'Não pise na escada': novos estádios criam modalidade de cartão amarelo
Construídos para casos de emergências, degraus estão servindo para levar jogadores à torcida nas comemorações de gol
402 comentários
Desde que a norma passou a vigorar, ela já foi infringida por três jogadores: o rubro-negro Elias, no Flamengo 1 x 1 Botafogo, o alvirrubro Derley, em Náutico 3 x 0 Internacional, e o cruzeirense Vinícius Araújo por Cruzeiro 3 x 0 Náutico (veja no vídeo acima). O jogador celeste foi o único que escapou da punição do árbitro na ocasião, pela 7ª rodada do Brasileirão. Na última segunda-feira, o volante flamenguista reclamou publicamente do cartão que recebeu ao cair nos braços do povo após marcar no último minuto o gol de empate do clássico no Maracanã. Ele criticou o futebol nacional ao dizer que "está ficando chato" e usou como exemplo os campeonatos europeus, onde comemoração de atletas com os torcedores é habitual nos estádios, especialmente na Inglaterra. Mas na visão da comissão de arbitragem brasileira, o uso das escadas é visto como uma ameaça à segurança.
- É uma questão de risco para o jogador e o torcedor. Pode desencadear algum dano físico, algum acidente, é como se subisse num alambrado. Claro que tem a parte emotiva, de conseguir um êxito maior, mas é questão de precaução e prevenção e está na regra do jogo - explicou Antônio Pereira da Silva, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.
Elias some no meio de jogadores e torcida durante a comemoração (Foto: Cezar Loureiro / Agência o Globo)
- Não é só para ele (autor do gol). Pela lei, era para punir todo mundo que subisse. O raciocínio é o mesmo, subir dez toma dez cartões. Mas dar dez cartões ninguém dá (risos). Na hora da emoção é difícil ficar pensando, mas a lei é bem clara nisso. É uma providência que poderia ser tomada pelos estádios, usar cordinhas, um segurança contendo...
Veto às escadas consta no item 12 do ofício da CA-CBF, na página quatro do documento (Foto: Reprodução)
Pelas Séries A e B do Brasileiro, os seis estádios já foram utilizados
em 16 jogos ao todo, e nesta rodada mais seis times voltam a campo nos
reformados palcos: Fluminense x Cruzeiro e Botafogo x Vitória no
Maracanã, além de Bahia x Flamengo na Fonte Nova. Apesar dos recentes
casos de infração à norma, o presidente da comissão de arbitragem não
teme que a comemoração junto à torcida vira um hábito nas novas arenas.
Mas pediu um esforço para conscientização dos jogadores ao invés de
tentar proteger as escadas com seguranças.- Essas novas arenas têm esse aspecto, mas foram poucas (comemoração com a torcida). Três, né? É preciso controlar e educar, ter uma consciência coletiva. Não tem como mensurar que um agente vai ter o alcance para evitar essa questão - observou.
Maracanã, a exceção à regra
Se na prática não tem diferença, na teoria há. Questionado sobre o assunto, o presidente da comissão de arbitragem reconheceu que Fred não poderia ser punido com cartão amarelo pela comemoração. O ofício enviado aos clubes não previu essa possibilidade. Se não está escrito, os juízes ficarão reféns quando os jogadores forem para junto do público nas laterais do campo do Maracanã.
- Ele ali só se aproximou da mureta, não utilizou as escadas, não houve questão de subir. São questões a calhar - admitiu Antônio Pereira da Silva.
Maracanã
(topo) é o único estádio que tem a torcida no mesmo nível do gramado
nas laterais. Arena Pernambuco (esq.) e Mané Garrincha (dir.) contam com
escadas nos lados do campo. Mineirão, Castelão
e Fonte Nova, além dos degraus, possuem um fosso separando o palco da torcida (Foto: Editoria de Arte)
e Fonte Nova, além dos degraus, possuem um fosso separando o palco da torcida (Foto: Editoria de Arte)
Nenhum comentário:
Postar um comentário