terça-feira, 11 de setembro de 2012


De olho em outro clube, Cristóvão diz: 'Vasco precisa de uma sacudida'

Treinador afirma que venda de jogadores prejudicou o time no Brasileirão e revela que pedido de demissão da Colina teve apoio de Ricardo Gomes

Por Mariana SalumRio de Janeiro
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Uma queda brusca e sem sinal de reação imediata. Esse foi o diagnóstico de Cristóvão Borges para pedir demissão do Vasco na tarde de segunda-feira. O ex-auxiliar ficou pouco mais de um ano no cargo após assumi-lo por causa do AVC sofrido por Ricardo Gomes. 

Cristóvão acredita que sua saída abrirá caminho para uma reformulação em São Januário. Em quarto lugar na tabela, com 39 pontos, o time chegou ao recorde de permanência no G-4 na era dos pontos corridos - 48 rodadas -, mas venceu apenas uma das últimas oito partidas no Brasileirão.
- Percebi que é um momento em que o Vasco precisa de uma sacudida e que a minha saída pode contribuir mais do que a permanência. Tivemos um decréscimo de rendimento no fim do primeiro turno, e não conseguimos mais os resultados. Em algumas oportunidades encontramos dificuldades e conseguimos solucioná-las. Em outras não, e isso estava acontecendo - disse o técnico em entrevista exclusiva ao "SporTV News".
Ao contrário do que disse na coletiva de despedida, quando afirmou que Ricardo Gomes foi contra a sua saída, Cristóvão contou que o antigo parceiro o apoiou.
- Liguei para o Ricardo Gomes, antes de anunciar meu desejo de deixar o Vasco, e ele me disse para eu pensar bem se era isso que queria fazer. Depois, disse para eu seguir minha intuição, foi isso que eu fiz - disse.
Cristóvão Borges deixou o Vasco por decisão própria após goleada para o Bahia (Foto: Mariana Salum)Cristóvão Borges deixou o Vasco por decisão própria após goleada para o Bahia (Foto: Mariana Salum)
O técnico deixa o clube após 78 partidas, com 41 vitórias, 18 empates e 19 derrotas. Na reta final, Cristovão Borges passou por momentos de pressão, lidando com protestos da torcida. Contudo, o treinador não considera a cobrança vinda das arquibancadas como negativa. Ele avalia que esse comportamento é normal quando se trata de um time grande, como é o caso do Vasco.
- (Os torcedores) são apaixonados, querem os resultados e, se isso não acontece, é normal protestarem. Sobretudo em um time de ponta como o Vasco. Acredito que a torcida é sim bastante exigente, mas não só comigo. Muitas vezes os protestos aconteceram com vitórias também - afirmou.
Na visão de Cristóvão, a venda de jogadores importantes no meio do ano afetou a capacidade do Vasco de manter o bom rendimento obtido no primeiro turno do Brasileirão. O Vasco perdeu Allan, Diego Souza, Rômulo e Fagner para clubes do exterior.
Ricardo Gomes e Cristovão Borges no treino do Vasco (Foto: Marcelo Sadio/Vasco.com.br)Borges diz ter tido apoio de Gomes em sua decisão
(Foto: Marcelo Sadio/Vasco.com.br)
- Perdemos jogadores experientes e importantes para o grupo. No início, conseguimos repor essas perdas que foram juntas e significativas e até conseguimos bons resultados, mas sabíamos que, em algum momento, isso seria sentido e foi o que aconteceu. Estávamos passando por um momento difícil, conturbado, de pressão e precisávamos fazer alguma coisa e entendi que a minha saída poderia sacudir, mudar isso - disse.
Após um ano e meio de trabalho na Colina, entre tempo como auxiliar e treinador, ele revelou um sentimento de orgulho por tudo o que fez no Vasco, afirmou que sempre teve apoio do presidente Roberto Dinamite - assim como da diretoria - e disse que deve muito aos jogadores. Apesar da despedida dolorosa,  pensa em comandar um próximo clube.
- Todo rompimento é triste, traumático. Com certeza quando acordar amanhã vou sentir um vazio. Mas acredito que essa minha experiência à frente do Vasco me credencia para treinar outra equipe. Não só tenho vontade, como tenho certeza de que vou comandar. Vou dar continuidade à minha carreira. Logo vou trabalhar em outro lugar, com certeza.
O Vasco enfrenta o Palmeiras, nesta quarta-feira, em São Januário, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time entra em campo sob comando de Gaúcho, treinador dos juniores do clube.

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