Quase do Barça e ‘desconhecido no Brasil’, Sánchez vira ‘o cara’ do Chile

Após temporada de sucesso com Udinese, atacante foi motivo de leilão entre gigantes europeus. Negócio com os catalães deve passar dos R$ 90 milhões

Por Victor Canedo Rio de Janeiro

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Alexis 'Maravilha' Sánchez promete comemorar
com a camisa do Chile nesta Copa América (AP)

Se durante a temporada europeia superar a concorrência de Messi, Cristiano Ronaldo e Rooney nas manchetes esportivas era praticamente utopia, não há nome dentro do futebol mais comentado no momento do que o de Alexis Sánchez. Ao menos no velho continente. O atacante chileno do Udinese, no entanto, ainda carece de maior reconhecimento na América do Sul – especialmente no Brasil –, que deverá vir naturalmente, é bem verdade, já que sua transferência para o multicampeão e midiático Barcelona parece ser apenas questão de tempo. Mas ninguém nega que a Copa América, que já começa nesta sexta-feira – segunda para o Chile –, pode antecipar este processo.
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Sánchez tem apenas 22 anos e é visto como uma das maiores promessas – senão realidade – da Roja na última década. Em 2005, aos 16, despontou no Cobreloa e, depois de vendido aos italianos, defendeu ainda o Colo Colo e River Plate por empréstimo. Passou pelas divisões de base do Chile e foi um dos grandes nomes do elenco de Marcelo Bielsa na última Copa do Mundo, apesar de só ter dado uma assistência em quatro jogos até a eliminação para o Brasil nas oitavas de final. Agora, pode se dar ao luxo de dizer que “é o cara”.
Foi no ano seguinte à África do Sul que o chileno decolou com a camisa do Udinese: 12 gols, seis assistências e uma dupla com o artilheiro do Campeonato Italiano, Antonio Di Natale (28 gols), que deu o que falar em muitas das 31 partidas que disputou. Não à toa a equipe terminou em quarto, classificada para a próxima Liga dos Campeões.

– Com certeza a temporada 2010/2011 de Sánchez é merecedora de estar em uma seleção do Campeonato Italiano. Sánchez é um atacante moderno, muito forte, com boa técnica e que atua nos dois lados ou no centro. O que mais impressiona é sua habilidade em grande velocidade. E ajudar o Udinese a encerrar a Série A na frente de Juventus, Lazio, Roma, Fiorentina... É um grande resultado, acredite – disse o jornalista italiano Mauro Carturan, um dos organizadores do Golden Foot, tradicional prêmio europeu.

Alexis Sánchez no meio de Gattuso e Seedorf: chileno deu sufoco ao Milan no Campeonato Italiano (AFP)

Otimismo chileno
O desempenho foi mais do que o suficiente para gigantes e novos milionários do continente disputarem os seus direitos. Até a última quarta-feira, sobraram apenas dois: Barcelona e Manchester City. Mas os ingleses, após terem mais uma proposta reclinada, juntaram-se ao rival United, Juventus, Chelsea e Inter de Milão. Especula-se que o negócio com os catalães ultrapasse os £ 36 milhões (cerca de R$ 90 milhões).

Sánchez precisa jogar em um grande time e ganhar títulos como protagonista para ser comparado a Messi e outros"

Mauro Carturan, jornalista italiano

– Acho que ninguém vale isso tudo depois de uma boa temporada. Ele tem de confirmar o seu nível dentro do futebol, é o objetivo mais difícil. Sánchez tem grandes qualidades, mas apenas um bom ano não é o suficiente. E jogar por um grande clube não é tão fácil. Sánchez precisa jogar em um grande time e ganhar títulos como protagonista para ser comparado a Messi e outros. Na idade dele (22), muitos consagrados já estavam jogando em nível mundial nos tops. E ganhavam títulos! – avaliou Carturan.
As opiniões vindas do Chile, porém, são de tom mais otimista.
– Sánchez tem mostrado nível para desequilibrar contra qualquer rival. Ele desenvolveu força física, mas não perdeu habilidade. No um contra um, é letal – afirmou Cláudio Herrera, jornalista do “El Mercurio”, que acredita estar falando de alguém que irá marcar época.
– Em nível de seleção o vejo melhor que Zamorano e Salas, porque somente com 22 anos já soma 13 gols, já jogou uma Copa, assim como os dois, em 1998, e também esteve no Mundial sub-20 (foi terceiro em 2007, no Canadá). Nos clubes, porém, ainda precisa se firmar em um grande na Europa, como fizeram Zamorano (Real e Inter) e Salas (Lazio e Juventus). Mas o próprio Zamorano assegurou que Sánchez iria superar a todos – contou Herrera.

Muito veloz, Alexis Sánchez causou pânico aos
defensores adversários no Italiano (Getty Images)

Defeitos, é claro, Alexis Sánchez também os têm. Em entrevista recente, ele admitiu que precisa melhorar nas finalizações. Mas garante ter humildade de sobra, ainda que no campo pareça o contrário.
– Mentalmente é forte, não se apequena diante do “jogo sujo” e tampouco tem medo de grandes partidas – completou Cláudio Herrera.
Que ao menos em um possível confronto contra Neymar, Ganso e companhia no mata-mata, Sánchez não repita o que costuma fazer de melhor e prevaleça a lógica recente: vitória brasileira.