quinta-feira, 16 de outubro de 2014

"Adoraria dar boas-vindas ao Lesnar em seu retorno ao UFC", diz Frank Mir

Peso-pesado participou de um evento de corrida aérea em Las Vegas no fim de semana e fez um balanço da carreira

Por Las Vegas, EUA
No último fim de semana, a cidade de Las Vegas, nos EUA, sediou uma das etapas da Red Bull Air Race, uma série internacional de corridas aéreas com a participação de pilotos super habilidosos que competem contra o relógio pelo título de o mais rápido do mundo. A convite do Combate e do Combate.com, o peso-pesado do UFC, Frank Mir, que é fã de esportes radicais, foi conhecer os bastidores do evento, e participou de um desafio: acompanhar o piloto Lukasz Czepiela em um vôo pelo Las Vegas Motor Speedway a 444 quilômetros por hora e com direito a diversas manobras radicais.
Frank Mir visita os bastidores da× Race em Las Vegas (Foto: Evelyn Rodrigues)
Mir não só cumpriu o desafio, como tirou de letra. Apesar do nervosismo aparente (confira na galeria de fotos), ele demonstrou bom humor, brincou com o piloto e até levou os filhos Isabella e Kage para acompanharem sua aventura. Durante a sua passagem pelo evento, o atleta também falou de seus planos para o futuro e afirmou que gostaria de dar as boas-vindas a Brock Lesnar, caso o ex-campeão peso-pesado resolva mesmo voltar ao UFC. Novos boatos sobre um possível retorno de Lesnar surgiram na semana passada, depois que o presidente do Ultimate, Dana White, disse que o atleta estava em boa forma física e que gostaria de vê-lo de volta ao octógono. Lesnar e Mir já se enfrentaram duas vezes, com uma vitória para cada lado, em uma das maiores rivalidades do Ultimate até os dias de hoje.
- Se o Lesnar voltar, acho que será bom para o MMA. Ele ainda é popular, as pessoas ainda sabem quem ele é e isso traz mais atenção. Eu e ele temos uma vitória cada nas vezes que nos enfrentamos. Uma nova luta entre nós seria muito bem-vinda. Adoraria dar as boas-vindas a ele no UFC - declarou.
Sem lutar desde fevereiro de 2014, quando foi derrotado por Alistair Overeem no UFC 169, o americano, nascido e criado em Las Vegas, afirmou que quer voltar a pisar no octógono em janeiro ou fevereiro. Ele estava cogitando enfrentar Rodrigo Minotauro em uma possível luta de despedida do líder da Team Nogueira no Brasil, mas agora teme que a recuperação do rival leve mais tempo do que gostaria de esperar. O peso-pesado brasileiro se recupera de uma lesão no joelho, sofrida antes de enfrentar Roy Nelson nos Emirados Árabes.
- O Minotauro quer fazer a sua última luta. Se ele se recuperar logo e não me fizer esperar muito, eu ficarei muito feliz em enfrentá-lo. Mas estão dizendo que ele só deve voltar a lutar no meio do semestre que vem. É difícil saber ou falar de um lutador, porque eu não sei como são as suas lesões, como está a recuperação, mas se eu esperar muito, fica difícil manter o ritmo.
frank mir ufc Las Vegas da Red Bull Air Race (Foto: Evelyn Rodrigues)Frank Mir faz a tradicional "encarada" com o piloto
Kirby Chambliss (Foto: Evelyn Rodrigues)
Mir também relembrou algumas das principais lutas de sua carreira, falou do carinho pelo Brasil e até de Anderson Silva. O americano se disse surpreso com o rápido retorno do ex-campeão dos médios ao octógono, principalmente pelo tipo de lesão sofrida, uma fratura na fíbula e na tíbia da perna esquerda. Ele até recordou uma fase difícil de sua carreira para explicar os motivos de sua surpresa com a rápida recuperação de Spider: em 2004, Mir sofreu um acidente de moto no qual quebrou o fêmur e rompeu os ligamentos do joelho. Na época, a sua recuperação foi tão difícil, que ele quase desistiu da carreira de lutador.
- Eu estava em casa assistindo às lutas naquele dia e a fratura do× Anderson foi uma fratura muito feia. Eu odeio ver fraturas de tíbia, eu acho que reagi como todo mundo. É difícil de assistir. Mas quanto ao× Anderson estar voltando, eu acho que é duro, mas possível. Quando eu quebrei a perna, não foi durante uma luta e foi difícil para mim voltar a chutar. Eu ficava muito nervoso, porque o meu cérebro ainda relembrava a dor. O desafio mental é o mais difícil. Ouvi que o Anderson está vendo um psicólogo e acho que ele é inteligente de fazer isso. O osso vai sarar e vai ficar ainda mais forte, mas a sua cabeça é o problema. Quando você vai chutar, ainda que você pense, "Eu vou fazer isso", lá no fundo da sua mente há um animal dizendo: "Não faça isso, pois você se lembra do que aconteceu na última vez que você fez isso." É um grande desafio para ele superar, e eu espero que ele consiga.
+GALERIA DE FOTOS: Frank Mir visita a Air Race
Confira a entrevista na íntegra, dividida por tópicos:
Sobre o desafio de voar a 444 km/h com um piloto fazendo manobras radicais
- É com certeza o menor avião no qual eu já entrei (risos). Eu fiquei com um pouco de medo, dá aquele mesmo frio na barriga de quando estou para entrar no octógono, mas é uma experiência indescritível. Impossível comparar com qualquer momento que já vivi.
Recente viagem ao Brasil
- Foi muito bom. Todo mundo lá foi muito acolhedor. É engraçado, porque eu tenho vários amigos aqui nos EUA que acharam que eu teria problemas lá, por conta das diferentes lutas que eu já fiz contra campeões brasileiros. Mas esse não foi o caso. Todo mundo foi muito legal comigo. Se alguém lá não gostava de mim, não disse nada. Ganhei bastante atenção das pessoas, todo mundo queria foto, tenho grandes fãs no Brasil.
Quer lutar no Brasil?
- O Brasil é um daqueles países com grande influência no MMA. Brasil e Japão são dois países nos quais eu gostaria de lutar.
Sobre não lutar desde fevereiro
- Eu tirei um tempo para ter certeza de que o meu corpo estaria 100% novamente. Agora eu estou treinando com treinadores diferentes, tentei olhar para todas as alternativas que eu tenho. Estou tentando manter meu corpo saudável. É isso que acontece quando você fica mais velho, você precisa se lembrar que não se trata mais de treinar duro, e sim de treinar de forma inteligente. Seu corpo precisa estar saudável, porque, quando não está, é difícil de lutar.
Principal rival de sua carreira
- Acho que é provavelmente um empate entre o Rodrigo Minotauro e o Brock Lesnar. Eu e o Minotauro fomos treinadores do TUF e eu tive as vitórias sobre ele. Com o Lesnar há uma vitória para cada lado…A única coisa é que com o Rodrigo, nós somos muito competitivos quando nos enfrentamos, mas longe do octógono eu realmente não tenho nada para falar dele. Gosto dele como pessoa, então, às vezes, eu acho que isso pode tornar uma rivalidade difícil para os fãs entenderem. Porém, quando nós competimos, eu quero derrotá-lo sempre. As pessoas acham que, quando você tem um rival, você precisa falar do cara sempre. Esse é o caso com o Brock, pois eu não gosto dele como pessoa, mas quanto ao Minotauro, é diferente.
Frank Mir vê Rodrigo Minotauro (dir.) como um de seus maiores rivais na carreira (Foto: Reprodução)
O que acha do Minotauro
- Minotauro teve uma tremenda carreira, é uma lenda do nosso esporte, tem um grande coração de campeão, foi o número 1 do mundo por muito tempo enquanto lutava no× Pride. O que o fazia atrair tanto público, principalmente se você acompanhar a sua carreira mais para frente, é que ele protagonizou verdadeiras guerras e nunca, jamais desistiu. Ele só tem muitos quilômetros em seu corpo e passou por muitas lesões, acho que isso provavelmente prejudicou sua carreira. Eu não acho que ele esteja velho, mas acredito que esteja fazendo muitas lutas duras contra caras muito duros.
Velásquez x Werdum
- Acho que a luta entre o Fabricio Werdum e o Cain Velásquez será muito boa. Eu ouço as pessoas falando que o Cain é o campeão e não dando muita chance ao Werdum, mas ele luta muito bem em pé. Ouço as pessoas dizerem que ele melhorou, mas na verdade ele é bom em pé. Vocês viram a luta dele contra o Travis Browne, que é bem alto, é um bom trocador e veja como o Fabricio o nocauteou naquela luta (Nota da redação: na verdade, Werdum venceu a luta na decisão dos juízes laterais). As suas combinações são muito boas e, claro, no chão, se o Velásquez o quedar, ele terá problemas. Werdum estrangulou o Fedor (Emelianenko), ele tem o melhor jiu-jítsu na divisão dos pesos-pesados do UFC. Então eu acredito que será uma luta muito interessante para o Cain, pois eu consigo vê-lo tendo que usar o kickboxing contra o Werdum e, no chão, ele pode ter problemas. Mas o Cain Velásquez é um atleta muito bem preparado, ele pode continuar indo para cima. Certamente vai ser uma luta muito empolgante.
A paixão pelo jiu-jítsu e a relação com o Brasil
- O jiu-jítsu tem uma grande influência no meu estilo de lutar. Eu vivi por um tempo com um dos treinadores que me deu a faixa preta, o Ricardo Pires, então eu não tenho nenhuma animosidade com relação ao× Brasil. Algumas vezes, as pessoas fazem essa coisa de EUA x Brasil e isso me irrita. Para mim, MMA não deveria ser país contra país. Se isso vende ingressos e deixa as pessoas interessadas, tudo bem, mas não é a minha coisa favorita. Eu tenho muito carinho pelo× Brasil. Eu gosto da cultura, é um dos meus países favoritos para se visitar.
Luta mais marcante da carreira
- A segunda luta contra o Minotauro… É a minha luta favorita. Foi uma luta na qual eu fiquei muito perto de perder e eu consegui superar a adversidade e vencer no final. Muitas vezes qualquer um entra lá e consegue ter um bom dia, eu tive um dia ruim e ainda assim venci.
O momento em que quebrou o braço de× Minotauro no UFC 140
- Basicamente ele foi para o estrangulamento e eu escapei. Eu acabei por cima dele por um segundo, depois de fazer a transição da posição norte-sul. Se eu tivesse apenas treinado jiu-jítsu, eu não teria percebido, mas como eu passei a treinar muito wrestling, eu percebi que, quando ele fez a transição, ele manteve os pés no chão. Quando ele pegou o meu braço e olhou para as minhas costas, ele não levantou o seu traseiro, o que é uma coisa muito ruim no wrestling para ele, mas no jiu-jítsu você não saberia. Quando ele fez isso, eu agarrei o seu braço e, assim que eu consegui, nós começamos a rolar. Com a minha força e a minha técnica, quando eu começo a me movimentar em uma área, eu sei quando fechei a posição. Comecei a colocar pressão e achei que ele era muito flexível. É por isso que eu começo a olhar para o árbitro esperando que ele fosse parar a luta, pois assim eu não precisaria continuar pressionando. Eu acho que não fui devagar o suficiente, mas o braço dele pareceu estranho. Estava muito flexível e aí…Vocês sabem. Na hora, eu achei que tinha deslocado o braço. Eu não sabia que tinha quebrado. Senti como se tivesse deslocado. Quando cheguei em casa, os amigos da minha mulher tinham gravado a luta e acabei assistindo ao duelo com eles. Quando o braço do× Minotauro estala, eu não conseguia assistir. Meus amigos perguntaram o motivo de eu não conseguir assistir, sendo que eu tinha feito aquilo com o braço dele. Eu respondi: "Ah eu lembro disso de forma diferente agora. Ele estava me batendo na cara ali na hora. Agora, que estou na sala de casa, não me parece tão legal de ver."
Assiste de novo às suas próprias lutas?
- Eu tenho dificuldade em ver lutas.  Se eu assisto de novo, é porque eu chego em casa e a família está assistindo. Mas, se eu estou no bar ou em algum lugar e uma luta minha está passando na TV, eu vou para o banheiro, saio do ambiente.

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