terça-feira, 29 de maio de 2012

Sem tradutor, japonês do Mauaense se vira sozinho para conseguir jogar

Clube da quarta divisão tenta imitar o Corinthians e 'importa' jogador do Oriente. Mas Zizao conta com estrutura. Ryomo não tem esse privilégio

Por GLOBOESPORTE.COM Mauá, SP
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O Oriente está em alta. O mundo todo está de olho no crescimento econômico dos países asiáticos. Em busca de bons negócios, o Corinthians foi logo ao maior mercado consumidor do planeta: a China. De lá, o Timão “importou” o atacante Zizao, que chegou com festa, teve apresentação temática, mas ainda não jogou, mas "virou tendência". O Grêmio Mauaense, que disputa a quarta divisão do Paulistão, resolveu copiar a jogada de marketing e contratou o japonês Ryomo Nishimura.
Ao contrário do que ocorre no Corinthians, o zagueiro nipônico, de apenas 18 anos, é titular do time do interior paulista. E Ryoma, apesar da evidente falta de habilidade, mostra firmeza: sabe cruzar, é bom de cabeça. Não é apenas nisso que ele se difere de Zizao. No que se refere à estrutura, há um abismo entre os dois.
– Não dá para nos comparar com o Corinthians. Estamos no Mauaense, na quarta divisão. O Corinthians deve ter psicólogo, nutricionista. Tudo ao lado do Zizao. Aqui, não - disse o técnico Souza.
Zizao circula sempre com um tradutor ao lado. Não passa aperto em São Paulo. Ryoma não tem esse privilégio. É obrigado a se virar sozinho para manter uma comunicação com o treinador e os outros jogadores.
– Tudo bem. Português? Pouquinho - disse Ryoma, com muita dificuldade.
Japonês do Mauense (Foto: Jair Pimentel/TV Globo)Ryomo Nishimura, o jogador japonês do Mauense (Foto: Jair Pimentel/TV Globo)
Ele foi generoso com o pouquinho. Ryoma não fala quase nada de português. E nem inglês. O diálogo dentro de campo é difícil. O zagueiro conta como seus companheiros tentam lhe passar instruções:
– Oh, japon, mais pequeno, aqui mais forte. Comunicación? Non...
E com o treinador é a mesma coisa.
– Aí fica na mímica. Tem de encostar, tem de marcar. Ele procura entender. Eu tenho gostado da produção dele.
Os companheiros também já encontraram um jeitinho para resolver esse problema.
– Conversa, não dá. Você tenta conversar com ele, fala alguma coisa. Ele dá risada e fala que entendeu, mas não entendeu nada. Tem de falar tudo de novo, mostrar direitinho – contou o volante Ícaro.
Japonês do Mauense (Foto: Jair Pimentel/TV Globo)Nishimura promete "comer a bola". Ou não.
(Foto: Jair Pimentel/TV Globo)
Histórias de desencontros não faltam. Os jogadores do Mauaense dizem que forçar uma conversa, às vezes, é perigoso, mas divertido.
– Teve um dia em que eu fui perguntar um negócio a ele e disse assim: "Você gosta?". Ele respondeu: "Você gostoso". Aí todo mundo começou a rir - disse o atacante Washington.
Ao menos com um companheiro, Ryoma consegue manter uma comunicação mínima. Diante da necessidade de orientar a defesa, o goleiro Max aprendeu japonês e sabe o básico.
– Durante o jogo, por exemplo, "maku Migui", "maku hidari", marca a direita, marca a esquerda. "Salle Kotikite": volta, vem. Assim, eu grito em japonês durante o jogo.

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