segunda-feira, 3 de junho de 2013

Bom humor, suor e descontração: um dia na academia de Wanderlei Silva

Lutador tira fotos e distribui autógrafos para alunos e fãs em Las Vegas, dá aula para crianças e senhoras e revela o sonho de projeto social no Brasil

Por Las Vegas, EUA
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"O dia está movimentado hoje. Tem treino com o Wanderlei, e o gerente faltou. Mas ele já está chegando". Foi assim, dez minutos antes do horário marcado, que a equipe do Combate.com foi recebida na Wand Fight Team, num grande galpão próximo à famosa rua dos cassinos em Las Vegas. As boas-vindas foram dadas pela esposa de Wanderlei Silva, Téa, que mostrava certa pressa.
Não era à toa. A grande movimentação não era em vão. A presença de Wanderlei Silva não é uma constante na sua academia. Com uma agenda lotada de viagens, palestras e lutas, o "Cachorro Louco" divide seu tempo entre os diversos compromissos pelo mundo. Assim, a sua presença numa aula é um luxo para os cerca de 30 alunos que se preparam para treinar com uma das maiores lendas do MMA mundial.
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Parentes de alunos e fãs assistem à aula de Wanderlei Silva, em Las Vegas (Foto: Marcelo Russio)
O grupo é heterogêneo. Crianças, jovens, adultos, senhores e senhoras. Pontualmente às 11h, Wanderlei Silva aparece na academia, dando início a um ritual incessante de fotos e autógrafos. Com paciência e um largo sorriso, ele atende a todos, sem exceção, e avisa aos alunos que a aula começará em dez minutos.
A academia não deixa nada a desejar às melhores de Las Vegas. Eleita em 2011 a melhor do mundo, a Wand Fight Team possui área de treino para amadores, sala de musculação de ponta, um octógono para a aula dos profissionais que serve de área de recreação para as crianças enquanto seus pais treinam, e uma pequena loja, logo na entrada, onde são vendidas camisas e material de treino.
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Wanderlei Silva brinca com bebê e sua mãe em sua academia, em Las Vegas (Foto: Marcelo Russio)
Um escritório de frente para o tatame completa o cenário, decorado com bandeiras de diversos países, troféus de Wanderlei Silva e pôsteres com capas de revistas nas quais o brasileiro se destaca. Ao contrário da maioria das academias, a limpeza é uma obsessão. Não há cheiro de suor ou sequer um papel no chão. Tudo é mantido rigorosamente limpo. Segundo Wanderlei, mérito de sua esposa, que é quem administra o negócio.
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Wanderlei auxilia alunos no aquecimento antes da aula
que durou quase duas horas (Foto: Marcelo Russio)
A aula começa com um pequeno aquecimento, aparentemente leve, com polichinelos, corrida em torno do tatame e pequenos saltos que escondem a exigência do mestre.
- Deve durar uma hora e meia, mais ou menos. Vou tirar o couro deles. Todo mundo hoje vai sair se arrastando de tão cansado - diz Wanderlei antes de entrar no tatame, seguido pelos instrutores e por um cinegrafista que registra todos os seus passos durante a aula, inclusive conversas em português com a esposa e os treinadores.
Após uma rápida preleção, Wanderlei apresenta a provável nova contratação de sua equipe: o brasileiro Ricardo Demente, que foi acompanhado da esposa e do filho. Campeão do ADCC (maior torneio de luta agarrada do mundo) e dono de diversos títulos no jiu-jítsu, Demente diz estar perto de assinar contrato com a academia.
- Ainda não fechamos, mas estamos muito perto. Sem dúvida é uma excelente oportunidade de treinar com uma lenda, além de ganhar uma boa exposição. Sou professor de jiu-jítsu e luto MMA, mas o meu objetivo agora é focar no MMA, que tem rendido muito bem - diz o brasileiro.
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Cartaz que ensina em inglês termos comuns no jargão do jiu-jítsu no Brasil (Foto: Marcelo Russio)
Durante quase duas horas, Wanderlei e seus instrutores ensinam diversas posições e divertem os alunos com explicações bem-humoradas. Os que têm mais dificuldade em assimilar o que é ensinado recebem auxílio do próprio Wanderlei, que não faz distinção entre crianças ou jovens. Recebe os golpes com a mesma seriedade com que os aplica.
No fim da aula, após uma foto conjunta com os alunos, ele é novamente solicitado a tirar mais fotos com pessoas que estavam à espera do fim da aula, ou que simplesmente entraram na academia na esperança de ver o ídolo de perto. Com paciência, o lutador atende novamente a todos e tem o cuidado de pedir que alguns escrevam seus nomes na palma da mão para que a dedicatória na camisa não saia com a grafia errada.
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Foto dos alunos da academia com Wanderlei Silva e os instrutores da academia (Foto: Marcelo Russio)
Após cumprir o ritual e ver a fila acabar, Wanderlei Silva concedeu uma longa entrevista, na qual abordou diversos assuntos. Sempre com bom humor, respondeu tudo sem fugir de nenhum assunto. Confira a íntegra do bate-papo realizado horas antes de o lutador se dirigir ao MGM Grand Garden Arena, aonde acompanhou o UFC 160.
Combate.com - Como está andando a sua academia? Você está feliz com o rumo que o seu negócio tomou?
Wanderlei Silva -
O projeto está muito legal, e estou muito feliz com os resultados. Tivemos que aumentar o tamanho do tatame, porque a procura é muito grande. Já estou quase dizendo: "Chega, chega, não deixa ninguém mais se matricular, porque não dá mais (risos)". Lutador amador eu não estou aceitando mais, porque tem muitos aqui. Alguns atletas nossos já têm lutado, e um deles já tem dois cinturões de MMA amador no peso-meio-pesado, agora vai disputar mais um, só que no peso-médio. Tenho alguns que viraram profissionais, tenho também alunos homens, mulheres, senhoras, crianças... Isso é pra mostrar que esse é um esporte que pode ser feito por qualquer um.
Sua academia foi eleita a melhor do mundo em 2011. Imaginava que um dia isso fosse acontecer?
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Wanderlei Silva posa em sua academia com a esposa,
Téa, e o filho, Thor (Foto: Marcelo Russio)
Dizer que eu ganhei sozinho é uma baita sacanagem. Quem carrega tudo aqui é a minha esposa. Quando nós chegamos em Las Vegas e vimos esse galpão, soubemos que para comprá-lo o valor era de US$ 24 milhões (cerca de R$ 50,2 milhões). Os caras aqui não brincam com dinheiro, mas descobrimos que o aluguel era uma merreca. Fechamos o negócio na hora e começamos a reformar. Minha mulher é médica e administradora, tem uma cabeça boa para isso.
Aqui circulam 700 pessoas por dia, e você não vê um papel no chão. Costumo dizer que a minha academia cheira a banheiro de mulher, não tem aquele cheiro de suor, nem sujeira. Tudo é limpinho, atende a todos os públicos. A minha esposa está mesmo de parabéns, e eu nunca iria imaginar que chegaria até aqui, porque abrir uma academia faz você entrar na selva dos negócios, com gente querendo puxar o seu tapete. Mas graças a Deus a academia tem uma energia muito boa. Tem muito brasileiro que vem passar uns dias aqui em Las Vegas e aparece para fazer um treino, dar uma suada. Muita gente hoje gosta de luta, mas não faz aula por medo de apanhar, de se machucar. Só que o sistema mudou, não é mais como antigamente. Hoje você faz aula, se diverte, aprende sem contato. Quem vai se desenvolvendo e quer ser profissional, aí faz um treino diferenciado.
Como está a sua agenda? Muitos compromissos além das lutas?
Tenho feito seminários no mundo inteiro, tenho viajado bastante passando o ensinamento das artes marciais e sempre vejo muitos talentos por onde passo. Estive em Guam (ilha na Micronésia, no Oeste do Oceano Pacífico) e vi muita gente com potencial. Fui para a Europa e Austrália. O Brasil é o lugar que menos fiz seminários, mas agora vou iniciar uma série por lá, e também estamos montando palestras motivacionais, que rendem muito bem porque temos uma mensagem muito boa para passar, uma história para contar. Todo mundo sabe o quanto ralou pra chegar ao sucesso na sua profissão. Vocês, jornalistas, para fazerem matéria em Las Vegas, quantas pautas "suburbanas" não fizeram, né? (risos) Tem que ralar uns dez anos para começar a pensar em pegar um avião e trabalhar em histórias mais legais. É por aí. Todos nós temos uma história para contar, e isso é uma coisa que as pessoas se identificam com a gente, principalmente as que vieram de baixo e trabalharam muito para chegar onde chegaram.
Existe alguma luta que você ainda gostaria de fazer, alguma revanche ou superluta?
Acho que o cenário está sempre mudando. Caras novos chegam, caras antigos vão... O bom é você ser um atleta que possa ser colocado em coevento principal ou evento principal em qualquer lugar do mundo. Isso é uma das coisas que mais gosto, de poder lutar em qualquer lugar e ser querido e ter público.
Qual luta você elege a melhor da sua carreira?
Quinton Rampage Jackson no UFC 135 (Foto: Divulgação/UFC)Segunda luta contra Rampage é eleita por Wanderlei
Silva a melhor de sua vida (Foto: Divulgação/UFC)
A segunda contra o Quinton "Rampage" Jackson foi um dos nocautes mais bonitos da história do MMA, senão o mais bonito, pela dificuldade do adversário, pela situação que era, uma revanche. As pessoas falavam que ele tinha lutado de um jeito contra o Chuck Liddell na primeira vez que eles se enfrentaram, havia muita pressão. Aquele nocaute foi realmente especial.
Você já fechou contrato para a entrada de Ricardo Demente na sua equipe?
Ele está para assinar e vir para a nossa academia. Nós, que temos escola, quando conseguimos um professor dessa categoria, desse quilate, com vários títulos de campeão mundial, brasileiro, ADCC, acabamos refinando toda a academia. Todo mundo se beneficia disso. Ele é muito experiente e é um cavalo de forte. Se eu pego o Demente para empresariar, vou ganhar um dinheiro com ele (risos). Ele é um cara do jiu-jítsu. Ainda não vi as lutas dele de MMA, mas treinamos juntos na Kings MMA do Rafael Cordeiro, e ele mostrou um bom jogo em pé. Existem muitos eventos hoje, mas o mundo está carente de bons lutadores. Tem muita gente aparecendo, mas a qualidade é um pouco baixa. Pelo número de profissionais que estão no mercado, e há caras bons, acredito que é possível ter um ídolo em cada arte marcial. Acho que o Demente pode ser o próximo representante do jiu-jítsu no MMA.
É verdade que você e sua esposa estão planejando ter mais um filho?
MMA - Academia Wanderlei Silva (Foto: Marcelo Russio)Thor, filho de Wanderlei Silva, deve ganhar dois irmãos
em breve, pelos planos do pai (Foto: Marcelo Russio)
Eu sou tão bom que vou fazer gêmeos nela logo (risos). Eu disse: "Você quer? Então vamos fazer logo dois, para você ficar comigo até o fim da vida". Tem que segurar a mulher, cara. Olha a qualidade da patroa (risos). Na verdade, fiz vasectomia porque não queria mais ter filhos. Eu conversei com ela ná época da gravidez do Thor e disse que pararíamos se viesse um menino. Se viesse uma menina, eu iria querer outro, porque queria muito um menino. Aí veio o Thor, e estava tudo legal. Mas agora vemos um monte de criança bonita chegando na academia, e a vontade bateu nela. Decidimos fazer uma inseminação para ter gêmeos logo. Aí fica show, já teremos metade de um time de futsal (risos).
Como está o seu contrato com o UFC?
Ainda faltam umas três lutas, e espero voltar a lutar ainda esse ano. Mas tem muita coisa aparecendo, o MMA está abrindo muitas portas aqui nos EUA. Aqui o cara aprende a fazer o "business". No Brasil a coisa começou a melhorar, estou com bons patrocinadores lá, o mercado está excelente. Se fosse um lutador iniciante agora, lutaria todo mês. Antigamente lutava todo evento que aparecia. Lutei dez anos de graça, sem ganhar nada. Minha primeira bolsa foi de R$ 700 para lutar três vezes na mesma noite. Eram três lutas de muay thai numa boate em São Paulo. Demorei um ano para lutar de novo, e mais um ano depois. O sistema de treinamento antigo era muito sofrido, você apanhava muito. Lembro que era o mais novo e o único branco da academia... Os caras me quebravam todo (risos). Acostumei-me a apanhar. Mas também, quando comecei a bater, rapaz, aí ficou legal para caramba (risos).
Quando eu ganhei do Sakuraba, fui capa de todos os jornais, era estrela, não andava na rua no Japão. Mas quando voltava para o Brasil ia trabalhar no bar"
Wanderlei Silva, lutador do UFC
Você sente saudade do Pride?
Cada evento tem a sua peculiaridade, mas nós sempre estamos sob pressão. Não interessa se é um evento para dez ou para mil pessoas. A pressão é a mesma. Aquele evento era muito difícil, e não tinha outro. Era um grupo muito seleto de lutadores que lutavam entre eles mesmos. Se perdesse duas ou três e te mandassem embora, você ficava sem nada. Era muita pressão, porque perder o emprego e não ter para onde ir é complicado. Eu gostava daquele clima, me sentia uma estrela mesmo. E teve uma coisa engraçada: comecei a lutar no Pride e assinei um contrato de cinco lutas por cinco mil dólares. Mil dólares por luta. Eu pagava dois mil dólares para os empresários, e sobravam três mil. Só que comecei a ir bem, mas ainda tinha que trabalhar no bar do meu pai. Quando eu ganhei do Sakuraba, fui capa de todos os jornais, era estrela, não andava na rua no Japão. Mas quando voltava para o Brasil ia trabalhar no bar. Também dava aula, tinha que sobreviver. É aquele deserto que todo mundo passa na vida para chegar a fazer sucesso. Poucos passam por ele, é muito fácil deixar para lá e se entregar.
Qual a sua opinião sobre o TRT (reposição hormonal para corrigir os níveis de testosterona, tratamento usado por alguns lutadores, como Vitor Belfort)?
Minha esposa é médica, e eu cogitei fazer. Aí disse a ela: "Meu bem, você viu que está tendo esse negócio de TRT que estão fazendo? Legal, né?" e ela me disse: "Se você tomar isso, eu te dou na cara, me separo! Você parece um menino, um adolescente, não tem problema nenhum! Não vou nem testar, porque com você está tudo certo!" (risos). Se o cara precisa, se ele necessita, tem que fazer. Mas esportivamente, na minha opinião, tem que ser sim ou não. Não existe mais ou menos. Qualquer médico pode chegar para você e dizer que seu número está baixo. Você toma o que quiser, e ele vai lá e atesta que está legal.
As pessoas não sabem, mas isso é anabolizante, é bomba. Você está sendo anabolizado pelo TRT. É uma forma mais leve de dizer que é esteroide. Se você usa, e o seu adversário não, você está sendo desleal com ele"
Wanderlei Silva, lutador do UFC
Acho que isso é desleal, não deveria ser usado. Ou é liberado para todo mundo fazer, e cada um se responsabiliza pela sua saúde, explica para o público que é algo que não se pode fazer, ou é proibido. As pessoas não sabem, mas isso é anabolizante, é bomba. Você está sendo anabolizado pelo TRT. É uma forma mais leve de dizer que é esteroide. Se você usa, e o seu adversário não, você está sendo desleal com ele. Eu sou contra, não deve ser liberado, porque muitos têm auxílio médico, mas tem muito burro por aí que sai tomando qualquer coisa de qualquer jeito. Um conhecido meu no Brasil, um cara forte, teve um ataque do coração, morreu. Quando foram ver, ele estava usando anabolizantes. Tem todo tipo de academia, todo tipo de médico por aí. É muito perigoso.
Você lutou bastante no IVC. Como era o clima das lutas?
Aquilo era selvagem. Não tinha evento gringo nenhum que fosse tanta carnificina. Existia um acordo de cavalheiros que os lutadores faziam para não enfiar dedo no olho ou aplicar golpe nos genitais. Mas se você fizesse, podia. Não era ilegal. Não sei se não valia morder, mas com o protetor bucal complicava um pouco (risos). Fiz dez lutas nesse evento porque me identifiquei com o estilo agressivo. Mas também não tinha outro. O prêmio era de R$ 10 mil para o campeão, e R$ 4 mil para o segundo. Lembro que estava espancando o meu adversário numa final, mas numa cabeçada que eu dei, abriu um ferimento e sangrou muito. Acabei perdendo e fiquei com R$ 4 mil. Poxa, vivi um ano com aquele prêmio. Deixava o dinheiro no bolso de uma camisa no guarda-roupas. Quando precisava de um dinheiro, tirava de lá.
Depois disso fiquei um ano sem lutar. Quando voltei de novo para o IVC, o organizador, Sergio Batarelli, me deu o campeão dos pesos-pesados, o Mike van Arsdale, que tinha vencido três lutas na mesma noite. Foi a primeira vez na minha vida que saiu a minha foto num cartaz. Aí colei o cartaz no bar onde trabalhava. Meus amigos chegavam, viam a minha foto ao lado daquele monstro e diziam que o cara ia me matar (risos). Isso foi uma lição. Você tem que acreditar em você, não no que dizem. Precisa seguir a sua intuição, fazer até mais do que você imagina. Basta ter alguém que mostre o caminho para você ralar em cima. Eu estou procurando esse cara agora.
Você já está estabelecido em Las Vegas. Imagina realizar alguma ação no Brasil?
Academia do lutador Wanderlei Silva em Las Vegas (Foto: Marcelo Russio/Globoesporte.com)Academia do lutador Wanderlei Silva em Las Vegas
(Foto: Marcelo Russio)
Quero montar uma escola como essa no Brasil, oferecer aulas de graça para o cara treinar, tomar um banho, comer alguma coisa e ir embora. Educação é esporte e escola, mas fazer esporte é caro. Tem que pagar condução, equipamento, tudo. Não é fácil, e se perde muita gente por isso. Tive esse suporte, e vou fazer por alguém agora. Comecei a fazer trabalho social nos EUA, mas o pobre daqui quer trocar o tênis Nike dele, o iPod dele. É diferente do pobre do Brasil.
Lá eu entrei em contato com algumas pessoas e quase fiz esse projeto em Ponta Grossa (PR). Quando meu pai morreu, fiquei um mês na casa da minha mãe, numa cidadezinha chamada Abapã, no meio do mato. Vi que o pobre do interior é mais pobre que o da cidade. Você vê uma mãe com quatro filhos sem dinheiro para comprar chinelos para apenas um deles. Se você montar um tatame lá, ele pode ter a chance de virar atleta, ou arrumar trabalho em outro lugar por indicação. Dá para educar a pessoa. Espero usar os conhecimentos que tenho e os amigos que fiz ao redor do mundo para angariar os fundos e fazer isso. Infelizmente, no Brasil é complicado dizer que vai fazer um projeto social. Esse tipo de coisa está tão queimado que as pessoas já dizem que o cara vai roubar. Mas eu aviso logo: estou rico, não preciso de mais dinheiro para viver. Tenho dinheiro suficiente para viver três vidas, mas não posso usar esse dinheiro para fazer o social. Quero usar os incentivos da lei para viabilizar uma estrutura dessas, para poder tirar muita gente da pobreza em que estão.

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