio, mas se viu diante de uma encruzilhada. No Brasil, quase não tinha adversárias à altura. As competições eram poucas. A mãe, então, a apoiou a viajar aos Estados Unidos e adiar os planos de fazer faculdade.

Aos 18 anos, sozinha, arrumou as malas e foi a Orlando. Foram dois anos morando na casa de amigos e tomando trotes por não falar inglês direito. Voltou agora para os Jogos Pan-Americanos.

- Uma vez fomos a um restaurante mexicano e falaram para eu botar um molho na minha comida. Era muito picante. Não consegui comer o lanche.

E quem a ensinou a falar inglês?

- Eu adoro desenho animado. Via muito Bob Esponja, a manhã inteira. Foi meu professor de inglês nos EUA.

Squel só saiu de lá para vir ao Pan. Há duas semanas, porém, o ombro esquerdo deu um susto. Rompeu o ligamento clavicular ao despencar em uma corrida na Califórnia. O Pan passou a ser uma corrida contra o tempo. E venceu.

- Faço fisioterapia duas vezes por dia, sete dias por semana, para não competir aqui com dor.
Squel Saune Stein BMX no Pan de Guadalajara (Foto: Gabriele Lomba / Globoesporte.com)Squel aproveita o Pan para fazer novas amizades(Foto: Gabriele Lomba / Globoesporte.com)
Depois do Pan, ela voltará ao Brasil e ficará por lá até o fim do ano. Depois, terá de escolher entre permanecer ou voltar aos Estados Unidos. No próximo ano, as perspectivas são boas. Squel sonha integrar a seleção brasileira em um intercâmbio na Suíça.

- A equipe vai para a Suíça, onde há um centro olímpico. Isso seria muito bom, pois se aprende muito.
Amizade com as seleções de futebol na Vila
BMX no Pan Squel Stein (Foto: Gabriele Lomba / GLOBOESPORTE.COM)Squel posa com a bike na praça das bandeiras
(Foto: Gabriele Lomba / GLOBOESPORTE.COM)
Por enquanto, a menina que tanto preza a amizade tem aproveitado o Pan para aumentar sua lista de amigos. Os jogadores da seleção masculina de futebol entraram entre os preferidos.

- As meninas do futebol estão no quarto ao lado; os meninos, em cima. A gente sempre janta junto. Ontem vi o jogo deles e falei para, se estiverem de bobeira, aparecerem lá na bike.
Além das tatuagens para a amiga, Squel traz no corpo outras duas: os nomes dos pais. Alemão, Salesio Saune Squein queria pôr três "s" no nome da filha.

- Uma amiga da minha mãe se chamava Squel.

Outra superstição é o número 9, que sempre usa nas competições.

- Eu, minha mãe e minha bisavó nascemos no mesmo dia.

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