domingo, 29 de dezembro de 2019

Por Marcelo Barone — Rio de Janeiro
 

O excesso de confiança custou caro a Ketlen Vieira, nocauteada por Irene Aldana, no fim do primeiro round, no UFC 245, realizado no dia 14, em Las Vegas (EUA). Faixa-preta de jiu-jítsu, a manauara sentiu-se tão confortável na trocação diante de uma atleta especialista em boxe, que optou por não seguir a estratégia de seu treinador, Dedé Pederneiras, que pedia que ela levasse o confronto para o solo, onde é superior à mexicana.
Em entrevista ao Combate.com, Ketlen Vieira, que está de férias em Manaus, admite que deveria ter confiado menos na trocação e escutado a ordem do técnico, que a orientava da beira do octógono. Ela, no entanto, conta que viu Aldana assustada e, sendo assim, persistiu no jogo em pé.
Ketlen Vieira sofreu o nocaute no fim do primeiro round contra Irene Aldana — Foto: Getty ImagesKetlen Vieira sofreu o nocaute no fim do primeiro round contra Irene Aldana — Foto: Getty Images
Ketlen Vieira sofreu o nocaute no fim do primeiro round contra Irene Aldana — Foto: Getty Images
- Eu me senti tão confortável em pé, conectando bem mais golpes do que ela... Eu não senti potência e velocidade nos golpes dela. O Dedé me pediu para clinchar, mas eu estava tão confiante... Eu o ouvi, mas ela estava tão assustada, que não senti necessidade de agarrar. O excesso de confiança foi um dos meus erros, deveria ter levado a luta para a minha zona de conforto. Fui trocar, porque no segundo round, ela iria achar que eu continuaria trocando, mas a colocaria no chão. Faltou um pouco de malandragem. Queria tanto buscar a vitória que acabei errando. Eu entrei com um cruzado, baixei a guarda, e ela me acertou no queixo. Não tem atleta que resista quando acerta no queixo. Caí meio ligada, mas ela estava perto, acertou mais dois socos no queixo e foi fim de luta.
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Melhores momentos de Ketlen Vieira x Irene Aldana no UFC 245
Ketlen afirma que fica a lição de escutar mais a voz dos treinadores que, por estarem do lado externo do cage, conseguem fazer uma leitura diferente. Derrotada pela primeira vez na carreira, ela conta que lidou bem com o revés - só lamentou ver o sofrimento de sua mãe e de sua esposa com o desfecho do duelo.
- Na minha cabeça, a Aldana não me venceu, eu perdi para ela, perdi para mim. Estava vendo o medo na cara dela e passei do ponto. Deveria ter ouvido o córner, que vê o que não vemos. Esse foi o maior erro, passei do ponto. Ela estava perdida em pé, então, se eu levasse a luta para o chão, ela ficaria mais assustada e me daria brecha (para finalizar). A derrota nunca foi um peso para mim, a derrota acontece em qualquer esporte, eu encarei numa boa. O que me deixou triste foi ver o sofrimento de pessoas que eu amo, como minha esposa e minha mãe. O MMA é isso, em questão de segundos, o jogo muda. Minha mãe me ligou totalmente arrasada, acho que qualquer mãe que visse a filha perdendo desse jeito, ficaria assim. Isso me magoou, mas voltarei mais forte.
Ketlen Vieira deixa o cage amparada por seu técnico, Dedé Pederneiras — Foto: Getty ImagesKetlen Vieira deixa o cage amparada por seu técnico, Dedé Pederneiras — Foto: Getty Images
Ketlen Vieira deixa o cage amparada por seu técnico, Dedé Pederneiras — Foto: Getty Images
A expectativa de Ketlen Vieira é retornar aos treinamentos na academia Nova União, no Rio de Janeiro, no fim do próximo mês. Por ter ficado mais de um ano fora de ação para se recuperar de cirurgias no joelho, a faixa-preta projeta três lutas em 2020 - a primeira delas em maio.
- Estou totalmente curada da lesão, não pensei no meu joelho em nenhum momento durante a luta. Demorei a voltar para não me preocupar. Eu quero lutar, no mínimo, três vezes no ano que vem para embalar de novo. Nunca me senti tão bem fisicamente, no gás, tenho evoluído a cada luta. Voltarei mais forte e madura ao octógono. Quero lutar em maio, seria uma boa data. Não tenho ninguém em mente, nunca fui de escolher, só quero fazer o meu trabalho.

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