sábado, 16 de fevereiro de 2013

Com gol manezinho, Figueirense quebra tabu e vence o Avaí
Desde 2007, o Figueira não vencia o arquirrival no Orlando Scarpelli: o fez com tento do zagueiro Douglas, natural de Florianópolis
 
A CRÔNICA
por GLOBOESPORTE.COM
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Parecia um roteiro pronto, mas que a rivalidade e tradição não permitiam que se enxergasse. Natural de Florianópolis, o zagueiro Douglas sabe o quanto vale a vitória em um Figueirense x Avaí. A partir deste domingo, quando caminhar pelas ruas da cidade em que nasceu vai também sentir o que é ser um herói. Ele vestiu a camisa 4 do Figueirense, para o deleite da maioria dos 10.139 no Orlando Scarpelli. Porque foi dele o único gol do 1 a 0. Deu Figueira e foi um tabu de seis anos. Desde 14 de fevereiro de 2007 ou dava Avaí ou empate no estádio no bairro Estreito. Na noite deste sábado, pela sétima rodada do Campeonato Catarinense, não deu para os azurras. A festa foi preta e branca.
A casa, o campo e a partida foram alvinegras durante o primeiro tempo. Com jogadas agudas pelas laterais, principalmente pela direita, levava perigo em cruzamentos. Porém, a maioria deles apareciam nos pés de Marcelo Toscano e seu dia de pouca inspiração. Para sorte do Avaí, que mais se defendeu que atacou. No segundo tempo, com a entrada de Danilinho, o Figueirense elevou o volume, mas não mudou a estratégia. Tanto que furou a casca dura  que formavam os zagueiros Alef e Pablo e volante Rodrigo Thiesen. Douglas apareceu atrás dos defensores para botar a cabeça na bola, ela dentro do gol e Figueira na frente. Foi o único gol que ocorreria até o último apito de Célio Amorim.

O Figueirense dorme outra vez na liderança do Campeonato Catarinense, com 16 pontos e um a mais que a Chapecoense. Vai para novo confronto difícil no próximo final de semana. No próximo domingo, às 17h, viaja ao sul de Santa Catarina para o embate com o Criciúma – time que ‘herdou’ sua vaga na Série A do Brasileirão. O Avaí acumula a segunda derrota e fica com os mesmos oito pontos. Não sai da sexta colocação e nem de Florianópolis, porque no domingo, também às 17h, enfrenta o Metropolitano, na Ressacada.
Adriano Chuva do Avaí em lance com Douglas Silva do Figueirense (Foto: Cristiano Andujar / Agência Estado)Zagueiro Douglas impede projeções de Adriano Chuva e do Avaí. Não só isso, fez o gol da triunfo do Figueirense no Orlando Scarpelli (Foto: Cristiano Andujar / Agência Estado)
Incisivo sim, efetivo não
Ainda aos três minutos, o goleiro do Avaí comprovou que não podia dar bobeira. Afinal, clássicos se definem em pequenos momentos. Detalhes mínimos ganham proporções nababescas. Maylson cruzou, a bola bateu no gramado e no peito de Diego, antes de ir para fora. Teve sorte. Aos 12, quem seria assustado era o Figueirense. Na batida de escanteio na pequena área, Pablo levou a melhor por cima, contra Douglas, e conseguiu o desvio. Por pouco a bola não lambeu o poste. Passou pertinho. A partir deste momento, o panorama era um Avaí retraído quando os donos da casa detinham o couro nos pés.

O Figueirense avançava com lateral, volante e meia pelos lados e centravam na área. Teve mais êxito no lado direito, nas costas de Paulinho. Mas a dupla de zaga jovem, com Alef e Pablo, 19 e 21 anos, respectivamente, dava conta do recado. Cabeçadas e chutões para tudo quanto era lado. O expediente alvinegro também foi utilizado pelo Avaí. Aos 28, outro detalhe. Na batida de falta de Marquinhos para o meio da área, Ricardo se jogou e não encostou, Rodriguinho fechava para completar quando Marcelo Toscano saiu do ataque para virar zagueiro. De cabeça e para frente.

E o atacante alvinegro não pode reclamar que não teve chance de marcar, e não apenas salvar. Nas duas vezes que teve a bola e o gol na sua frente, judiou a moça branca. Primeiro, aos 29, Tinga cruzou da direita e o goleiro Diego só conseguiu desviar. Toscano, no segundo pau, mandou direto para o lado de fora das redes. Seis minutos depois, tentaria no voleio após novo cruzamento da direita. Ele se arrumou todo e mandou fraco, longe e alto. Aos 41, Toscano voltaria a ser defensor, mas igualmente sem sucesso. Pela direita, Arlan varou a área com o atacante na sua cola e mandou bala. Chute cruzado que Ricardo avançou para crescer e mandar a bola pela linha de fundo.
Douglas e Adriano Chuva disputam bola alta, em Figueirense x Avaí (Foto: Jamira Furlani / Avaí FC)Douglas em disputa com Adriano Chuva
(Foto: Jamira Furlani / Avaí FC)
De Florianópolis, em Florianópolis
Danilinho, no lugar de Felipe Nunes, foi a novidade do início do segundo tempo. Outra foi o Avaí usar da mesma 'manha' do rival. O cruzamento saiu da esquerda e foi caindo no segundo poste do Figuera. Eram cinco minutos, quando Marrone apareceu para escorar e o goleiro Ricardo para defender. Mas o Figueirense continuava em cima e chegaria um zagueiro para arrombar as redes e fazer festa de arromba no Orlando Scarpelli. Aos 12, Wellington Saci bateu falta lateral no miolo da grande área. Douglas foi ao encontro da bola e nem precisou fazer muito - nem saltar. Passou por todo mundo, menos pelo camisa 4. Quando enxergou a bola no fundo, correu para torcida. Ficou na cara que passou longe do manezinho o começo da carreira no time que passava a estar em desvantagem.

Foi embora a ansiedade do Figueirense em romper o zero. Sobrou ao Avaí correr atrás do placar. Não dava mais para esperar uma chance de troca de passes com aproximação na área. Aos 20 minutos, o volante e pé de obra Rodrigo Thiesen sacudiu os azrruas com uma paulada de fora. Cheio de efeito que quase foi gol feito. Passou perto do ângulo esquerdo. Ricardo voou e suspirou aliviado, deitado na grama, quando viu a bola se perder pelo fundo.

Aos 31 minutos, o Avaí teve duas chances reais para empatar a partida. Primeiro, Marquinhos penetrou na área e preferiu despencar dentro da área quando a marcação encostou. Na reposição, a defesa alvinegra se perdeu na saída de bola e ficou fácil para que o próprio camisa 10 avaiano tomasse o balão e tocasse no lado direito para Felipe Alves, que entrou no segundo tempo. O atacante percorreu a avenida com velocidade e só freou quando chegou na cara do gol. Ele estacionou e sonhou com a consagração. Mandou por cobertura. Cavadinha que encobriu Ricardo, a trave, as redes e o que mais fosse possível.

O Avaí passou a ser engolido pela ansiedade. Os chutes de fora da área viraram o único recurso. Bastava um pouco de terreno para mandar de olhos fechados. Mas o Figueirense teve corpo fechado até os acréscimos. Douglas viraria ainda mais herói. Em um confusão na área, ele estaria com um pé sobre a linha, sob os ferros para tirar o rebote de Rodrigo Thiesen e depois de Marquinhos. O placar estava fechado. Fadado ao Figueirense defenestrar um tabu de seis anos com gol de quem sabe o valor de ser herói de um derby em Florianópolis.
 

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