sábado, 1 de dezembro de 2012

Alex Atala desconversa sobre erro em sorteio: 'Eu segui o protocolo'

Chef brasileiro causou confusão na definição dos grupos da Copa das Confederações. Tranquilo, ele minimiza o fato e exalta a experiência inédita

Por GLOBOESPORTE.COM* São Paulo
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O chef de cozinha Alex Atala roubou a cena no sorteio da Copa das Confederações, na manhã deste sábado, em São Paulo. Convidado pela Fifa para participar do evento retirando as bolas que definiriam a organização dos grupos da competição, o renomado profissional acabou confundindo-se e gerou constrangimento, principalmente no secretário Jérôme Valcke.
Procurado pela reportagem, Atala contemporizou em relação ao ocorrido. Classificou o próprio deslize como um “desentendimento”, mas preferiu exaltar a alegria em ter sido escolhido para o honroso posto. Mesmo a mais de seis meses para o início da Copa das Confederações, apostou no Brasil, campeão em 2005 e 2009, como favorito a conquistar o tricampeonato consecutivo no ano que vem.
– Acabou acontecendo esse desentendimento, mas eu dei as bolinhas como me pediram. Eu segui o protocolo e foram segundos mágicos. O sorteio foi bom e acho que o Brasil vai ganhar a competição – afirmou, em entrevista ao Sportv e ao GLOBOESPORTE.COM, ainda no Centro de Exposições do Anhembi, local do evento.
Jerome Valcke , Sorteio copa das Confederações (Foto: Agência AFP)Alex era o responsável por definir posições das seleções em cada chave  (Foto: Agência AFP)
O erro do chef foi ao sortear a posição A3 para o Uruguai. A Celeste não poderia integrar a mesma chave do Brasil, pelo fato de ambos serem sul-americanos. Valcke colocou a bola na posição 3 do outro grupo e só notou o erro quando a bola com a posição B3 foi retirada. Walter de Gregório, representante da Fifa, fez questão de esclarecer antes de dar início às entrevistas coletivas dos técnicos que o fato não teve qualquer influência sobre o sorteio (a falha não interferiu nas seleções de cada grupo, apenas na ordem dos jogos).
Claramente satisfeito com a experiência do sorteio oficial como um todo, Alex Atala comemorou a oportunidade de ser a referência brasileira em uma área que não é a sua, após vários anos fazendo o nome da cozinha nacional em diversos países do planeta. O chef de cozinha comparou sua área ao esporte, tratando ambas como parte fundamental da identidade verde e amarela.
– Eu vim representando o Brasil na minha área, que é a cozinha. Represento nosso país ao redor do mundo, pela culinária, e hoje tive essa experiência. O futebol é um pilar da nossa cultura, e isso tudo foi uma delícia – completou.
Atala reconheceu a dificuldade que a seleção brasileira encontrará com os adversários no Grupo A (Japão, México e Itália), mas brincou: quanto mais difícil forem os jogos, mais satisfatórias serão as vitórias, que o chef já dá como certas.
– Seria até sem graça se o Brasil caísse em um grupo mais fácil. Grandes vitórias vêm com suor, com sofrimento. Confio na Seleção e no trabalho do Felipão.
Entenda como foi a confusão no sorteio em São Paulo:
Cabeças de chave, Brasil e Espanha já estavam alocados como A1 e B1, respectivamente. Primeiro, bolas amarelas confirmaram a Seleção como A1. Depois, bolas vermelhas determinaram a Fúria como A2.
No pote 1, sobraram Uruguai e Itália (a Celeste não poderia pegar o Brasil, por serem sul-americanos, assim como Azzurra e Fúria não seriam rivais, por serem da Europa), ambas com bolas brancas. O regulamento do sorteio, disponibilizado pela Fifa, era claro: o sorteio de Uruguai e Itália seria aleatório; quando saísse a Azzurra, uma bola do pote A deveria ser retirada; quando fosse a Celeste, uma do pote B.
Adriana Lima pegou uma das bolinhas brancas e entregou a Valcke, que a abriu e tinha o nome do Uruguai. Assim, , Alex teria que pegar obrigatoriamente uma bolinha do Grupo B para os uruguaios, para determinar em qual posição a Celeste ficaria na tabela (B2, B3 ou B4). Mas o chef se enrolou e escolheu uma do Grupo A. Sem perceber a falha, o secretário-geral exibiu o papel A3 e o evento prosseguiu. Na transmissão, a Fifa alocou inicialmente a equipe de Óscar Tábarez como B3, "corrigindo" o erro do palco.
Na sequência, a bolinha branca da Itália, única que havia sobrado no pote 1, foi entregue por Adriana a Valcke. Alex, mais uma vez se enrolou, e acabou pegando duas bolinhas, uma de cada grupo (do A e do B). Irritado, o secretário-geral pediu a bola do Grupo A, que estava na mão direita do chef. Ela era a A4, que colocou a Azzurra como rival do Brasil apenas na última rodada. Ou seja, naquele momento, a Itália não poderia ser A3, já que esta bolinha não estava mais no pote (o que mudaria completamente a tabela de jogos do Grupo A).
- Isso é ruim - disse Valcke, ao perceber, enfim, o erro cometido desde a primeira etapa do sorteio.
Então, o francês tentou corrigir. O regulamento da Fifa explicava que a primeira bolinha do pote 2 (com Japão, México, Taiti e a seleção africana) seria destinada obrigatoriamente ao Grupo A, do Brasil. Adriana Lima tirou o México, que foi entregue a Valcke. Aí aconteceu mais uma polêmica: Valcke pegou diretamente o papel A3, que já estava em sua mão, e o exibiu como posição dos mexicanos, sem pedir para o chef tirar nenhuma bolinha do pote do Grupo A (assim, o papel A3 foi exibido duas vezes para a câmera durante a transmissão).
Depois, Adriana Lima tirou o Taiti como próxima seleção do Grupo B. Alex, então, entregou uma bolinha do pote do Grupo B a Valcke. E ela era a B3, que estava alocada anteriormente como Uruguai pela Fifa (no lugar do erro da A3). Valcke, mais uma vez, percebeu o erro. Constrangido, pediu desculpas ao presidente da Fifa, em francês, e disse que o Taiti seria o B3. Mas, na tabela exibida no telão, a Celeste continuava nesta posição (e o Taiti aparecia sem posição, como se não tivesse sido sorteado ainda).
A última seleção no grupo do Brasil foi o Japão, sorteado como A2, rival do time de Felipão na estreia. Por fim, o representante africano recebeu a bolinha B4, fechando a tabela. Mas ainda havia uma bola no pote do Grupo B: o B2, ainda por conta do chef no início do evento. A pedido de Valcke, Alex entregou o objeto e o francês explicou que esta seria a posição do Uruguai, confirmando assim o Taiti como B3.
* Participam da cobertura: Alexandre Lozetti, Bruno Neves, Leandro Canônico, Marcelo Baltar, Márcio Iannacca e Rodrigo Faber

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