sábado, 5 de abril de 2014

Série traz revelações e memórias de Ayrton Senna, 20 anos após tragédia

Esporte Espetacular exibe neste domingo o primeiro dos quatro episódios da série que vai relembrar os detalhes da vida do tricampeão mundial de F1 morto em 94

Por Rio de Janeiro
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Nove meses de trabalho, 10 cidades visitadas em quatro países, 70 entrevistados das mais diferentes áreas e dois terabytes de um valioso material em vídeo. Esse é o resultado de uma parceria entre a TV Globo e a produtora Bizum para relembrar aos brasileiros um herói nacional das manhãs de domingo. E exatamente em quatro domingos, a começar pelo próximo, dia 6 de abril, vai ao ar no Esporte Espetacular a série “Ayrton Senna do Brasil” para mostrar que nem 20 anos são capazes de apagar uma saudade. (clique no vídeo e confira a chamada da série)  
- A ideia é levar ao público da TV Globo histórias, episódios, personagens e revelações da vida e da carreira de Senna – resume o jornalista Ernesto Rodrigues, diretor da série e autor da biografia “Ayrton, o herói revelado”, lançada em 2004. 
EE mostra série sobre Ayrton Senna (Foto: Reprodução TV Globo)EE mostra série sobre Ayrton Senna (Foto: Reprodução TV Globo)
Também em 2004, João Pedro Paes Leme foi o repórter de muitas reportagens para vários telejornais da TV Globo, que relembraram os 10 anos sem Senna. Ex-correspondente da Fórmula 1 e hoje diretor-executivo da Central Globo de Esporte (CGESP), João Pedro acredita que a série será importante para reafirmar os valores que Senna deixou para os brasileiros, até mesmo para quem nasceu depois daquele 1º de maio de 1994.  
A equipe foi até Suzuka, no Japão, filmar trechos do documentário (Foto: Alfredo Bokel)A equipe foi a Suzuka, no Japão, filmar trechos do documentário (Foto: João Rodrigues)
- Ayrton fazia as pessoas se sentirem mais felizes e até mais capazes. Ele recuperou o orgulho de carregar a bandeira do Brasil, que muitos tinham perdido por causa da associação com a ditadura militar. Os pódios dele foram muito importantes para a reafirmação da nossa identidade nacional. Existe uma geração que não lembra mais disso e uma outra que nem era nascida. O projeto 'Ayrton Senna do Brasil' tem o objetivo de recuperar essa imagem e, 20 anos depois, ver o que a menção do nome dele ainda desperta nas pessoas. E, pelo que vimos no resultado, são sempre reações muito especiais. É incrível como as pessoas talentosas que morrem jovens têm essa capacidade de entrar para a galeria dos mitos.  
Pilotos e ex-pilotos, artistas, personalidades, brasileiros e estrangeiros falaram sobre Ayrton Senna para as lentes desse documentário. Uma das entrevistas mais longas, cerca de duas horas e meia, foi dada por uma dupla que acompanhou bem de perto cada detalhe da carreira de Senna, mesmo antes de ele chegar à Fórmula 1: Galvão Bueno e Reginaldo Leme.  
- Faz 20 anos que o “Chefe”, como o Ayrton era conhecido nos bastidores pelos outros pilotos, passou a olhar a gente lá de cima, de uma outra dimensão. Parece que foi ontem. Aquele 1º de maio foi a narração que eu não gostaria de ter feito, que nunca vou esquecer. Ficam os tantos momentos que passamos, dentro e fora das pistas. Duas horas e meia de entrevista? Foi até pouco tempo para lembrar de tudo. Confesso que posso falar dele por horas e horas. Ele sempre foi, é e será o Ayrton Senna do Brasil! – disse Galvão.  
Galvão Bueno e Reginaldo Leme na gravação do documentário sobre Ayrton Senna (Foto: Alfredo Bokel)Galvão Bueno e Reginaldo Leme na gravação do documentário sobre Ayrton Senna (Foto: João Rodrigues)
- Apesar de uma tristeza natural, jornalisticamente foi importante voltar a pensar e falar sobre o acidente de Senna, em Ímola, há 20 anos. Resgatei detalhes importantes que estavam perdidos nas minhas memórias, como o abraço que recebi de pessoas de todas as equipes no momento em que saía do autódromo, do encontro com o Pedro Bial para ancorarmos juntos e ao vivo o Fantástico na porta do Hospital de Bolonha. No dia seguinte, voltei à Curva Tamburello para gravar a reportagem do JN e encontrei centenas de fãs do Ayrton. Um dos momentos mais importantes que eu produzi para o JN foi a chegada do avião ao Brasil, gravando, de dentro da cabine de comando, imagens das pessoas que o aguardavam na pista. Foi a sua última viagem de volta para casa – relembrou Reginaldo.   
Rubens Barrichello sofreu a pressão de ser o piloto brasileiro na Fórmula 1 pós-Ayrton Senna. Reconhece que a transição poderia ter sido mais suave, mas a morte de Senna não permitiu. Apesar de tudo, deixou a marca de ser o piloto que mais guiou um Fórmula 1 na história: 326 vezes. E carrega Senna até hoje nos seus pensamentos.  
Vettel, Bruno Senna, Webber e Massa na gravação do documentário sobre Ayrton Senna (Foto: Alfredo Bokel)Vettel, Bruno Senna, Webber e Massa na gravação do documentário sobre Senna (Foto: Alfredo Bokel/João Rodrigues)
- Para mim, é muito natural falar do Ayrton. Quando eu não me lembro, as pessoas me fazem lembrar dele, então faz parte do meu dia a dia. Falar do acidente dele é doído, mas lembrar dele é muito bom. Quando cheguei à Fórmula 1, pedi para o Brasil estar comigo naquele momento, mas alguns maldosos interpretaram que eu queria ser o novo Ayrton. Nada disso, e nem a minha Jordan me dava essa condição. O Ayrton poderia ter ficado mais uns cinco anos para fazer uma transição suave para mim, mas ele se foi muito cedo. É como uma torta que precisa ficar 40 minutos no forno e você faz em cinco no micro-ondas. Em vida, ele deixou aquela agressividade na pista e a imagem daquela bandeirinha pós-vitória. E depois da morte, tudo que o Instituto Ayrton Senna faz.  
Revelações, memórias, polêmicas e depoimentos emocionados de fãs, familiares e adversários. Os grandes duelos, os bastidores de uma carreira vitoriosa interrompida precoce e abruptamente. Vai valer a pena você se sentar diante da televisão nesses quatro domingos. Você que o viu em ação, você que não o viu, você que não se esquece de Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil!

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