quarta-feira, 20 de março de 2013

Oposição denuncia suposta fraude nas eleições do Fluminense em 2010

Benemérito acusa o desvio de 36 votos, que tiraram 15 vagas no Conselho da chapa derrotada pelo presidente Peter Siemsen no último pleito do clube

Por Edgard Maciel de Sá e Rafael Cavalieri Rio de Janeiro
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A reunião do Conselho Deliberativo do Fluminense na noite desta terça-feira, no Salão Nobre das Laranjeiras, foi marcada por uma denúncia. Membros da oposição do clube reuniram provas e acusaram a atual diretoria de fraude nas eleições presidenciais de 2010. A acusação é de que 36 votos destinados à chapa derrotada, Transforma Flu, do candidato Julio Bueno, foram repassados para a chapa Novo Fluminense, liderada pelo presidente Peter Siemsen. A consequente diferença de 72 votos na contagem final - que foi acompanhada por três integrantes do Ministério Público justamente para evitar problemas - possibilitou o chamado "capote", que acontece quando a chapa vencedora obtém mais do que o dobro de votos da segunda colocada e fica com todas as 150 vagas no Conselho.
Reunião do Conselho do Fluminense (Foto: Globoesporte.com)Reunião do Conselho Deliberativo do Fluminense nesta terça-feira (Foto: Globoesporte.com)
Em dezembro de 2010, a chapa Novo Fluminense recebeu 1.726 votos, contra 831 da chapa Transforma Flu. Foram ainda 37 votos nulos e quatro em branco. Segundo o estatuto do clube, para efeito do cálculo de proporção referente à definição das vagas no Conselho, os votos em branco são adicionados à contagem da chapa vencedora. Sendo assim, Peter obteve um total de 1730 votos, contra 831 de Julio Bueno e o "capote" foi oficializado, uma vez que a chapa derrotada acumulou menos de 50% dos votos da chapa vencedora. Sem a suposta fraude, no entanto, a chapa de Julio evitaria o "capote" e teria direito a 15 vagas no Conselho.
Denúncia anônima e conferência de tabelião
Estatuto do Fluminense
 
Seção V - Da Eleição
Art. 23 - § 7º
 
"No caso de duas ou mais chapas concorrerem ao Conselho Deliberativo e os votos atribuídos àquela que obtiver a segunda colocação corresponderem a, no mínimo, 50% dos votos recebidos pela chapa vencedora, estarão eleitos, como Conselheiros Efetivos, os 135 primeiros nomes inscritos na chapa vencedora e os 15 primeiros nomes inscritos na segunda colocada".
A suspeita de fraude nas eleições do Fluminense já era levantada internamente pela oposição tricolor há mais de um ano. Porém, não havia provas. Os mais curioso em toda a história é que as mesmas surgiram de maneira anônima. Recentemente, o benemérito Marcos Furtado recebeu uma encomenda sem remetente em sua casa. Na caixa, estavam todas as cédulas da eleição de 2010. Na mesma hora ele convocou um tabelião, que refez a contagem e atestou a fraude. Antes de levantar a questão na reunião desta terça-feira, Marcos também prestou queixa na 9º DP, no Catete.
- Em 30 anos, é o pior dia da história do clube, Recebi na ultima quinta-feira uma caixa com dois envelopes, neles estavam as cédulas da última eleição presidencial, assinadas e identificadas com os respectivos votos de Peter (Siemsen) e Julio Bueno, além de brancos e nulos. Consultei um advogado, que me indicou procurar um tabelião, e ficou constatado que houve um erro na contagem dos votos, mais precisamente 36. Um número é pequeno em relação a uma vitória expressiva da atual presidência, mas que há dois anos vem prejudicando 15 associados, que deixaram de ter direito a suas vagas no Conselho. Atendendo a orientaçao do advogado, entreguei os votos na 9ª DP para a devida investigação. Faço a convocação desse Conselho para reparar o dano, e estou à disposição para mostar documentos - declarou Marcos Furtado.
Solicitou-se a criação de uma comissão par acompanhar a investigação policial. O presidente do Conselho Deliberativo, Braz Mazullo, disse durante a reunião que seguramente os poderes do clube vão apurar a denúncia, mas que também é preciso esperar o que vai fazer a Polícia, uma vez que ela foi acionada. Por meio de sua assessoria, a diretoria do clube avisou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Se futuramente for comprovado o erro, os 15 conselheiros da oposição devem ser empossados, mesmo faltando pouco menos de nove meses para o fim do primeiro mandato de Peter Siemsen. Entre os que teriam direito ao cargo, estão nomes conhecidos como Ricardo Tenório (vice-presidente de futebol na arrancada de 2009, que impediu o rebaixamento no Campeonato Brasileiro), Julio Domingues e José de Souza (vice-presidentes gerais na primeira e segunda gestões do ex-presidente Roberto Horcades, respectivamente), e ainda o ex-presidente David Fischel, que comandou o clube entre 1999 e 2004. Curiosamente, alguns dos 15 nomes hoje apoiam a gestão de Siemsen.

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