terça-feira, 11 de outubro de 2011

Corrida com obstáculos: atraso nas obras e furacão no caminho do Pan

Trabalhadores se revezam em dois turnos para finalizar Estádio de Atletismo e fenômeno natural causa apreensão em Guadalajara

Por Gustavo Rotstein Direto de Guadalajara, México
Se quiser observar o novo Estádio de Atletismo de Guadalajara, o amante do esporte terá de se esforçar um pouco. Chegar perto da Arena Telmex é possível somente a pé e com muito cuidado ao desviar das dezenas de tratores e caminhões que se espremem nas ruas em volta. A três dias do início dos Jogos Pan-Americanos, é fácil notar a correria para finalizar aquela que é a obra mais importante dos Jogos.
Essa é uma das dificuldades enfrentadas pela organização da competição às vésperas da festa de abertura – que acontece nesta sexta-feira, no estádio de futebol Omnilife, que pertence ao Chivas Guadalajara. Até mesmo um fenômeno natural contribui para o clima de apreensão na cidade. O furacão Jova se aproxima da costa do México e oferece perigo a Puerto Vallarta, cidade que sediará as competições de vela, maratona aquática e vôlei de praia do Pan. A possibilidade é de ventos de 160 quilômetros por hora.
O furacão chegou a ser classificado na categoria 3 da escala Saffir-Simpson (que vai até 5), mas nesta terça ele teria perdido força, sendo rebaixado ao nível 2. De qualquer maneira, a organização dos Jogos está em alerta, já que as consequências podem chegar a Guadalajara. Dessa forma, não está descartada a possibilidade de haver a redução da cerimônia de abertura, caso haja forte chuva nesta sexta-feira.
Obras no estádio de atletismo do Pan de Guadalajara (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)Operários finalizam obras dentro do Estádio de Atletismo do Pan (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)
Enquanto isso, na cidade de Zapopan, na região metropolitana de Guadalajara, cerca de 600 pessoas trabalham divididas em dois turnos de 12 horas de duração. Tudo para finalizar a construção do Estádio de Atletismo. A obra dura um ano e dois meses, e a expectativa é de que esteja concluída no fim de semana.
- Há trabalhadores que chegam aqui às sete da manhã e só vão embora às seis da manhã do dia seguinte - disse um funcionário, que pediu para não ser identificado.
Dentro do estádio, é possível ver que a parte estrutural está avançada. Na manhã desta terça, faltava uma cobertura a ser instalada. O gramado ainda sofria reparos e a pista de atletismo já foi concluída e aprovada pela federação internacional. Do lado de fora, entretanto, pôde-se observar grande atraso em relação às partes hidráulica e elétrica. Caminhões e tratores ainda removiam a terra e abriam buracos para cabos e canos.
Em entrevista coletiva no último domingo, Mário Vazquez Raña, presidente da Odepa, fez duras críticas ao comitê local, citando o atraso nas obras. Um dia depois, amenizou o tom, elogiando a mobilização.
- Peço um esforço a mais porque em Guadalajara as coisas grandes estão prontas, mas as pequenas ainda precisam de atenção - disse.
Brasileiros com problemas, mas confiantes na organização
Obras no estádio de atletismo do Pan de Guadalajara (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)Do lado de fora, Estádio de Atletismo é ofuscado por tratores. Ao fundo, cobertura ainda a ser instalada (Foto: Gustavo Rotstein/Globoesporte.com)
Os atletas brasileiros que já treinam em Guadalajara também sofrem com alguns problemas de logística. Nesta terça, a equipe de squash não pôde treinar no local de competição porque as quadras não estão prontas. Eles tiveram que praticar numa academia na qual não há medidas oficiais, com piso diferente do oficial e sem a bola que será utilizada no torneio. No total, são cinco sedes do Pan ainda a serem entregues.
Mas segundo Bernard Rajzman, chefe de missão do Brasil em Guadalajara, nem mesmo todos os problemas de organização foram capazes de prejudicar a preparação da delegação brasileira no Pan.
- Estamos perfeitamente tranquilos. Pelo que venho acompanhando nos últimos 13 dias, há uma força-tarefa grande da organização. É natural que haja atrasos, mas o México tem experiência em eventos como esse. É um povo que adora os brasileiros, e nossa delegação tem se sentido à vontade aqui, apesar das eventuais dificuldades. Tenho certeza de que será um evento fora de série - afirmou.
Além disso, há apreensão por causa de um surto de clembuterol na carne bovina que circula no país. Se trata de uma substância dopante, normalmente utilizada para acelerar os efeitos de uma dieta para perda de peso. Os dirigentes dos Jogos dizem que é ínfima a possibilidade de contaminação. Mas recentemente o goleiro Guillermo Ochoa, do América e da seleção mexicana, foi flagrado no exame antidoping com essa substância, sendo suspenso por cinco meses.

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