quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pela vaga em Londres, ginastas se concentram em hotel e buscam união

Após as diferenças tornadas públicas no Pan de Guadalajara, meninas deixam problema para trás, treinam forte e se unem em torno do objetivo maior

Por Danielle Rocha Rio de Janeiro
Desde o dia 1º de dezembro, elas passaram a dividir o quarto de hotel e o espaço no ginásio do Flamengo. Para as que moram no Rio, não há brecha nem mesmo para dar um pulinho em casa. Ver a família, só no fim de semana. O regime é de concentração e de sacrifício para todas. Tempo de deixar de lado as diferenças e pensamentos divergentes, que ficaram expostos durante o Pan de Guadalajara, e agir como um grupo. Em janeiro, no evento-teste de Londres, a seleção de ginástica artística terá a última chance de classificar o Brasil para a disputa por equipes dos Jogos Olímpicos.
Jade Barbosa no treino da seleção de ginástica (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)Gabriela Soares e Jade Barbosa durante treino da seleção (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
- Nós sempre fomos uma equipe, mas faltava uma união por mais tempo. Conheço bem a Jade, a Dani, mas tem as meninas novas e a proximidade ajuda a saber quando uma precisa de ajuda ou de um chacoalhão. Acho que esse período vai ser bom para que todas percebam que querem o mesmo objetivo. Cada uma vai poder mostrar que está fazendo a sua parte e isso vai fazer com que nenhuma desista - disse Daiane dos Santos.
A decisão de aumentar o período de convivência entre as ginastas surgiu durante o Mundial de Tóquio. A proposta foi feita aos técnicos pela coordenadora da seleção, Georgette Vidor. Na ocasião, o problema já havia sido detectado e uma reunião chegou a ser feita para tentar aparar as arestas pouco antes da disputa do Pan. Não adiantou muito.
- Nossa ideia já era poder treinar no CT novo (no velódromo), mas ele só ficará pronto em março. Houve um consenso de que os treinamentos para o Pré-Olímpico seriam no Rio e a única coisa que não seria permitida era ficar em casa. Acho que estarem todas juntas ajuda, porque podemos controlar melhor. Em casa elas podem sair, podem comer mais. A gente sabe que um pouquinho escondido no hotel elas comem, mas temos como ficar mais atentas - ri a dirigente.
Daiane dos Santos no treino da seleção de ginástica (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)Daiane diz que convivência ajudará equipe
(Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
O peso vem sendo controlado não só fechando a boca, mas também com treinamento funcional três vezes por semana. Os resultados são visíveis: Jade Barbosa e suas companheiras estão mais fortes e secas. E com os discursos alinhados também.
-  Estamos obedecendo, seguindo à risca tudo o que está sendo pedido e que pode fazer a diferença. Não queremos aquele "e se" depois. Estamos cansadas de tanto treinar, mas é o que tem que ser feito. Estamos nos dedicando mais e pensando mais como equipe - afirmou Jade.
A convivência só terá uma pausa no Natal. Depois disso, elas embarcam para um período de aclimatação em Ipswich, na Inglaterra, onde também passarão a virada do ano. A seleção só retornar ao Brasil no dia 14 de janeiro e espera trazer na bagagem o maior número de vagas olímpicas que puder.
- Eu não tenho mais paciência para concentração pela idade e pela experiência, mas é importante. Não é porque não gosto que não vou fazer. Tem que ser feito. Ficou um mal-estar com aquele episódio de Guadalajara, mas já acertamos isso. Essa vaga por equipe (quatro estarão em jogo entre oito países)  é viável, apesar de muito disputada. Há seis equipes muito parecidas. Hoje, revendo nossas apresentações no Mundial de Tóquio, vi que perdemos três pontos por detalhes. Mas no quente da hora você acaba reclamando da arbitragem - disse Daniele Hypolito.
Daniele Hypolito no treino da seleção de ginástica (Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)Daniele Hypolito aposta em classificação olímpica
(Foto: Danielle Rocha / Globoesporte.com)
Para diminuir a margem de erros, as meninas foram avaliadas esta semana pelas árbitras internacionais Yumi Sawasato e Ana Paula Luck. O trabalho também passou a ser mais voltado para as apresentações nas paralelas, aparelho que deixou a desejar no Mundial. Se cumprir o objetivo, a seleção voltará a se reunir em março. A preparação para os Jogos será no CT montado no velódromo do Rio.
- As equipes de 2012 e de 2016 treinarão no mesmo local. Estamos fechando com um treinador estrangeiro para comandar este CT, mas não a seleção. Sabemos que lá do CT de Curitiba, com Oleg Ostapenko à frente, vai aparecer ginasta boa. Margarita, a mulher do técnico bielorusso Vladimir Vatkin, que dá consultoria para a seleção masculina, será responsável pelas coreografias da seleção feminina. Mas os atletas treinarão com seus técnicos. Queremos seguir um pouco o modelo americano de campings - explica Georgette.

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