Sem patrocínio, atletas do taekwondo vão às ruas pedir apoio para competir
Campeões do Brazil Games se inspiram em universitários e, uniformizados, pedem dinheiro em semáforos para financiar viagem à competição
Os atletas exibem suas medalhas, cartazes e copos(Foto: Adriano Albuquerque/GLOBOESPORTE.COM)
A ideia partiu de Marcos Vinícius, faixa verde com ponta azul de 16 anos, ao sair da escola e ver o trote universitário. O lutador da categoria até 68kg repassou seu plano aos companheiros de equipe da Associação Atlética Vila Isabel, que aderiram de imediato. A turma de 10 atletas, com idades entre 12 e 19 anos, se reúne todas as sextas-feiras - único dia da semana em que não treinam taekwondo - para pedir apoio pelas ruas do bairro. O time vai à batalha uniformizado, trajando quimonos e luvas, com incontáveis medalhas no peito e cartazes escritos "Atletas Sem Patrocínio" e "TKD SOS".
Entre as jovens promessas, estão Carlos Roberto Junior, de 19 anos, e Leonardo Moreno, de 14 anos, ambos bicampeões do Brazil Games, e Érica Santos, de 16 anos, campeã do torneio no ano passado, entre outros medalhistas. Apesar dos resultados expressivos, o grupo é praticamente bancado pelo treinador Uirá Freitas, que acolheu alunos de projetos gratuitos no Salgueiro e Tijuca como bolsistas na Associação Atlética. O técnico já contou com apoios pontuais, geralmente de empresas de pais de alunos, mas na maioria das vezes tira do próprio bolso para levar os lutadores às competições.
Os jovens vão de carro em carro pedir apoio(Foto: Adriano Albuquerque/GLOBOESPORTE.COM)
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Para levar um grupo de 10 lutadores a São Paulo, onde acontece o Brazil Games entre 29 e 31 de julho, serão necessários R$ 1.400. Em três sextas de atividade em Vila Isabel, os alunos já recolheram cerca de R$ 200. Apesar de alguns olhares desconfiados e provocações de motoristas, os lutadores garantem que vêm sendo bem recebidos.
- Tem que chegar brincando, com bom humor, que eles recebem bem - diz Carlos Roberto Junior, bicampeão do Brazil Games na categoria até 54kg, de faixa azul ponta vermelha a ponta preta.
O mais extrovertido é Marcos Vinícius, que tem diversas técnicas para convencer os transeuntes a doar alguns trocados.
- Tem que elogiar primeiro as moças - explica o garoto de 16 anos, antes de interromper a entrevista para ir falar com as moças: - Boa tarde, princesa! Sou atleta sem patrocínio...
O treinador jura que não se envolve na arrecadação, iniciativa dos próprios alunos, mas deixa seu telefone à disposição para ligações a cobrar em caso de qualquer dificuldade que a turma enfrente. Mesmo que a brincadeira não traga o montante necessário, Freitas vai completar a verba para a viagem. Para ele, o mais importante é ver a união de seus atletas.
- Alguns deles não precisavam estar aqui, têm dinheiro, o pai ajuda. Mas eles estão juntos, gostam de ajudar uns aos outros, e isso só desenvolve a união da equipe - comenta o técnico.
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