Categoria que revelou campeões da F-1 tem quarteto brasileiro em 2012

Felipe Fraga, Guilherme Silva, Gustavo Lima e Victor Franzoni disputam a Fórmula Renault Alps, uma das principais categorias de base da Europa

Por Alexander Grünwald São Paulo

Considerada uma das principais categorias de base do automobilismo, a Fórmula Renault já revelou diversos pilotos que hoje brilham na Fórmula 1. Entre os muitos torneios disputados pelo planeta (até o Brasil já teve seu campeonato, entre 2002 e 2006), o Italiano, o Britânico e o Europeu se destacaram na última década como os maiores celeiros de jovens talentos. A lista de campeões destes torneios inclui gente como Felipe Massa, Lewis Hamilton, Kimi Raikkonen, Pastor Maldonado e Kamui Kobayashi, que hoje competem na Fórmula 1. E no último fim de semana, quatro brasileiros estrearam na mais nova divisão desta categoria, a Fórmula Renault Alps.

Lima, Franzoni, Silva e Fraga: quarteto brasileiro na F-Renault Alps (Foto: Diederik van der Laan/ divulgação)

Entraram na pista Victor Franzoni e Guilherme Silva, egressos da Fórmula Futuro; Gustavo Lima, que disputará paralelamente este torneio em 2012; e Felipe Fraga, que conta com o apoio da divisão brasileira da empresa que levou Sebastian Vettel à Fórmula 1. Com 32 pilotos no grid, a Alps é fruto da unificação dos campeonatos Italiano e Suíço, e se mostra uma excelente opção de custo/benefício para quem quer dar as primeiras aceleradas rumo à F-1. Nela são disputadas sete rodadas duplas em cinco países diferentes: Itália, França, Bélgica, Áustria e Espanha. Os carros são iguais, equipados com motores de 215 cavalos de potência.
A primeira etapa desta temporada foi realizada no último fim de semana em Monza – um templo do esporte a motor em solo italiano, que recebe a Fórmula 1 há mais de seis décadas. O melhor brasileiro ao fim desta rodada inaugural foi Guilherme Silva, que usa o prêmio de campeão da Fórmula Futuro de 2011 para bancar sua primeira temporada completa no automobilismo internacional. Além da Alps, o mineiro de 17 anos vai disputar também a Eurocup, considerada o principal torneio da categoria, e que corre nas mesmas datas da World Series, uma das divisões de acesso da F-1.
- Depois de não ter conseguido uma boa tomada de tempo, me senti obrigado a fazer corridas de recuperação. Aproveitei ao máximo as situações de vácuo e cheguei a fazer quatro ultrapassagens em apenas uma volta. As corridas foram difíceis, pois a entrada do safety car nas duas provas deixou o meu tempo de pista realmente aberta ainda menor. Atingi meu objetivo inicial, que era o de chegar aos pontos, e saio de Monza com a sexta posição no campeonato – comemora Guilherme, que conseguiu um sétimo e um sexto lugares, mesmo tendo largado na última posição na prova de sábado.

Guilherme Silva foi o melhor brasileiro na etapa de Monza, na Itália (Foto: Sebastiaan Rozendaal/ divulgação)

Na F-Renault Alps, apenas um treino classificatório define o grid das duas corridas do fim de semana. Durante a sessão cronometrada, a melhor volta do piloto determina sua posição de largada na prova de sábado, enquanto a segunda melhor marca é considerada para formar o grid da prova de domingo. Um formato que exige concentração e consistência dos competidores, que ainda precisam economizar os pneus. Cada piloto tem direito a quatro jogos para todo o fim de semana de uma etapa.
Mais jovem piloto a vencer uma corrida oficial no Brasil em todos os tempos – recorde obtido na temporada passada da Fórmula Futuro, quando ainda tinha 15 anos –, Victor Franzoni surpreendeu ao marcar o terceiro melhor tempo nos treinos livres em Monza. No entanto, o paulista largou apenas em 19º lugar e acabou se envolvendo em um acidente múltiplo numa disputa por posição. Integrante do time que faturou o título italiano em 2011, ele tem seis companheiros de equipe, entre eles o líder do campeonato, o russo Daniil Kvyat.
- O tratamento é igual, tem muita gente trabalhando na equipe. E o mais importante é que a telemetria fica à disposição de todos. Não foi o começo que a gente imaginava, mas deu para aprender bastante. A partir da próxima etapa, vamos trabalhar com o objetivo de largar no máximo até a terceira fila – frisa o piloto, que ganhou o apelido de “Chicken Litle” quando ainda competia no kart.

Envolvido em um acidente, Victor Franzoni não completou sua prova de estreia (Foto: Divulgação)

Um dos companheiros de equipe de Franzoni é Gustavo Lima, que teve neste fim de semana sua primeira experiência com monopostos depois de apenas dois anos como kartista. Em 2012 o brasiliense de 15 anos (o mais jovem da categoria) disputará paralelamente a Fórmula Renault Alps na Europa e a Fórmula Futuro no Brasil. Após o acidente na prova de sábado, ele terminou a segunda corrida na 22ª posição.
- Como é minha primeira experiência no automobilismo, tenho que adquirir quilometragem suficiente para entender com precisão as reações do carro. Estamos muito satisfeitos com o resultado desse primeiro fim de semana da temporada. Foi minha estreia e, mesmo assim, consegui fazer várias ultrapassagens, adquiri bastante senso de corrida e aprendi muito – admite o estreante, orgulhoso por ter feito sua primeira prova numa pista histórica como Monza.

Gustavo Lima quer acumular quilometragem em sua estreia nos monopostos (Foto: Divulgação)

O quarteto brasileiro da categoria conta ainda com Felipe Fraga, de 16 anos. O tocantinense ingressou recentemente na divisão brasileira do programa de jovens pilotos da empresa que levou o alemão Sebastian Vettel à Fórmula 1, e que é dona da equipe RBR, atual bicampeã mundial. Além do contrato para disputar toda a temporada, ele ainda terá direito a cinco testes ao longo do ano na World Series, como preparação para seu próximo passo na carreira.
Nas duas corridas, ambas com duração de 25 minutos e mais uma volta, Felipe andou entre os primeiros colocados, mas abandonou por causa de toques em disputas por posição. O começo promissor, que incluiu um quinto lugar no grid da segunda prova, anima o competidor.
- É um carro super dificil de guiar, que escorrega bastante, principalmente nas curvas de alta velocidade, o que exige muito do piloto. Na segunda bateria já estava em terceiro lugar e me envolvi em um toque. Uma pena, mas fiquei feliz porque consegui ser muito rápido em um campeonato de nível altíssimo e com diferenças mínimas entre os carros. Vamos nos preparar bem e pensar no título da categoria no ano que vem - diz Felipe, pentacampeão brasileiro de kart, que em 2010 venceu uma seletiva nacional que lhe rendeu um prêmio de R$ 100 mil.

Apoiado pela dona da RBR, Felipe Fraga andou entre os primeiros na prova de estreia (Foto: Divulgação)