terça-feira, 25 de junho de 2013

Xodó de Felipão e de BH, Bernard tinha genética para ser 14cm mais alto

Meia-atacante de 1,63m fez tratamento para crescer na adolescência, mas, segundo médico que o atendeu, nem sequer se aproximou de seu potencial

Por Alexandre Lozetti Belo Horizonte, MG
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Bernard jogou só alguns minutos na Copa das Confederações, mas se tornou o maior xodó de Luiz Felipe Scolari no grupo. Aos 20 anos, ele conquistou o técnico pela “alegria nas pernas”. Também é adorado pela parte alvinegra de Belo Horizonte, já que é protagonista na campanha do Atlético-MG, que  está na semifinal da Libertadores. E tudo isso com apenas 1,63m.
Na adolescência, Bernard foi rejeitado em categorias de base, inclusive do Galo, por ser excessivamente franzino. Para conseguir jogar futebol, fez tratamento de crescimento, mas segundo o endocrinologista Maximo Pirfo, nem assim ele se aproximou da altura que poderia ter de acordo com seu potencial genético.
Fernando Bernard e Lucas treino Brasil BH (Foto: Getty Images)Bernard é abraçado por Fernando (E) e Lucas (D) durante o treinamento desta terça-feira (Foto: Getty Images)
- Na base, eu tive um momento difícil. Fui dispensado duas vezes, mas olharam novamente a minha situação e pediram para eu voltar ao Atlético-MG. Agora são só brincadeiras. Passei muitas dificuldades, mas nada que tenha feito eu desistir do meu sonho de ser jogador de futebol - disse Bernard.
Pirfo recebeu Bernard duas vezes em seu consultório: em abril de 2007, quando o menino tinha 14 anos, e em setembro daquele ano, logo após completar seu 15º aniversário. Nesse intervalo de cinco meses, o futuro jogador da Seleção cresceu quatro centímetros e engordou cinco quilos. Tudo à base de pão, arroz, feijão...
- O carboidrato era 70% da refeição. Ele comia dois pães pela manhã, e a proteína também era à parte. O cardápio básico dele tinha cálcio, vitaminas, quatro porções de leite e derivados. Foi uma dieta hipercalórica - explica Pirfo.
Além da alimentação, Bernard utilizava enzima B12. Segundo o endocrinologista, é um anabolizante não hormonal, derivado da vitamina B. Mesmo assim, ele é o jogador mais baixo a vestir a camisa da seleção brasileira. Longe do seu potencial genético.
O médico afirmou que considerando as alturas de seus pais, o atacante poderia ter chegado a 1,77m, 14 centímetros a mais do que possui hoje. Na época da consulta, foi feita uma estimativa levando em conta o que os especialistas chamam de idade óssea, que se estabiliza por volta dos 18 ou 19 anos, e permanece inalterada até o fim da vida.
Nela, a expectativa já era inferior a 1,77m, mas, ainda assim, maior do que o que foi atingido.
- Na ocasião, a estimativa do Bernard girava em torno de 1,68m (altura do atacante Romário, por exemplo). Eu faço um tratamento para que os jovens possam atingir o padrão máximo dele, não mais do que isso. Muitas vezes você investiga o porquê de ele estar perdendo cinco ou seis centímetros, mas não consegue um diagnóstico.
Bernard treino Brasil BH (Foto: Marcos Ribolli)Auxiliado por Hernanes, Bernard faz alongamento no gramado do Mineirão durante treino (Foto: Marcos Ribolli)
Um dos possíveis motivos para que Bernard não tenha concluído o desenvolvimento foi a interrupção do acompanhamento médico. Pirfo diz que depois da segunda consulta, ele não voltou mais. O tratamento era caro. Sem apoio de clubes, o pai de Bernard calcula que tenha investido entre 30 e 40 mil reais, entre medicamentos, consultas, uniformes, deslocamentos. Enfim, tudo que o filho necessitava para conseguir engrenar no futebol.
Mesmo com apenas cinco meses, o prontuário do jogador aponta evolução significativa na resistência ao cansaço e no nível de energia após os medicamentos e a dieta. À distância, Pirfo torce pelo sucesso do paciente, e não acha que seu tamanho pode ser empecilho para o sucesso.
- Com trabalhos específicos de fisiologia aliados à habilidade que ele tem, não acredito que isso possa atrapalhar.

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