quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dois minutinhos com... Bolt: caras, bocas, nostalgia e medo de crocodilo

Em bate-papo, homem mais veloz do mundo conta que gostaria de 'se ver' em Denzel Washington no cinema e elege Halle Berry a mais bonita do mundo

Por Danielle Rocha e Gabriele Lomba Rio de Janeiro
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As pernas compridas abreviaram a distância entre a vida de poucas posses e a de conforto. Aos 15 anos, acelerou o passo. Foi deixando adversários, antigos recordes e o anonimato para trás. Não demorou para virar o homem mais rápido do mundo, dono de carrões importados, de roupas bem cortadas e de uma casa bacana em Kingston, capital da Jamaica. Ganhou amigos na realeza e outros tantos sem títulos de nobreza, que se curvam ao seu talento e carisma. E mesmo com o mundo aos seus pés, o bicampeão olímpico dos 100m e 200m rasos não se deixa deslumbrar. Em uma rápida conversa com o GLOBOESPORTE.COM, mostrou que conserva antigos hábitos. Dos tempos em que ainda era apenas o menino que corria mais rápido do que os outros no vilarejo de Sherwood Content, em Trelawny. Veja, no vídeo acima, os DOIS MINUTINHOS COM... Usain Bolt.

Naquela época, a mãe ainda passava horas a fio costurando, o pai trabalhava na produção de café e ele brincava com os colegas, ainda sonhando ser um jogador de futebol ou de críquete. Não fazia ideia do que o destino tinha em mente. Bolt pode ter saído de Sherwood Content, mas Sherwood Content não saiu dele. As árvores e o jardim que lembravam sua infância foram plantados na nova residência. No ano passado, resolveu abrir uma fundação em sua terra natal para auxiliar alunos de diferentes escolas. Se fisicamente a agenda apertada de treinos, competições e compromissos não permite que apareça por lá com a frequência desejada, em pensamento é onde Bolt, aos 26 anos, parece sempre estar.

- Se pudesse voltar no tempo para o melhor período da minha vida? Dos 6 aos 15 anos. Foi um período bom - sorri.
usain bolt mosaico (Foto: Reprodução)
Bom como o dia em que pôde usar o primeiro dinheiro que ganhou para dar um pouco mais de conforto para Jennifer, a matriarca da família. A máquina de lavar foi o presente escolhido por ele. A relação com a mãe é forte. É em direção a ela que corre sempre após uma conquista. Foi ela que pediu ao pé do ouvido que entrasse na pista dos Jogos de Pequim e quebrasse o recorde mundial de Michael Johnson nos 200m. É ela quem consegue arrancar lágrimas dele.

- Acho que a última vez que chorei foi quando senti falta da minha mãe.

Só a saudade parece ser capaz de tirar o sorriso do rosto de Bolt. Mesmo em dias ruins ou de muito cansaço, como na breve visita ao Rio na semana passada, o riso se fez presente. Na brincadeira, ao avistar a piscina em um dia de muito calor, no momento de admitir o medo de feras e a feiura dos pés, na hora de falar sobre a pior derrota fora das pistas: no videogame.
- Medos? De morrer, de crocodilos, de leões. Tenho medo de qualquer animal perigoso.

Tudo pontuado por gestos e muitas caras, bocas e expressões sérias que precedem a piada. Foi com esse jeito brincalhão e descontraído, sem meias palavras, que arrebatou fãs mundo afora. Até hoje jura que nunca precisou correr de nenhum mais ousado. Mas garante que nem sempre é bom ser Usain Bolt. Principalmente quando vai a alguma festa. E é ali que sente falta de ser mais um na multidão.
Medos? De morrer, de crocodilos, de leões. Tenho medo de qualquer animal perigoso"
Bolt
Bolt não consegue passar despercebido onde quer que vá. Nos Jogos de Londres, para manter a concentração, evitou ficar andando muito pela Vila. Atletas do mundo todo queriam uma foto ao lado da lenda. O assédio era grande e ele posava pacientemente para os flashes. O rei da velocidade gosta das lentes. Espera um dia poder ver sua história eternizada num filme. Se pudesse escolher um ator para o papel seria Denzel Washington.

Até lá, Bolt quer escrever mais uma página importante para ser contada na telona. Sonha ser o primeiro a conquistar o tricampeonato olímpico nas provas que disputa. O Engenhão poderá ser o palco da façanha em 2016. Depois de lá, o jamaicano poderá dar realizar outros dois sonhos: jogar num time de futebol profissional e aprender a tocar um instrumento musical.

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