'Não adianta fazer gol e fazer besteira fora de campo', reflete Jobson

Depois de marcar duas vezes pelo Bahia no empate com o Flamengo, domingo, atacante comemora 'nova vida' e diz que será ídolo do filho

Por Eduardo Oliveira e Tamires Fukutani Salvador

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Na praia, em Salvador, Jobson comemora início da
'nova vida' (Foto: Eduardo Oliveira)

Quem viu Jobson nesta segunda-feira nem se lembrou do semblante preocupado que o jogador carregava há alguns meses. Exame antidoping, envolvimento com drogas, julgamento na Corte Arbitral do Esporte... Todos os problemas passavam longe da mente do atacante, à beira da praia, em Salvador, satisfeito pela grande atuação no empate com o Flamengo, no último domingo.
Com dois gols, o jogador selou o seu recomeço e construiu os primeiros laços de uma relação de amor com a torcida do Bahia. Um recomeço há muito desejado pelo atacante, sedento pelo futuro e querendo mais do que nunca deixar o passado realmente para trás. Momento que Jobson mesmo definiu como a oportunidade de provar para muitos que ele está de volta, que recomeçou a vida do zero.
- Com certeza é um recomeço para mim. Pelas coisas que eu já passei na minha vida, vejo esse momento como um recomeço. Quero dar a volta por cima e conquistar meu sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira. Eu espero conquistar essa torcida maravilhosa e fazer aqui uma história que nem eu sonhei, jogar muito bem no Bahia, ter uma porta aberta e dar um título ao time – afirmou o jogador.
A vontade de seguir adiante e provar a todos que é uma nova pessoa está explícita em cada palavra de Jobson, em cada sorriso de felicidade pela nova fase que se inicia. O jogador celebra as mudanças em sua vida e destaca que a transformação não se resume ao desempenho em campo, mas está presente também fora das quatro linhas.
- Eu estou tranquilo e quero mostrar a todo mundo que eu mudei. É isso aí, fazendo gol e me cuidando, porque não adianta eu fazer gol e, fora de campo, fazer besteira – ressaltou o atacante.
E a preocupação em manter o novo rumo tem um motivo ainda maior que a carreira no futebol. Jobson quer recuperar a imagem e voltar aos trilhos, porque seu filho, o pequeno Vitor, de um ano e meio, tem uma vida inteira pela frente que será espelhada no pai.
- Agora eu espero ter uma nova vida. Agora meu filho vai começar a entender como é o pai dele. Para ele, eu vou ser o maior ídolo. Então eu quero ter uma imagem muito boa pra ele – contou o atacante.

Atacante reproduz o 'Hulk' que fez em campo (Foto:
Eduardo Oliveira)

Vitor, aliás, deveria ter sido homenageado em um dos gols marcados por Jobson, no domingo. O jogador havia prometido que comemoraria colocando o dedo na boca, como uma criança, em homenagem ao rebento. No entanto, na hora da emoção, a celebração foi outra: depois do “Bonde do Bahia”, um Hulk nasceu no gramado de Pituaçu.
- Meu filho vai me cobrar isso aí. A mãe dele até já falou: "Pô, e o Vitor fica onde na história?" Eu falei que tem que ter um pouquinho de paciência, porque foi o momento ali. A torcida do Bahia é enorme, e não teve como. Eu tive que tirar a camisa. Eu fiquei muito empolgado ali na hora e deu a vontade de comemorar daquele jeito. Mas no próximo jogo eu vou lembrar do meu filho, sim – garante.
Toda a empolgação teve motivo dobrado. Jobson revelou que há muito tempo tinha vontade de marcar um gol sobre o Flamengo.
- Era uma vontade antiga. Desde a época do Botafogo eu tinha vontade de fazer gol no Flamengo. E, graças a Deus, eu pude ser feliz com dois. Fiquei muito feliz mesmo. Agora é manter o rendimento e dar alegria para essa torcida.
Vontade devidamente realizada, é hora, então, de pensar em outros planos. Projetos para o futuro breve, afinal, o Grêmio vem aí. É o próximo adversário do Bahia na Série A do Campeonato Brasileiro. Os dois times vão se enfrentar no próximo domingo, no Estádio Olímpico.
- Contra o Grêmio vou prometer mais um gol (risos). Tenho personalidade e prometo mais um. E espero que a gente saia de lá com a vitória – disse Jobson.
O atacante faz previsões positivas para além da terceira rodada do Brasileiro. Para ele, o elenco tricolor vai longe na Primeira Divisão.
- Com a chegada do Ricardinho e do Carlos Alberto, a gente pode melhorar muito mais. Agora tem os meias que podem dar a bola para mim e para o Souza. O Bahia tem tudo para fazer uma grande campanha no Brasileirão.
Agora é aproveitar o momento e rir à toa. Na beira do mar, Jobson celebra o início de uma nova vida, com desejo de futuro próspero dentro e fora de campo. Trajetória que se confunde com o ressurgimento e consolidação do Bahia na Série A. É o time que ajuda o atacante a se reerguer. É o atacante que ajuda o time a se firmar.