sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Jogadora surda e muda brilha na Seleção de rúgbi de praia

Baiana Maiane Gomes teve meningite ainda quando criança; hoje, tenta até vaga em equipe olímpica

Surda e muda, Maiane Gomes já faz parte da Seleção Brasileira (Crédito: Divulgação) Surda e muda, Maiane Gomes já faz parte da Seleção Brasileira (Crédito: Divulgação)
Fábio Aleixo
Publicada em 18/02/2011 às 20:12
Em São Paulo (SP)
A baiana Maiane Gomes nasceu saudável e sem problemas. Aos nove meses de idade, porém, contraiu meningite, perdeu totalmente a audição e, parcialmente, a fala.

Até hoje tem dificuldades para se comunicar e expressar, seja em uma simples entrevista ou no contato com as pessoas próximas, como a irmã Maíse e seus pais.

O golpe sofrido na infância, entretanto, não desmotivou a garota, que consegue, por meio do esporte, mostrar que tem totais condições de levar uma vida normal.

Há três anos, Maiane integra a seleção baiana de rúgbi de praia, e já se destaca no cenário nacional.

No fim de 2009, foi convocada para defender a Seleção Brasileira nos Jogos Sul-Americanos de Areia, no Uruguai, e ajudou a equipe a conquistar o título.

Em março, participará de uma seletiva nacional para integrar a Seleção Brasileira de campo.

O início na modalidade ocorreu por acaso. Adepta de atividade física, Maiane sempre jogou futebol nas praias de Salvador. Um certa dia, seu treinador perguntou se ela não tinha interesse de praticar o rúgbi, um esporte do qual ela não tinha qualquer conhecimento.

– Achei a ideia uma loucura total, mas rapidamente aceitei – contou ao L! a jovem de 19 anos.

O começo foi complicado, com dificuldades para entender as regras e conquistar o apoio de todos. Maiane conta que o fato de ser deficiente auditiva criou muitas dúvidas sobre sua real capacidade.

– Muitas pessoas pensam que por eu não falar nem ouvir atrapalha em alguma coisa. Mas dou o máximo de mim e mostro que sou capaz de fazer qualquer coisa – afirmou a jovem.

Com força de vontade e empenho, rapidamente conquistou as colegas de time e o técnico José Pestana Alpuim. A dificuldade de comunicação desapareceu com o passar dos treinamentos. A presença da irmã no time ajuda. É Maíse quem tira alguma dúvida do treinador no momento em que as instruções são dadas.

Algumas adaptações também foram feitas para as partidas, como o uso de sinais pré-estabelecidos.

– Dei a volta por cima. Sou surda, mas não sou inválida – disse Maiane.

Entenda o Rúgbi de praia
O campo

Não existe um tamanho padrão, cabendo à federação escolher o mais apropriado para cada tipo de torneio. O campo pode ter de 30 a 50 metros de comprimento e 20 a 35 de largura. Não há postes de gol e as linhas são marcadas com fita ou corda.

Os times
Cada equipe é composta de cinco jogadores e as substituições são ilimitadas. Elas só podem ser realizadas quando o jogo está paralisado.
A bola
É a mesma utilizada no rúgbi de campo.
Pontuação
Diferentemente do rúgbi de campo, em que o try vale cinco pontos e o time tem direito a um chute de conversão que vale dois pontos, na areia, cada vez que o time cruza a linha de gol marca um ponto. Como não há postes de gol, não é permitido chutar a bola.
Tempo
O jogo é dividido em dois períodos de cinco minutos, sem paralisação do cronômetro. Prorrogações podem ocorrer, dependendo do torneio.

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