Audax vai à elite após campanhas sólidas e ajuda de ex-flamenguistas

Com seis anos de idade, clube de São João do Meriti tem boas colocações na Série B desde 2009. Léo Inácio e Nélio são figuras mais conhecidas

Por Fred Huber Rio de Janeiro

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Léo Inácio é o maior artilheiro da história do
Audax: 43 gols (Foto: Divulgação/Audax)

A inédita classificação do Audax Rio para a elite do Campeonato Carioca passa por campanhas consistentes e dois ex-flamenguistas. Léo Inácio, maior artilheiro da história do clube de São João do Meriti, veste o uniforme laranja há três anos. E nesta temporada ele teve a companhia de Nélio, que já foi visto como grande promessa na Gávea e está com 28 anos.
A ascensão do Audax foi se consolidando ao longo dos últimos anos. Em sua primeira participação profissional, em 2007, conquistou o título da Série C. Em 2010,  levantou a taça da Copa Rio e disputou a Quarta Divisão do Brasileiro - foi nesta época que trocou de nome, passando de Sendas para Audax (a matriz está em São Paulo).
Desde 2009, vem se mantendo entre os seis primeiros da Série B. No último sábado, conseguiu a vaga na Série A ao bater o São João da Barra, ficando atrás apenas do Quissamã na classificação.

DESEMPENHO DO AUDAX RIO
ANO	COLOCAÇÃO
2007	campeão da Série C
2008	11º colocado da Série B
2009	5º colocado da Série B
2010	6º colocado da Série B
2011	4º colocado da Série B
2012	2º colocado da Série B

 - Batemos na trave algumas vezes e agora conseguimos subir. Ficamos sempre entre os cinco primeiros. Ainda estamos na fase de comemoração da ida para Série A, mas vamos planejar tudo. Sabemos que nossa responsabilidade vai aumentar, e a competitividade também. Mas a perspectiva é a melhor possível. Temos que dar um "upgrade". Não queremos só fazer número - avisou o coordenador Michel Cravo.
Comparado a Zico na base rubro-negra, Nélio não viu sua carreira decolar. A chance de estar em uma grande vitrine em 2013 anima o jogador, que está satisfeito com as condições de trabalho que encontrou.
- O clube merecia ir para a Primeira Divisão. Nada mais justo. Até se compararmos com os grandes, não deve em nada na estrutura. Com os pequenos, nem se fala. Nosso time sempre foi superior, mas às vezes os campos ruins na Série B igualam os jogos. No ano que vem, estaremos na vitrine - afirmou Nélio, que tem contrato até o próximo 12 de dezembro, mas acha que ficará no clube. - Eu fiquei muito tempo fora do Rio, então para mim é uma satisfação especial. Se não subisse, poderia ficar marcado. Felizmente fiz muitas partidas boas.
Outro revelado nas divisões de base do Flamengo, Léo Inácio, de 35 anos, deve se aposentar antes de jogar a Primeira Divisão novamente. O que seduz o jogador agora é atuar na área de gestão. Em três anos no Audax, ele se tornou o principal artilheiro da história do clube, com 43 gols.

Nélio, aos 28 anos: "Clube não deve em nada
em estrutura" (Foto: Divulgação)

- A decisão ainda não está totalmente tomada, mas é quase certo de eu parar. Meu projeto era ajudar o clube a chegar à elite. Está na hora de abrir espaço para outros jogadores. Fiz um curso de gestão, estou estudando inglês e gostaria de trabalhar nesta área (dirigente). Se o clube me der uma oportunidade... Mas como treinador eu não tenho vontade, não.
O desafio do Audax agora é aumentar sua receita e tentar competir em melhores condições na elite. O clube tem como principal patrocinador uma rede de supermercados, mas o contrato não prevê o aumento da cota no caso da ida para Série A. A aposta é que a maior visibilidade atraia novos investidores, além de atletas.
- Precisamos aumentar o investimento como um todo, não apenas na folha salarial. Ainda vamos ver mais para frente como faremos. Não temos problemas com atraso de salário, e todos os atletas recebem benefícios completos. Aqui, o jogador só se preocupa em atuar no campo - disse o coordenador Michel Cravo.
Em sua origem, o Audax tinha um caráter mais social e dava ênfase às divisões de base. O clube, campeão carioca de juniores na Série B em 2009, orgulha-se de oferecer aos jovens boas condições - não só dentro de campo - de desenvolvimento na carreira. E já revelou alguns atletas que hoje estão em grandes clubes, como os zagueiros Rafael Donato, do Cruzeiro, e João Filipe, do São Paulo.

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- A primeira peneira chegou a ter 33 mil jogadores. Escolhemos 72. Começamos com estes atletas e fomos até o profissional. Aí demos um caráter mais de competição. Aqui, todos os garotos são obrigados a estudar e apresentar o boletim. Damos ajuda de custo e oferecemos aulas de inglês também - comenta o coordenador.
Apesar da estrutura que oferece a seus jogadores, o Audax não tem um estádio que possa receber partidas na Primeira Divisão, mesmo contra os pequenos. A diretoria ainda não tem uma definição de onde vai mandar seus jogos.
- Temos que conversar com a Federação e alguns clubes. Estamos analisando umas três ou quatro opções e vamos decidir em breve - disse Cravo.

Audax não poderá mandar partidas em seu estádio (Foto: Divulgação/Audax)

Estrutura do Audax é considerada uma das melhores do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação/Audax)