quinta-feira, 1 de maio de 2014

Werdum quer colocar Velásquez com as costas no chão: "Boa estratégia"

Brasileiro diz que não terá medo de ser levado ao solo pelo atual campeão dos pesos-pesados e admite convidar André Dida para equipe técnica no TUF

Por Rio de Janeiro
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O peso-pesado brasileiro Fabricio Werdum teve confirmada a data e local de sua luta contra o campeão da categoria no UFC, Cain Velásquez, nesta semana: o duelo acontecerá em 15 de novembro, na Cidade do México, no UFC 180. O gaúcho já teve bastante tempo para formular sua estratégia - chegou a ser considerado o desafiante número 1 em junho de 2013, após derrotar Rodrigo Minotauro, e só enfrentou Travis Browne em abril passado porque Velásquez passou por cirurgia no ombro e não voltaria à ação até o segundo semestre de 2014. Em suas observações sobre o detentor do cinturão, Werdum viu uma vantagem em relação aos oponentes anteriores do americano.
- Acho que o jogo do Cain casa com o meu, pelo fato de eu ter vindo do jiu-jítsu. Ele gosta de começar com o boxe e sempre ficar no ground and pound, quedar e ficar batendo até nocautear o oponente ou o juiz parar. Mas eu tenho o jiu-jítsu bom com as costas no chão, faço uma guarda boa para atacar o triângulo, uma omoplata, até raspar. Posso chutá-lo na parte de cima, ou socar, sem medo de cair no chão, que é o contrário de todo mundo. Ninguém chuta o Cain para evitar as quedas, mas eu vou poder chutar à vontade. Vou ter que ter muita movimentação, ser mais rápido que ele, e se tiver uma situação de chão, vou tentar finalizar, fazer um jogo para colocar o Cain com as costas no chão. Quero ver como é ele com as costas no chão, acho que seria uma boa estratégia - afirmou o lutador em entrevista por telefone ao Combate.com.
Fabricio Werdum, Cain Velásquez e Dana White (Foto: Reprodução/Twitter)Fabricio Werdum, Cain Velásquez e Dana White no México, durante bateria de compromissos com a imprensa para divulgação do TUF América Latina (Foto: Reprodução/Twitter)
Os dois lutadores também atuarão como treinadores do TUF América Latina, primeira edição latino-americana do reality show "The Ultimate Fighter", que começará a ser filmada neste mês e irá ao ar a partir de agosto. Werdum já esteve em duas edições brasileiras do TUF - uma como assistente de Wanderlei Silva e a outra como treinador principal, contra Rodrigo Minotauro. Ele prevê menos brincadeiras que entre as equipes do que no Brasil e afirmou que não vê problemas em chamar André Dida para ser um de seus auxiliares técnicos. Dida foi um de seus assistentes no TUF Brasil 2 e recentemente foi expulso das gravações da terceira edição do programa ao se envolver numa briga entre Wanderlei Silva e Chael Sonnen.
- Não tenho nenhum detalhe ainda, mas vamos ver como vai ser. Eu tenho direito a quatro auxiliares só e não consegui falar com o Dida ainda sobre isso. Mas se for autorizada a vinda do Dida, eu com certeza vou chamá-lo - disse Werdum.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como foi recepção dos mexicanos na coletiva do TUF ontem (terça-feira)?
Fabricio Werdum: Não foi só ontem, está sendo ainda, uma correria de entrevistas. Como sempre, é a quarta vez que venho aqui no México, sempre me tratam super bem e estão entendendo cada vez mais do UFC. O TUF vai ser para toda a América Latina e vamos poder explicar um pouco do nosso trabalho para que todos entendam o UFC o máximo possível.
fabricio werdum cain velasquez x cigano ufc 166 mma (Foto: Ivan Raupp)Fabricio Werdum atua como comentarista no canal
latino-americano do UFC (Foto: Ivan Raupp)
Você vai tentar conquistar os mexicanos através do TUF para torcerem por ti, ou já está conformado que eles vão torcer para o Cain mesmo?
Já estou conformado com certeza, o Cain é um baita representante dos mexicanos, mas eu também tenho uma vantagem por ser comentarista do UFC Network (canal televisivo do UFC na América Latina) em todos os eventos que eu faço. Mas vou trazer uma torcida garantida, que é minha mãe, meu irmão... (Risos)
Você acredita que vai levar vantagem como treinador do TUF por causa da sua experiência no TUF Brasil?
Acho que o Cain vai ser um bom treinador também, vai ter os técnicos auxiliares da equipe dele, como vai ser com a minha, mas depende dos lutadores também. Claro que tem uma coisinha ou outra que a gente aprendeu no primeiro TUF que eu fiz com o Wanderlei (Silva), e depois no outro que eu fiz com o Minotauro, peguei uma coisinha ou outra, nada demais. Acho que vai depender muito dos caras que vão lutar, dos lutadores.
Qual vai ser sua comissão técnica?
Não decidi ainda, mas posso te dizer que vai ser a equipe de sempre, a nossa equipe: eu, Rafael Cordeiro, Cobrinha, meu irmão, Babalu, Wanderlei, Maicon, a nossa equipe mesmo que estamos acostumados ali. Mas ainda não está definido por cada um ter sua academia, seu trabalho, suas coisas. É difícil ficar ausente das suas coisas e do seu trabalho para ficar 40 dias em Las Vegas. Então, estou decidindo ainda.
No TUF Brasil 2, o André Dida foi um dos seus assistentes. Você pretende chamá-lo de novo? Teve alguma indicação do UFC se ele poderia ou não ser chamado?
Não tenho nenhum detalhe ainda, mas vamos ver como vai ser. Eu tenho direito a quatro auxiliares só e não consegui falar com o Dida ainda sobre isso. Mas se for autorizada a vinda do Dida, eu com certeza vou chamá-lo.
No TUF Brasil, você fez piada pra caramba com o Minotauro. Vai fazer de novo com o Cain?
Não sei, depende da equipe, do que estiver acontecendo na casa, da convivência. Alguma brincadeira ou outra, eu com certeza vou fazer. Eu tinha mais intimidade com o Minotauro, todo mundo era brasileiro, e aqui não vai ser só para o México, mas para toda a América Latina, e é um mercado que temos que entrar muito bem. Temos que lembrar que temos que mostrar mais o lado do lutador. Acho que no TUF Brasil foi mais pelo lado da edição. A galera treinou muito, só que eles deram mais ênfase no lado da brincadeira. Aqui, vai ser gravado em Las Vegas, vai ser no mesmo formato dos programas americanos. Mas uma brincadeira ou outra vai escapar.
Rodrigo Minotauro e Fabrício Werdum TUF Brasil 2 (Foto: Divulgação)Fabricio Werdum foi técnico do TUF Brasil 2 como antagonista de Rodrigo Minotauro (Foto: Divulgação)
O Cain Velásquez tem aquela expressão carrancuda, é fechadão. Acha que ele vai levar na brincadeira ou será que ele vai reclamar?
Acho que ele vai levar na brincadeira. Passei dois dias com ele aqui e ele é gente boa. É um cara que fala pouco mesmo, mas é um cara bem tranquilo. Dentro do octógono, ele faz o trabalho dele. Ele leva brincadeira na boa, se for alguma coisa sem muita maldade, ele leva na boa.
Deu para tirar alguma coisa do Cain nessa coletiva? Deu pra perceber se ele ainda está sentindo o ombro, se já está recuperado legal?
Eu vi que o Cain ganhou um pouquinho de peso, mas ele não está treinando, faz tempo que não luta. Ele disse aqui nas entrevistas que até 15 de novembro vai estar recuperado 100%, e que vai lutar para seu público mexicano livre de lesões.
Você já deve ter estudado muito o Cain Velásquez desde que havia sido considerado o desafiante número 1 no ano passado. Onde você vê aberturas para derrotá-lo?
Acho que o jogo do Cain casa com o meu, pelo fato de eu ter vindo do jiu-jítsu. Ele gosta de começar com o boxe e sempre ficar no ground and pound, quedar e ficar batendo até nocautear o oponente ou o juiz parar. Mas eu tenho o jiu-jítsu bom com as costas no chão, faço uma guarda boa para atacar o triângulo, uma omoplata, até raspar. Posso chutá-lo na parte de cima, ou socar, sem medo de cair no chão, que é o contrário de todo mundo. Ninguém chuta o Cain para evitar as quedas, mas eu vou poder chutar à vontade. Vou ter que ter muita movimentação, ser mais rápido que ele, e se tiver uma situação de chão, vou tentar finalizar, fazer um jogo para colocar o Cain com as costas no chão. Quero ver como é ele com as costas no chão, seria uma boa estratégia.
Acha que depois dessa vitória sobre o Travis Browne, o Cain vai vir mais ligado no seu jogo em pé?
Estive muito com ele, estamos há dois dias juntos aqui indo para lá e para cá... Cheguei para ele e perguntei, "Chegou a ver minha última luta?", e ele disse que "Não, não vi ainda", e começou a rir. Mas acho que ele escutou algumas coisas. Eu pude mostrar mais uma vez que não sou um lutador de jiu-jítsu, sou um lutador completo, e de repente faltou o tempo para mostrar isso. Mostrei isso contra o Roy Nelson, e na luta contra o Travis Browne, especialista, vindo de três Nocautes da Noite, um cara com jogo muito ofensivo, mostrei o resultado do nosso treinamento na Kings MMA.

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