segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Cuca: ‘não durmo direito…’


seg, 26/09/11
por ilan |
categoria Extra, Extra

Cuca estreou há exatos 45 dias no comando do Atlético-MG. E os resultados demoraram a vir. O técnico pegou um time em fase terrível e perdeu os seis primeiros jogos.
- Não pensei em sair nenhuma vez – garante.
Os resultados melhoraram um pouco, mas por enquanto menos que as atuações dentro de campo, que têm dado esperanças ao torcedor do Galo de não ser rebaixado pela segunda vez. E os números recentes contribuem para algum otimismo: dos últimos sete jogos, o time venceu três e empatou um.
- O que mudou é que a gente não tá aceitando a derrota – diz o técnico.
Cuca falou sobre as possibilidades de escapar do rebaixamento, comparou a situação com a campanha histórica que fez no fim do Brasileiro de 2009 pelo Fluminense, falou sobre as disputas no alto e embaixo da tabela e fez uma revelação sobre o momento de angústia:
- Não durmo direito.
Veja a entrevista completa e exclusiva para o iLanHouse:
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O time ainda não conseguiu sair da zona do rebaixamento. Depois da sua chegada, o Atlético-MG evoluiu?
O time está jogando bem. O que deixa a gente confiante é que não temos jogado pior que nenhum dos nossos adversários. Jogamos igual ao Flamengo, igual ao Internacional, ao São Paulo no Morumbi… Tem faltado um pouco de sorte em alguns jogos. Mas temos tido mais posse de bola, mais finalizações… Agora temos uma sequência fundamental pra decidir nossa vida no campeonato, três jogos em casa. Ceará, América e o Santos.
O que foi preciso fazer para o time evoluir e chegar a um cenário menos ruim?
O que mudou é que a gente não tá aceitando a derrota como a aceitava antes. É fundamental não aceitar perder. Vai perder às vezes, mas não pode aceitar isso. Você vê o jogo com o Inter, a gente estava com um a menos, na casa deles e botamos sufoco, a bola ficava pererecando pra entrar no gol do Inter… Perdemos gols… Estivemos pra ganhar o jogo no Beira-Rio. Houve aquela revolta compreensível, porque há uma semana tivemos um gol igual mal anulado pelo Paulo César Oliveira. Quem não acompanha o dia a dia não entende, mas nós que estamos dentro sofremos com isso. E além de perder o jogo, perdemos o Réver expulso, o que atrapalha o nosso planejamento.
Depois das seis derrotas no começo do trabalho, você pensou em sair? Chegou a se arrepender de ter aceitado o cargo?
Eu cheguei no Atlético numa terça-feira e já estreei na quarta. Não pensei em sair, não. Sinceramente nunca pensei. E o presidente sempre foi muito transparente comigo, confiava no meu trabalho, também não falaram nada. Mas eu fiquei preocupado, claro, porque não é normal ficar tanto tempo assim sem ganhar um jogo. Tinha convicção de que as coisas iam mudar, porque quando muda um trabalho, muda geral. Demora um pouquinho para você ter aceitação e as coisas virarem. Mas hoje já está bem mais estabilizado, já tenho um controle bem maior da situação toda.
Faltam 12 jogos. Seis em casa, cinco fora e um clássico contra o Cruzeiro. Qual a estratégia para fugir do rebaixamento?
Eu peguei o simulador de vocês e simulei diversas situações. Passei um simulador pra cada jogador na última concentração. Fizemos simulações de todos os nossos adversários, ficamos uma hora e meia nisso, cada jogador participou. Foi pra nós interagirmos e para que haja comprometimento de todos. Todo mundo tem que estar envolvido, não adianta só eu. Não tenho hoje um número para escapar do rebaixamento, mas eu imagino que talvez com 42 ou 43 vá escapar este ano. Mas às vezes a projeção que a gente faz cai por terra. O fundamental é ganhar essas próximas três partidas. Depois vamos ter mais nove para alcançar o número de pontos necessários.
É uma tarefa tão complicada quanto a que você enfrentou há dois anos pelo Fluminense, quando foi obrigado a vencer seis dos últimos sete jogos?
Não, não. Aquela do Fluminense era infinitamente mais complicada, muuuuito mais complicada. Faltavam onze jogos e não podia perder nenhum. E não perdemos. Vou te dizer uma coisa: ali foi coisa de Deus, vai acontecer uma ou outra na vida inteira. E tinha a Sul-Americana ao mesmo tempo, que era tão importante que a gente não podia abrir mão. Mas tivemos comprometimento de todos. E hoje eu já tenho esse comprometimento também no Atlético, só não temos tido ainda a eficácia ali na frente pra matar o jogo. Quando tivermos isso, vai melhorar e a gente vai sair dessa.
Então, se salvou aquela muito mais difícil, vai salvar o Atlético este ano? Dá pra garantir isso?
Quem dera que fosse assim (risos), mas a luta é dura, amigo! Vou te contar uma coisa… Eu não durmo direito. Acordo, fico pensando nisso, naquilo, numa série de coisas, porque não tá fácil. É time de massa, tinha que estar lutando por título, né? Mas tamos lutando pra sair da zona do rebaixamento, ainda estamos a quatro pontos (do Cruzeiro) e a cinco do Ceará e do Bahia… Mas vamos brigar. Temos jogos em casa agora e temos que fazer por onde vencer. E a gente sabe a força da torcida, que é fundamental.
Você enfatizou a força da torcida do Galo. Tem recebido cobranças nas ruas?
Tenho, claro. Chegamos no aeroporto, fui cobrado… É encrenca, não querem saber se você chegou ontem ou anteontem. Querem resultado e têm razão… Mas eles têm que saber que a única chance da gente sair é eles estando do lado. Porque outras torcidas não vão ter essa harmonia com a equipe. E aí pode ser nosso ponto forte.
Quem tá pintando como campeão esse ano?
Não dá pra saber, porque vai ter um atropelo final. Um desses que estão em cima, pode ser qualquer um, vai dar uma desgarrada final. Não dá pra dizer ainda.
Quem são os candidatos?
Esses de cima, todos eles. Mas vou te ser bem sincero: não tenho olhado muito lá pra cima… (risos) Tenho olhado mais é pra parte de baixo, mesmo…
Bom, vamos falar então da parte de baixo: quem ainda está no bolo dos ameaçados ao rebaixamento?
Acho que vai ali até o Atlético-GO, que tem jogado bem, tá ganhado jogo, mas tem uma tabela ruim pela frente. A tabela do Bahia não é boa, a tabela do Ceará também não é… Vai dar muita emoção até o fim. E os times têm ganho partidas que ninguém espera. Figueirense ganhou do Santos, Atlético-PR ganhou do Flamengo, Ceará e Bahia também… Ninguém esperava, porque o Flamengo tava disputando lá em cima, mas aconteceram. E pode acontecer com outros clubes também. Não tem nada que se possa dizer assim “ah, esse já caiu”… Você viu o América aí que só perdeu no finzinho com o Flamengo… Tá tudo aberto.
Você dirigiu o Cruzeiro no primeiro semestre, quando ele foi considerado quase unanimemente como o melhor time do Brasil. Imaginava que ele pudesse terminar o ano tão mal?
Eu acho que o Cruzeiro jogou o melhor futebol das Américas no começo do ano. Quando perdeu, numa tacada só, três atacantes mudou muito a coisa, porque o nosso jogo era de ataque. A gente fazia muitos gols: cinco, quatro, sete… Isso em jogos de Libertadores! Dava uma segurança grande, o adversário tinha que vir fechado. Aí perdemos naquela ocasião em casa, um acidente. E quando eu saí do Cruzeiro, falei com os diretores que era para dar chance de um outro profissional tirar do grupo algo que eu não conseguiria mais tirar. Mas não imaginava que haveria uma queda tão grande assim…

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