Lembra Dela? Vera Mossa, musa do vôlei e do cinema, vira 'mãe do Bruno'
Com três Olimpíadas no currículo e participação no filme ‘Rock estrela’, ex-jogadora hoje trabalha com comércio enquanto curte os três filhos
-Eu adorava jogar, até treinar, mas não tenho muita nostalgia da quadra. Quando não tive mais condições, coloquei um ponto. (...) Hoje fico muito feliz, contente e orgulhosa pelo Bruno estar conseguindo realizar os sonhos de ser jogador profissional e ter uma carreira bacana. Só posso me alegrar ao falarem que sou “a mãe do Bruninho”.
Vera Mossa com os três filhos no Natal: Luisa, Edinho e Bruninho (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Vera sempre foi precoce. Na primeira vez que o vôlei brasileiro feminino foi a uma Olimpíada, a menina de Casa Branca, no interior de São Paulo, fez a primeira viagem internacional da vida. Aos 15 anos, a então promessa nacional desembarcou em Moscou e viu, do banco de reservas, as companheiras terminarem o campeonato na sétima colocação. De volta ao Brasil, descobriu que estava grávida, se casou com o jogador de basquete Éder Mundt Leme e ficou um ano parada para cuidar do filho Edinho. No retorno às quadras, cresceu como atleta e assumiu posição de destaque na seleção.Nas Olimpíadas seguintes, em Los Angeles, foi titular, e, apesar da fraca campanha verde- amarela – sétima colocação novamente -, guardou a edição de 1984 dos Jogos como o momento mais marcante na seleção.
De Cláudia a Vera em “Rock estrela”
Separada do primeiro marido, Vera começou a namorar o hoje técnico da seleção masculina Bernardo Rezende, o Bernardinho. Em 1985, um ano antes do nascimento de Bruno, a jogadora encontrou tempo na agenda de viagens para participar do filme “Rock estrela”, de Lael Rodrigues, também diretor de “Bete Balanço”. Na história, a esportista disputava o amor de Roque, interpretado pelo ator Diogo Vilela, com a argentina Graziela, personagem de Malu Mader. Léo Jaime, Andréa Beltrão e Guilherme Karan também fizeram parte do elenco.
No cartaz de divulgação de 'Rock Estrela', Vera com
Malu Mader, Diogo Vilela e Léo Jaime (Divulgação)
Vera revelou uma curiosidade da película, agora rara em tempos de Blu-ray e DVD. No projeto inicial, ela faria uma personagem chamada Cláudia, mas, como não era atriz, o sindicato só permitiu que o filme, já montado, fosse exibido se o papel em questão, de uma jogadora de vôlei, retratasse ela mesma. Assim, após a dublagem, os personagens moviam a boca para falar Cláudia, mas se ouvia o som de Vera.Malu Mader, Diogo Vilela e Léo Jaime (Divulgação)
- Foi supergostoso participar. Não lembro quem me ligou, mas falou que ele queria fazer um filme sobre vôlei, que era meu fã e queria fazer um filme que eu fosse personagem. Aquilo obviamente não era eu e nem a história da minha vida, mas me diverti pra caramba fazendo. Eu era muito nova, e tudo era válido, uma experiência boa. Depois, meus filhos assistiram e adoraram. O mais velho (Edinho) gastou tanto a fita que não deu mais para assistir. O Lael era apaixonado por rock, por vôlei e foi juntando tudo. Era mais para mostrar as músicas do que para contar uma história.
Com a exposição no cinema, a face “musa” ganhou ainda mais projeção. Solicitada para ensaios fotográficos e entrevistas ao lado das contemporâneas Jaqueline e Isabel, a paulista foi a sua terceira Olimpíada, em Seul-1988, como um dos rostos de uma geração que aliava a qualidade esportiva à beleza para os espectadores. Vera conta que, apesar de atender a todos os pedidos de jornalistas na época, não se sentia confortável. Hoje, porém, vê a importância da “fase artista”.
Vera Mossa durante os Jogos Pan-Americanos de Caracas, na Venezuela (Foto: Divulgação)
- Eu achava que as pessoas estavam confundindo as coisas. Não gostava muito, e rótulo de musa às vezes me incomodava, me ligavam para saber opinião sobre vários assuntos, e eu simplesmente não entendia por que minha opinião importaria para alguém. Eu era jogadora de vôlei, não artista ou celebridade, e isso às vezes pesava. Mas hoje acho que foi importante para o vôlei em si. Nós fomos os primeiros ídolos do esporte, e todo esporte precisa de ídolos para sobreviver e ter cada vez mais adeptos e simpatizantes.A mãe do Bruninho
Bruninho, ainda adolescente, ao lado de Vera
Mossa (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Atualmente, Vera vive em Campinas, onde administra uma loja de bijuterias e cuida da caçula Luisa, fruto de seu terceiro casamento. Desde a aposentadoria por lesão em 2000, o contato mais próximo com o vôlei veio quando atuou como comentarista do SporTV e através do filho Bruno, tetracampeão da Superliga pelo Florianópolis e atleta da seleção.Mossa (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Agora que o levantador é adulto, a relação com Bernardinho é mínima, mas serena. A única coisa que incomoda Vera é quando citam o ex-companheiro como justificativa para a presença do filho no grupo verde e amarelo.
- Fico muito feliz, contente e orgulhosa pelo Bruno estar conseguindo realizar os sonhos de ser jogador profissional e ter uma carreira bacana. Só posso me alegrar ao falarem que sou “a mãe do Bruninho”. A única coisa que me incomoda é quando falam que ele é protegido do pai. Aí eu fico louca. Ele merece muito estar lá, e as pessoas que falam isso não têm noção.
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