domingo, 7 de novembro de 2010

Aquecimento, apoio, maçã e expulsão na rotina de quem não é relacionada

À beira da quadra, Carol e Camila exercem função importante: a de motivar as companheiras da seleção brasileira durante os jogos do Mundial do Japão

Por Mariana Kneipp Direto de Nagoya, Japão
Carol Gattaz e Camila Brait na partida do Brasil de vôlei Carol Gattaz e Camila Brait à beira da quadra
(Foto: Mariana Kneipp / GLOBOESPORTE.COM)
Todo dia elas fazem tudo sempre igual. Chegam ao ginásio, aquecem com o time e seguem para suas cadeiras, junto à comissão técnica, à beira da quadra, para ver mais um jogo da seleção brasileira no Mundial do Japão. Neste domingo, porém, Carol Gattaz e Camila Brait tiveram de sair dali depois do segundo set contra Cuba. Não relacionadas para a partida, elas não se importaram. Levaram suas maçãs para a arquibancada e voltaram à missão: incentivar as companheiras.

- Não sei o que aconteceu hoje. É um dirigente que não vai muito com a nossa cara, que resolveu mudar as regras. A gente sempre ficou sentada ali atrás, assim como todas as seleções fazem. Disseram até que se a gente não saísse ia ganhar cartão amarelo, olha isso?! Mas na terça vamos voltar ao nosso lugar. Vamos ver se isso vai se repetir – disse Carol, indignada.

A intromissão dos funcionários da organização interrompeu a interação da central e da líbero com as jogadoras em quadra. Nos últimos dias, no entanto, o que se pôde ver foi um encontro de gerações e perfis nas duas cadeiras que ficam em frente à mesa da imprensa. De um lado, Carol: tensa, preocupada com cada detalhe, mais experiente. Do outro, Camila: estreante em Mundiais, com uma personalidade brincalhona e dona de uma capacidade enorme de incentivar a equipe através de palmas.

- É muito bom assistir ao jogo com a Brait porque ela tem um jeito tão simples e engraçado que alivia a minha tensão. Ela fala alguma besteira, brinca com alguma coisa e me deixa mais tranquila - conta Carol.

A libero confirma que tenta deixar o clima menos tenso durante a partida. Para ela, passar alegria e vibração para quem está em quadra é uma das funções mais importantes.

- O que sei fazer de melhor ali fora é bater palmas e gritar (risos). A gente fala com elas o tempo todo, brinca com a torcida. Participa mesmo do jogo. Eu não me importo de ficar ali. Já foi uma grande surpresa ter vindo para o Mundial. Agora que mudou a regra, e deixaram vir duas líberos. Então, estar aqui já é um presentão. Sabia que não tinha muitas chances de jogar. Mas ainda consegui entrar no primeiro jogo. Estou no lucro! - contou Camila.

Companheira inseparável: a maçã
Carol Gattaz e Camila Brait na partida do Brasil de vôlei na arquibancadaCarol e Camila têm que ir para a arquibancada
(Foto: Mariana Kneipp / GLOBOESPORTE.COM)
Além da comissão técnica, outras companheiras não largam as meninas durante os jogos: assim que chegam às cadeiras, elas já estão com maças nas mãos. As frutas servem de lanche e ainda exercem função bem importante:

- Mastigar tira o estresse (risos)! A gente sempre pega a fruta do lanchinho e traz para cá. Assim, fica ocupada com ela e não deixa o nervosismo pegar tanto – admite Carol.

Porém, mesmo com a maçã na mão, a central conta que ainda acha muito difícil relaxar fora da quadra. Até porque, segundo ela, as titulares ficam olhando em sua direção durante boa parte do tempo para conseguir pegar dicas de jogadas adversárias que não estão conseguindo parar.

- A Fabiana diz que fica me olhando durante o jogo para ver se eu faço algum gesto, grito alguma coisa que elas não estão percebendo lá dentro. Fico feliz por poder ajudar com isso. Essa é a minha maior contribuição.

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