terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Grupo do Vasco reúne velhos e novos figurões da Libertadores

Tricampeão Nacional, onipresente Libertad e empobrecido Alianza Lima indicam dificuldades para o Gigante da Colina

Por Alexandre Alliatti Rio de Janeiro
Juninho e Dedé no treino do Vasco (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco da Gama)Juninho busca outra Libertadores com o Vasco
(Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco)
Vasco, Nacional, Alianza Lima e Libertad poderiam sentar em um bar e trocar histórias e mais histórias sobre a Libertadores da América. Aí estão velhos e novos figurões da competição continental, todos presentes no Grupo 5.
As principais ameaças estão nos uruguaios e nos paraguaios. O Nacional pinga tradição de sua camisa. Tem três títulos da Libertadores. E tenta surfar na onda do ótimo momento do futebol charrua.
O Libertad entra na nova ordem do futebol sul-americano. É um clube onipresente na última década. Disputou as últimas dez edições do torneio – o que inclui uma ida às semifinais em 2006. Já o Alianza Lima luta contra a falência do futebol peruano. Tem mais experiência do que qualidade.

AlianzaLima-PER (Foto: Arte esporte)
O Alianza Lima tenta usar a Libertadores como válvula de escape de uma forte crise. No ano passado, o clube deixou de pagar salários a seu elenco. Os jogadores se revoltaram. Deixaram de treinar. Afirmaram que só estavam indo a campo para o time não perder os pontos. Mesmo assim, houve punição na tabela. Desestabilizada, a equipe de Lima acabou derrotada pelo Juan Aurich na decisão.
Edgar Villamarin alianza lima final campeonato peruano Juan Aurich (Foto: Agência AP)Zagueiro Villamarin, 29 anos, é um dos exemplos
da experiência peruana (Foto: Agência AP)
O clube da capital perdeu poder de investimento. Tem um elenco menos vistoso do que o próprio Juan Aurich. Chegou a perder um de seus principais jogadores, o zagueiro argentino Fleitas, para o adversário.
O Alianza Lima tem em seu time titular jogadores muito experientes e apostas do futebol peruano. O capitão, Juan Jayo, tem 39 anos. Dois meias, Bazan e Hurtado, têm 20 e 21, respectivamente. Mesmo em forte crise, o clube conseguiu fazer contratações – casos do zagueiro uruguaio Walter Ibáñez e do meia chileno Fernando Meneses.
Fique de olho: o Alianza Lima joga no esquema 4-5-1. O único atacante é Jonathan Charquero, um uruguaio de 22 anos, buscado pelo clube peruano no Nacional, de Montevidéu, onde era pouco aproveitado. O jogador tem passagem por seleções de base.
Efeito caldeirão: o Alianza Lima manda suas partidas no estádio Alejandro Villanueva, conhecido como Matute. A capacidade é para 35 mil pessoas. Lotado, o estádio vira um caldeirão. Como o clube é muito popular, o público costura ser grande.
Resultados recentes: na apresentação do elenco e dos uniformes para 2012, a chamada ‘Noche Blanquiazul’, o Alianza Lima empatou por 1 a 1 com o Cerro, do Uruguai. Em amistosos, também empatou por 2 a 2 com o Zarumilla, fez 2 a 0 no Cobreloa, do Chile, levou 2 a 0 do Colo-Colo e empatou por 1 a 1 com o O’Higgins.
Libertad-PAR (Foto: Arte esporte)
O Libertad é a sensação do futebol paraguaio nos últimos anos. É um clube que já acumulava relativa tradição, mas que ganhou espaço com a presença, por dez anos seguidos, na Libertadores. Até 2003, a equipe só havia participado de três edições da competição. A partir daquele ano, não ficou fora por uma temporada sequer.
são paulo x libertad bonet marlos (Foto: AP)Bonet contra o São Paulo: um dos símbolos do
Libertad (Foto: AP)
E causou estragos. Em 2006, chegou às semifinais, quando fez o Inter sofrer para conseguir a classificação para a decisão. Em 2007, 2009, 2010 e 2011, foi o campeão de seu grupo. No ano passado, eliminou o Fluminense nas oitavas de final.
O Libertad tem por tradição manter boa parte de suas equipes de uma temporada para a outra. Desta vez, não foi bem assim. Do time que venceu o Tricolor por 3 a 0 em 2011, restou metade, incluindo todo o meio-campo. Bonet, de 34 anos, é o líder de um elenco que ganhou o reforço do atacante argentino Menéndez, ex-Lanús e Emelec.
Fique de olho: o técnico do Libertad é um dos principais jogadores da história do futebol argentino. Jorge Burruchaga, campeão mundial em 1986 e vice em 1990 com a seleção de seu país, chegou ao clube paraguaio este ano. Antes, comandou quatro clubes argentinos: Arsenal, Estudiantes, Independiente e Banfield.
Efeito caldeirão: o Libertad costuma mandar seus jogos no Defensores del Chaco, o principal estádio paraguaio, com capacidade para 40 mil pessoas e habitual palco de manifestações hostis das torcidas locais. O porém é que o adversário vascaíno não tem um público numeroso a ponto de lotar o estádio em partidas da primeira fase da Libertadores. O clima não deve ser de pressão.
Desempenho recente: o Libertad largou bem no Apertura paraguaio. Contra o Nacional, também presente na Libertadores, venceu por 1 a 0.
Nacional-URU (Foto: Arte esporte)
A tradição do futebol uruguaio já seria motivo de sobra para o Vasco ficar atento ao Nacional. Mas não fica nisso a argumentação pró-temores. O país bicampeão mundial vive momento de fortalecimento em seu futebol. Chegou às semifinais da Copa do Mundo, ganhou a Copa América, voltou a ter uma vaga olímpica depois de 84 anos. A própria Libertadores do ano passado foi uma prova do bom momento charrua, mas com o Peñarol, inimigo eterno do Nacional. Os carboneros levaram o Uruguai à final da Libertadores depois de 23 anos.
O Nacional é um dos maiores emblemas do futebol sul-americano. Ganhou a Libertadores três vezes, em 1971, 1980 e 1988 (nos três anos, foi tricampeão mundial). Tem 38 participações na disputa. No ano passado, caiu na primeira fase. Em 2009, chegou às semifinais.
Centenário vazio antes da final da Libertadores (Foto: Adilson Barros/Globoesporte.com)Estádio Centenário, mítico, é uma das casas do
Nacional (Foto: Adilson Barros/Globoesporte.com)
O bom momento do futebol uruguaio, porém, não representa que o Nacional tenha um time recheado de astros. Pelo contrário. No país vizinho, o êxodo é ainda mais radical do que no Brasil. A seleção campeã da Copa América de 2011 só tinha um jogador que atuava no país. Era o zagueiro Coates, que defendia justamente o Nacional. Um mês depois do título, ele foi vendido para o Liverpool, da Inglaterra.
Mesmo assim, há jogadores de relativa fama. O principal é o meia-atacante Álvaro Recoba, de 35 anos, ex-destaque do Inter de Milão. O zagueiro Andrés Scotti, de 36 anos, com habituais passagens pela seleção uruguaia, também defende o clube de Montevidéu.
Fique de olho: o Nacional tem um ex-jogador do Vasco. Trata-se do zagueiro Jadson, de 30 anos. O brasileiro, naturalizado uruguaio, foi cedido por empréstimo ao clube de Montevidéu no início do ano passado. Em dezembro, rescindiu contrato com o Cruzmaltino. É titular do Nacional.
Efeito caldeirão: a pressão depende de onde joga o Nacional. Se é em seu estádio, o Parque Central, que passa por reformas, o adversário costuma sofrer. O gramado é grudado no alambrado. Mas se é no lendário Centenário, palco da final da Copa do Mundo de 1930, o ambiente é menos desagradável. Mesmo assim, o gigante de Montevidéu, quando lotado, impressiona os visitantes.
Desempenho recente: o Campeonato Uruguaio ainda não começou. Como preparação para a Libertadores, o Nacional jogou amistosos no Chile. Venceu o Everton por 5 a 3 e empatou por 1 a 1 com o Universidad de Chile.

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