sábado, 19 de novembro de 2011

Ponte bate o ABC e garante retorno à elite após cinco anos na Série B

Nervosa, Macaca sai atrás no placar, mas conta com força do Majestoso e dia inspirado de Caio e Renatinho para fazer 4 a 1 e celebrar a volta

Por Diego Ribeiro Campinas, SP
O grito já estava entalado há quatro jogos, mas o torcedor da Ponte Preta pode, enfim, dizer para todo mundo que é de primeira. Os mais de 11 mil pagantes que compareceram ao Moisés Lucarelli neste sábado sofreram, viram a Macaca sair atrás, mas acompanharam um segundo tempo perfeito que terminou com vitória por 4 a 1 sobre o ABC, resultado que sela o acesso do time de Campinas à Série A de 2012. A Ponte encerrou um jejum de quatro jogos sem vitórias em grande estilo, e volta à elite depois de cinco anos longe – o time havia caído em 2006.
Ao apito final, torcedores invadiram o campo e comemoraram com os jogadores. Teve até torcedor ajoelhado atravessando o gramado. Com 62 pontos na tabela, a Ponte não pode mais ser alcançada por ninguém, já que Bragantino e Vitória tropeçaram na rodada. No último jogo da Série B, a equipe de Gilson Kleina enfrenta o Náutico fora de casa, em jogo que serve apenas para celebrar o acesso das duas equipes.
Ricardo de jesus ponte preta gol ABC (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Ricardo Jesus comemora gol da Ponte Preta sobre o ABC (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Que time é esse?
Para se ambientar ao clima favorável no Majestoso, os jogadores da Ponte até finalizaram o aquecimento no gramado, já para sentir o apoio da torcida que praticamente lotou o estádio - o público pagante foi de 11.164 pessoas. Ao apito inicial, porém, a Macaca mudou de cara. A confiança deu lugar ao nervosismo, e o time da casa virou presa fácil até para um desinteressado ABC. Na zaga, Ferron e Leandro Silva bateram cabeça e não se encontraram durante todo o primeiro tempo. Bom para o ABC. Bom para Náutico, Vitória, Bragantino...
O atacante Lins, que já passou pela Ponte, foi o nome que assustou a defesa adversária. Sempre pela direita, aproveitando os espaços deixados por Uendel. Logo em seu primeiro lance, deixou Ferron na saudade. No segundo, só foi parado com falta dentro da área. Pênalti. Aos 29, Cascata bateu com perfeição e fez 1 a 0. O caldeirão preparado para empurrar a Ponte se virou contra o próprio time.
torcida ponte preta (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Torcida da Ponte Preta lotou o Moisés Lucarelli
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Impaciente, a torcida começou a pressionar. No campo, os jogadores responderam de forma negativa e, em um intervalo de três minutos, conseguiram errar todos os passes que tentaram. Foi o estopim para as primeiras vaias serem ouvidas das cadeiras numeradas. O artilheiro Ricardo Jesus, normalmente oportunista, não acertou um lance sequer. Até Ricardinho e Renato Cajá, mais experientes, sentiram o mau momento.
A sorte da Ponte é que a pressão durou pouco. Isso porque Guilherme foi derrubado dentro da área e a torcida acordou. O pênalti marcado gerou expectativa. Aos 45 da primeira etapa, Ricardo Jesus bateu com raiva, levando com a bola toda a pressão acumulada dos últimos quatro jogos sem vitórias: 1 a 1 providencial, para a Macaca sair de campo aplaudida.
É a Ponte Preta!
O gol no fim do primeiro tempo fez toda a diferença para a Ponte, que começou o segundo tempo em cima do ABC, querendo logo resolver o jogo. Como o Bragantino seguia perdendo para o ASA, um golzinho selaria o acesso. A entrada de Renatinho mudou a dinâmica do time da casa, que passou a apostar nas jogadas individuais do meia-atacante pelo lado direito. Logo na primeira, gol da Macaca: aos nove, Renatinho construiu todo o lance e a bola sobrou para Caio, que acertou um chutaço, colocando curva na bola e tirando do goleiro.
Aí sim, o Majestoso virou um caldeirão de vez. Cantando a plenos pulmões, o torcedor da Ponte já “curtia” os últimos momentos como time de Série B. Mais leve, o ataque da Ponte finalmente conseguiu desenvolver seu jogo, que é de toque de bola e rápidas tabelas que confundem a defesa adversária. Caio, em sua melhor atuação com a camisa alvinegra, foi quase um monstro – perigoso pela esquerda, só foi parado com golpes dignos de artes marciais. Aos 25, o estilo insinuante do meia resultou em pênalti, novamente bem cobrado por Ricardo Jesus: 3 a 1. E ainda teve tempo para um quarto gol: aos 48, Renatinho, de cabeça, deu números finais à festa
Mais aliviada após o sofrimento inicial, a torcida soltou o grito de “A Ponte voltou”. Ela voltou, e com méritos de um time que soube se reinventar durante o jogo mais difícil de sua campanha, justamente o deste sábado. Um time que passou 90% do campeonato entre os quatro primeiros não podia mesmo ficar sem festa. A Segundona, definitivamente, não deixará saudades no Moisés Lucarelli.
Na comemoração, logo após o quarto gol, os torcedores invadiram o gramado e deixaram vários jogadores praticamente nus, como o goleiro Julio Cesar - a exceção foi o atacante Renatinho, que brigou para não ter nenhuma peça de roupa levada. Uma festa que há muito tempo não se via no Majestoso.

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