segunda-feira, 21 de abril de 2014

"Luto com Sonnen se for preciso para provar que não sou covarde", diz Dida

Treinador expulso do TUF Brasil 3 entende decisão de Dana White, apesar de ter achado as palavras usadas duras demais, e afirma não saber se repetiria seu ato

Por Rio de Janeiro
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Um dos treinadores auxiliares do time de Wanderlei Silva na terceira temporada do The Ultimate Fighter Brasil, André Dida ganhou os holofotes ao entrar no meio da briga do amigo e dar socos em Chael Sonnen. Como consequência de seu ato, foi expulso do reality show pelo presidente do UFC, Dana White, que o condenou com veemência e disse até que ele deveria ser preso, conforme mostrou o episódio do último domingo. Bombardeado nas redes sociais, Dida se defendeu. Ele admitiu que errou e afirmou ter agido no instinto, e que por isso não sabe se faria de novo. Após ser chamado de covarde por Sonnen, o treinador e lutador fez um desafio.

- Se fosse covarde não subiria no ringue, ficaria em casa. Já lutei com grandes nomes da minha categoria durante minha carreira e estou dentro do maior evento de muay thai do mundo, que é o K-1. Minha luta está fechada para julho. Me julgam pela minha atitude, mas sei que posso terminar o que comecei. Luto com Sonnen se for preciso para provar que não sou covarde - declarou, em entrevista por e-mail.
Wanderlei Silva e André Dida TUF Brasil 3 (Foto: TV Globo)Wanderlei Silva e André Dida após o comunicado de Dana White (Foto: TV Globo)
Dida entendeu a medida tomada por Dana White, apesar de ter achado as palavras usadas exageradamente duras, e afirmou que faria o mesmo se estivesse na posição dele:

- Se eu fosse o dono do evento e do programa, teria a mesma postura, pois é preciso agir assim até para dar o exemplo aos outros participantes. E ele não poderia expulsar o Wanderlei e nem o Sonnen, pois aí o programa acabava. Então eu tive que ser punido para que todos aprendessem com a situação. Mas acho que não precisava ter sido tão duro com as palavras, as regras no Brasil são diferentes. Exemplo: nos EUA é normal eles se ofenderem verbalmente, ficam quase rosto com rosto, muito próximos, mas se eles se tocarem vão presos. Já no Brasil é diferente, o brasileiro tem mais cuidado com as palavras, pois se começa a agredir verbalmente, para nós isso já é uma agressão e um início para uma briga

André Dida também saiu em defesa de Wanderlei Silva e criticou a parte do povo brasileiro que está a favor de Sonnen após todo o histórico dele de provocações ao país. Ele acredita que não terá sua carreira de treinador prejudicada de alguma forma pelo acontecido. E a metade da camisa que arrancou das costas do americano no futuro pode virar quadro em sua academia, a Evolução Thai, em Curitiba. A seguir, veja a entrevista com Dida na íntegra:

GLOBOESPORTE.COM: Como tem sido a repercussão da sua participação na briga? As pessoas têm te condenado muito nas ruas, nas redes sociais?
ANDRÉ DIDA: Pessoalmente a maioria das pessoas aperta a minha mão e me dá os parabéns, fala que fariam o mesmo, mas nas redes sociais fui muito condenado, sim. Acharam minha atitude covarde. Para mim foi o contrário. Covarde seria se não tivesse feito nada para ajudar meu amigo que considero um irmão. Essas pessoas que estão me julgando pelo jeito só estão acompanhando o TUF 3 e não sabem de toda a história do Sonnen contra os brasileiros e o desrespeito dele à nossa nação e aos outros atletas, como Anderson Silva, Minotauro e Wanderlei. Além disso, se fosse covarde não subiria no ringue, ficaria em casa. Já lutei com grandes nomes da minha categoria durante minha carreira e estou dentro do maior evento de muay thai do mundo, que é o K-1. Minha luta está fechada para julho. Me julgam pela minha atitude, mas sei que posso terminar o que comecei. Luto com Sonnen se for preciso para provar que não sou covarde.

 Já lutei com grandes nomes da minha categoria durante minha carreira e estou dentro do maior evento de muay thai do mundo, que é o K-1. Minha luta está fechada para julho. Me julgam pela minha atitude, mas sei que posso terminar o que comecei
André Dida, sobre briga com Sonnen
 De alguma maneira você se arrepende do que fez? Faria de novo?
Sempre faço de tudo para evitar brigas. Concordo que devemos lutar e não brigar. Na minha academia minha filosofia é não brigar na rua, e é claro que dou minha punição aos alunos ou atletas que fazem isso. Na hora ali, no calor do momento, foi meu instinto que falou mais alto. Se faria de novo, não sei, só passando por isso novamente para saber como agiria. Talvez não, não sei. As pessoas que me conhecem sabem da minha postura e conduta, e não é à toa que já treinei com grandes nomes que estão no UFC e já fui e estou sendo treinador de grandes atletas, como vocês têm acompanhado meu trabalho.

Vamos voltar à cena do acontecimento. Conte-nos o que passou pela sua cabeça naquele exato momento.
Estávamos todos esperando para entrar na gravação. O Wand e o Sonnen estavam próximos, e nós estávamos olhando por uma fresta dentro do vestiário, pois só os dois podiam estar ali para a cena da gravação no momento. Quando eu vi o Wand se posicionando para lutar, saí correndo para evitar esse confronto. Minha intenção era segurar o Wanderlei, pois sabia que ele iria partir para cima. Quando cheguei, o cenário já era outro, o inimigo número 1 do Brasil agredindo meu "irmão", que estava por baixo. Eu não queria que ele agredisse o Wanderlei e comecei a bater para que ele saísse de cima e viesse para cima de mim. Mas não foi isso que aconteceu. Aí os atletas seguraram a situação. Mas não parei de bater nele, pois vi que ele continuava resistente naquela posição e não largava o Wanderlei. Cheguei a rasgar a camiseta dele, pois puxei de cima e mesmo assim ele não saiu. Engraçado que, além de toda a m*** que ele falou de uma nação, ele parte para cima do Wanderlei e não quer parar a briga. E eu que fiquei como o covarde (risos).

Você me disse que faria um quadro com a camisa do Sonnen e colocaria na sua academia. Está de pé isso? Já fez?
No momento não, mas talvez eu vá colocar, sim, pois não deixa de ter sido um fato que marcou a minha vida.

O Dana White foi duro ao te expulsar do TUF e disse que você deveria ser preso. Acha que ele foi injusto? 
Se eu fosse o dono do evento e do programa, teria a mesma postura, pois é preciso agir assim até para dar o exemplo aos outros participantes. E ele não poderia expulsar o Wanderlei e nem o Sonnen, pois aí o programa acabava. Então eu tive que ser punido para que todos aprendessem com a situação. Mas acho que não precisava ter sido tão duro com as palavras, as regras no Brasil são diferentes. Exemplo: nos EUA é normal eles se ofenderem verbalmente, ficam quase rosto com rosto, muito próximos, mas se eles se tocarem vão presos. Já no Brasil é diferente, o brasileiro tem mais cuidado com as palavras, pois se começa a agredir verbalmente, para nós isso já é uma agressão e um início para uma briga. Nesse caso foi isso, o Sonnem começou a agressão verbal, pois estava acostumado a isso, é da cultura dele, mas como o Wand é brasileiro e tem outra cultura, a briga acabou acontecendo principalmente pelo contato físico (empurrão) do Sonnen no corpo do Wanderlei.
Reunião com Dana White TUF Brasil 3 (Foto: TV Globo)Reunião com Dana White no centro de treinamento do TUF Brasil (Foto: TV Globo)
Os lutadores defendem o lema do "não brigue, lute". Como você acha que fica a imagem do Wanderlei e do Sonnen após essa briga?
Realmente o lema é não brigar e sim lutar. Toda e qualquer luta deve acontecer apenas dentro de um octógono ou ringue. Esse é o correto. Infelizmente, o Wanderlei também está sendo muito julgado, e é triste saber que o brasileiro está contra um brasileiro que vem representando muito bem nosso país. E estão a favor de uma pessoa que já desrespeitou tanto a nossa nação. Estamos nos tornando muito individualistas, e por isso o Brasil está a m*** que está.

Você acha que esse episódio pode prejudicar sua carreira de treinador daqui pra frente?
Não, não mesmo. Isso não vai mudar o meu conhecimento, minhas condutas e nem minha postura. As pessoas me conhecem. Quem está comigo está. Agora é bola para a frente, isso já é passado. Tenho muito trabalho para realizar.

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