sexta-feira, 6 de setembro de 2013

CAB apresenta planos em congresso e anuncia regulamentação do Wocs

Evento será o primeiro de origem nacional chancelado pela comissão atlética, que se articula para padronizar práticas do MMA no Brasil

Por Rio de Janeiro
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Nesta sexta-feira, foi realizado no Rio de Janeiro o 1º Congresso Brasileiro de MMA, organizado pela Comissão Atlética Brasileira de MMA (CAB), responsável pela regulamentação dos eventos do UFC no Brasil. O evento foi um encontro da comunidade do esporte no país, com palestras sobre o estado do MMA e suas oportunidades de negócio, mas também serviu como a tarde de apresentação da comissão aos atletas, treinadores, dirigentes e aficionados. Entre as novidades introduzidas na convenção, esteve o anúncio do primeiro evento brasileiro a ser sancionado pela CAB: o Wocs, que fará três "eventos-teste" até o final do ano para que ambas as partes se adaptem, até que a comissão assuma a regulamentação total do torneio a partir de 2014.
- Sabemos que o esporte está crescendo e nossa preocupação primordial é com a integridade física do atleta. Se acontece alguma coisa no evento, vai respingar para todo mundo. Vimos isso como o diferencial (da CAB) e achamos super válida a proposta. Veio no momento certo, de crescimento do Wocs e do MMA. Conseguimos alinhar os pontos que estavam conflitantes. O mercado brasileiro é completamente diferente do UFC, então optamos por um estágio. Teremos quatro edições até o final do ano, com um estágio por três edições, e, na última edição, eles vão efetivamente tomar a frente do negócio. Eles vão cuidar de tudo, assim como fazem no UFC: cuidar do quadro de médicos, cutmen, árbitros, pessoal que toca o evento, será todo da CAB - explicou Otávio "Tatá" Duarte, um dos promotores do Wocs, ao Combate.com.
Giovanni Biscardi, Rafael Favetti, Erika Mattsson e Mike Mersch no Congresso Brasileiro de MMA (Foto: Adriano Albuquerque)Giovanni Biscardi, Rafael Favetti, Erika Mattsson e Mike Mersch dão palestra no 1º Congresso Brasileiro de MMA (Foto: Adriano Albuquerque)
Segundo o CEO da comissão atlética, Giovanni Biscardi, outros eventos de MMA do país já procuraram a entidade para obter sua chancela, e a CAB pretende usar o Wocs como exemplo para os demais promotores que queiram ser regulamentados.
- Tivemos a humildade de entender que, hoje, o promotor de boa fé trabalha com orçamento e com expectativas da estrutura dele que não comportam, da noite para o dia, trazer nossa estrutura para sancionar o evento. Tivemos a afiliação do Wocs, vamos fazer um número de eventos identificando os pontos positivos e negativos e o que temos de fazer de ajustes. Isso vai servir de espelho para outros que venham conosco, e desejo que, no futuro próximo, estejamos chancelando todos os eventos nacionais. A gente focou inteiramente no Tatá porque chegamos à conclusão que, para essa questão de orçamento, das adequações que precisam ser feitas, se a gente começasse a conversar com todo mundo ao mesmo tempo, cada um ia apresentar uma demanda e não íamos desenvolver um formato e uma metodologia para trazer o evento nacional para dentro da comissão atlética. Com isso, focamos em fechar com o Wocs e, agora, acho que é o momento adequado. Mostraremos o que funcionou com o Wocs para que funcione com os demais eventos também - explanou Biscardi.
Cláudio Pavanelli, Santiago Ponzinibbio, Erick Silva, Márcio Tannure, Rogério Camões e Rafael Feijão no Congresso Brasileiro de MMA (Foto: Adriano Albuquerque)Cláudio Pavanelli (esq.) falou sobre preparação
física no MMA (Foto: Adriano Albuquerque)
Além da palestra geral apresentando o trabalho da CAB, o congresso incluiu reuniões dos comitês médico, de arbitragem e de MMA amador, que apresentaram suas metodologias e padrões. A intenção da comissão é padronizar as práticas do esporte no país inteiro e promover a segurança dos atletas praticantes, uma das preocupações centrais da Federação Internacional de MMA (IMMAF), entidade à qual a CAB é afiliada e que esteve representada por sua diretora de comunicações, Erika Mattsson. Ela reconheceu que sua organização, que ela classificou como a "Fifa do MMA", teve dificuldades em selecionar uma afiliada no país.
- O Brasil é um dos países em que passamos muito tempo e do qual tivemos muitas aplicações por filiação. Tivemos de descartar as anteriores, porque havia muita animosidade entre essas confederações. Queríamos começar com algo novo, e a CAB cumpre isso - disse Mattsson em sua palestra.
Outro requisito para a filiação da comissão é que seja isenta e independente. O chairman da CAB, Rafael Favetti, assegurou que a comissão não faz eventos, não agencia atletas e "não depende de nem um centavo de dinheiro público, e nem queremos isso". Apesar disso, a entidade mantém diálogo com membros do governo federal para garantir o reconhecimento do MMA como esporte, além de trabalhar contra o projeto de lei 5534/2009, do deputado federal José Mentor (PT-SP), que pede a proibição das transmissões de lutas de MMA na televisão.
- Talvez, este mês de setembro seja essencial para o MMA. O Conselho Nacional de Esporte pode votar se, para o Ministério e para o Conselho, o MMA é considerado esporte ou não. Se passar, e tem que passar, continuaremos como está e com mais legitimidade. Se não passar, é um problema, teremos de chamar outro congresso extraordinário para ver o que vamos fazer. Até o rodeio já foi considerado esporte. Acredito na nossa força e nos nossos congressistas. Vamos partir para cima e acredito que vai ser nocaute - afirmou Favetti.
O evento contou ainda com a presença de grandes nomes do MMA e do jiu-jítsu, como Rodrigo Minotauro, Pedro Rizzo, Erick Silva, Rafael Feijão, Santiago Ponzinibbio e Kyra Gracie, que participaram de mesas sobre o futuro do esporte, suas oportunidades de negócio e fisiologia e nutrição. Além disso, o árbitro americano Herb Dean se juntou ao brasileiro Mário Yamasaki para explicar as regras unificadas do esporte.

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