sexta-feira, 26 de julho de 2013

Benavidez ignora estatística e planeja roubar torcida de Formiga em BH

Ex-desafiante número 1 diz que sempre se sai bem contra lutadores vindos do jiu-jítsu e espera subverter tendência de derrotas de americanos no Brasil

Por Las Vegas
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No último evento do UFC no Brasil, os lutadores estrangeiros experimentaram o sabor amargo de se enfrentar um brasileiro em sua casa: os atletas locais venceram todas as sete lutas internacionais do evento. A tendência não é novidade: desde que o Ultimate voltou a fazer torneios no país, lutadores brasileiros venceram mais de 80% de suas lutas contra "gringos". Quando o duelo é contra americanos, o aproveitamento diminui um pouco, mas segue excelente: 77,1%, sendo 27 vitórias em 35 lutas.
Quando aceitou a luta contra o potiguar Jussier Formiga no UFC: Glover x Bader, no próximo dia 4 de setembro em Belo Horizonte, o americano Joseph Benavidez jamais tinha ouvido essa estatística. Apesar disso, o ex-desafiante número 1 dos pesos-moscas não se preocupou ao ouvir a novidade, durante uma entrevista para o Combate.com.
Joseph Benavidez UFC MMA (Foto: Evelyn Rodrigues)Joseph Benavidez: confiante para luta em BH contra Jussier Formiga (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Do jeito que penso, ouvindo essas estatísticas, basicamente, penso que é uma nova luta. Essas lutas não afetam a minha luta. Vou enfrentar um cara pela primeira vez, essa é a estatística que interessa para mim e não o resto delas, porque essas pessoas não são eu e nem o Formiga. É assim que tenho que encarar quando tem algo tão louco quanto isso. Mas se eu fosse brasileiro, por outro lado, eu iria certamente adotar isso! (risos) "Se eles vierem aqui, vou ganhar deles", isso me daria confiança, mas como não está do meu lado, vou ter que deixar de lado e esquecer - explicou Benavidez.
Ao invés disso, o lutador da equipe Alpha Male espera fazer uma grande luta contra o atleta da Nova União e roubar a torcida do adversário com sua atuação.
- Não é nenhum segredo que os brasileiros são os fãs mais apaixonados de MMA do mundo. Na primeira luta da noite, eles estarão na arena, gritando. Vou enfrentar um brasileiro, então eles provavelmente vão me odiar antes da luta, mas, ao final, planejo que eles estejam me amando, torcendo por mim, e roubar o coração deles ao dar tudo o que tenho. Já fui ao Brasil antes, no Rio, me diverti muito, então poder ir para lá e lutar é incrível - afirmou.
Confira abaixo a entrevista de Benavidez na íntegra:
Combate.com: Na sua próxima luta, você vai enfrentar um brasileiro, no Brasil. Você está empolgado?
Joseph Benavidez: Sim, estou empolgado, vamos nessa. Eu e Formiga nos enfrentarmos em setembro no Brasil... Não é nenhum segredo que os brasileiros são os fãs mais apaixonados de MMA do mundo. Na primeira luta da noite, eles estarão na arena, gritando. Vou enfrentar um brasileiro, então eles provavelmente vão me odiar antes da luta, mas, ao final, planejo que eles estejam me amando, torcendo por mim, e roubar o coração deles ao dar tudo o que tenho. Já fui ao Brasil antes, no Rio, me diverti muito, então poder ir para lá e lutar é incrível.
Lembro que você esteve no primeiro UFC Rio para assistir. Qual foi sua sensação? Você ficou surpreso com a paixão e intensidade da torcida?
Foi surpreendente, com certeza. Eu certamente esperava que ficasse bem barulhento quando Anderson Silva lutasse, aquele cara vai fazer você gritar não importa aonde ele lute, mas estava em outro nível. Estava louco, muito intenso. E não só isso, desde a primeira luta da noite! Se você vai a Las Vegas, ou a qualquer outro lugar, e é a primeira luta da noite, você tem sorte de sequer ter alguém na plateia assistindo. Lá, não só há uma plateia, eles estão prontos para gritar. Foi surpreendente. Foi a torcida mais barulhenta, apaixonada e intensa que já vi. Isso traz o melhor de um lutador.
Joseph Benavidez luta UFC contra Darren Uyenoyama (Foto: Getty Images)Benavidez nocauteou Darren Uyenoyama em sua
última luta (Foto: Getty Images)
Sua equipe, Alpha Male, tem uma rivalidade com a equipe do Formiga, Nova União...
Nós temos? Não fazia ideia! (risos) Não, estou só brincando.
Vocês parecem sempre estarem se enfrentando e são considerados os dois melhores times nas categorias mais leves. Isso te motiva mais?
Com certeza. Alguém mencionou isso para mim e eu nunca pensei nisso antes. Nós lutamos individualmente e não notamos isso. Mas alguém mencionou que não nos saímos muito bem contra eles. E dizem que nós somos uma boa equipe de categorias mais leves, gostaria que parassem de dizer isso e disserem que somos uma boa equipe no total, por que de que importa (a categoria)? Somos todos grandes lutadores. Mas de qualquer forma, isso não é minha maior motivação, bater alguém da Nova União. Quero apenas bater quem estiver na minha frente e, se for um cara da Nova União e eu puder honrar o meu time e meus treinadores desta forma, melhor ainda. Só estou olhando para o Formiga como um lutador individual que vou enfrentar.
O jogo do Formiga não é um mistério: ele gosta de colocar para baixo e finalizar com seu jiu-jítsu. A chave para você é manter a luta em pé?
Com certeza. Mas sou um lutador completo. Se eu derrubar Formiga, acho que vou me dar bem e, se ele me derrubar, eu vou estar bem. Acho que ele não vai me finalizar mesmo que me coloque para baixo. Tenho 100% de confiança que posso me levantar e sair de baixo, passar a posição... É uma luta, nós dois somos completos, e sei que o jogo em pé do Formiga está melhorando. Estou empolgado, porque sinto que ele é quase uma versão melhor e mais rápida do meu último oponente, Darren (Uyenoyama). Um pouco melhor, mais rápido, mais jovem, melhor em pé, um pouco melhor nas quedas e no jiu-jítsu. Então é perfeito. Eu destrocei (Darren), então acho que é um bom casamento de luta para mim. Sempre me saio muito bem contra caras do jiu-jítsu, não sei por quê. Estou muito animado. Acho que tenho todas as ferramentas para fazer uma grande luta e finalizar.
Você sente que esta é uma luta pelo posto de desafiante número 1?
Nem penso nisso. Mas, até onde ouvi, quando lutei com Uncle Creepy (Ian McCall), poderia ter sido uma luta pelo posto de desafiante número 1, mas queria me manter lutando, sem me estressar em lutar pelo título. Quero melhorar luta a luta, pegar cada luta que vier. Acho que sou o próximo melhor lutador da divisão após Demetrious (Johnson, atual campeão), então qualquer luta que eu vencer, posso lutar pelo título em seguida. Vamos ver o que acontece, a divisão é muito pequena, então não há muitas outras coisas que eles possam fazer. Após eu vencer minha terceira luta seguida, eles podem querer me dar outra chance e eu estarei pronto. Mas, se tiver que lutar mais uma, estarei pronto também.
UFC  152 Demetrious Johnson e Joseph Benavidez (Foto: Agência Getty Images)Joseph Benavidez perdeu a disputa pelo cinturão para Demetrious Johnson em 2012 (Foto: Getty Images)
Todos têm falado que os treinos na Alpha Male ficaram muito bons depois que o Duane Ludwig chegou, mas você viajou e ficou um tempo longe do time. O que você tem feito?
Eu sempre fiz isso. Eu costumava buscar treinos porque eu não estava muito contente com nossos treinadores. Sempre gostei do time, somos uma família e literalmente tenho os melhores caras da minha categoria para treinar, e maiores do que eu, o que torna isso ainda melhor. Mas não é nenhum segredo que, até Duane chegar, não havia muita direção. Eram lutadores treinando lutadores, entrando no pau, e dizendo "É, cara, você foi muito bem hoje!" Não tinha técnicos treinando, fazendo coisas de treinador, como assistir vídeo e analisar oponentes, fazendo uma estratégia. Eu viajava muito, fazia isso muito aqui em Las Vegas, mas agora que temos o Duane, sinto que não preciso mais ir a lugar nenhum. Outra coisa boa de ser do Alpha Male é que temos muitos caras do mundo inteiro vindo até nós para treinar conosco. Teve uma vez que tivemos uma "invasão japonesa", tínhamos uns seis japoneses ao mesmo tempo. Mas outra semana, fui a Cingapura para treinar na Evolve MMA, um ótimo lugar, com grande time e academia, uma das academias mais bonitas que já vi, tive bons treinos, com ótimos caras do jiu-jítsu. Temos caras muito bons no jiu-jítsu, mas quando você treina com faixas-pretas de alto nível, é outra coisa. E como vou enfrentar um cara do jiu-jítsu agora, funcionou ainda melhor. Também fui à Tailândia para treinar um pouco, viajar é muito bom e conhecer novos caras. Mas, sinceramente, a única coisa que eu sentia falta lá era que pensava que eu estava perdendo a aula do Duane (risos). Pensava no que ele estava ensinando e melhorando, e pensei, "Droga! Eu estaria melhorando tanto com isso e aquilo!" Mas eu gostei de viajar e farei mais no futuro.
Você viu as estatísticas que fizeram de americanos lutando no Brasil contra brasileiros? Desde que o UFC começou a ir ao Brasil (em 2011), americanos enfrentando brasileiros só venceram cerca de 23% das lutas. Os brasileiros vencem 77% das vezes em casa. O que você acha disso?
Também tem que ser considerado que os brasileiros são grandes lutadores em geral. Estamos falando de como a torcida é tão apaixonada, e isso deve fazer alguma diferença - deve inspirar muito ter uma cidade inteira te apoiando ao entrar. Mas talvez tenha sido o casamento das lutas. Do jeito que penso, ouvindo essas estatísticas, basicamente, sinto que é uma nova luta. Essas lutas não afetam a minha luta. Vou enfrentar um cara pela primeira vez, essa é a estatística que interessa para mim e não o resto delas, porque essas pessoas não são eu e nem o Formiga. É assim que tenho que encarar quando tem algo tão louco quanto isso. Mas se eu fosse brasileiro, por outro lado, eu iria certamente adotar isso! (risos) "Se eles vierem aqui, vou ganhar deles", isso me daria confiança, mas como não está do meu lado, vou ter que deixar de lado e esquecer.
Sua última luta foi uma de suas melhores atuações. Você sente que tem que vencer de forma enfática para provar que está à frente dos outros?
Sem o título e sem as pessoas estarem querendo julgar se devo estar na luta pelo título, sempre quero me provar e bater o cara tanto quanto eu puder. Sempre me arrisco e faço minha luta não importa o que haja. Posso tentar três guilhotinas contra um faixa-preta que é excelente por cima. Vou sempre dar tudo de mim e tentar bater o máximo que posso. Perder a luta pelo título certamente me deu uma motivação extra para lutar e dar o meu melhor. É muito cliché, mas dizem que você aprende muito com suas derrotas, e eu aprendi muito mentalmente com esta. Eu melhorei muito. Tenho uma visão muito melhor da luta agora, que não é vida ou morte. Isso não sou eu. Eu sempre me diverti, vencendo ou perdendo, e a luta do título, eu encarei como se fosse vida ou morte. Perdi e não morri, minha família ainda me ama, minha namorada ainda gosta de mim. Não dá para levar tão a sério. Estou lutando como eu lutava e estou me divertindo. Duane também tem um papel nisso. Acho que eu não teria destroçado o Uyenoyama como fiz se não fosse a tutelagem do Duane por todo o ano. Eu sempre estive confortável no ataque, mas agora estou mais limpo e mais técnico. Quero entrar e mostrar que sou o melhor do mundo, mas isso não importa, porque você vai ter que provar outras vezes. Então, quero apenas lutar, melhorar, receber meu pagamento, e lutar para quando chegar ao título, fazer a melhor luta que posso. Você não pode controlar o resultado. Isso é outra coisa que aprendi. Era uma coisa que estava tentando fazer naquela luta, controlar o resultado, e não soltei meu jogo.

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