quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Toquinho é suspenso por dois anos por segurar finalização contra Shields

Brasileiro também terá que pagar multa de R$ 156 mil à Comissão Atlética de Nevada, e resultado do duelo será alterado para “No Contest" (luta sem resultado)

Por Las Vegas, EUA
O brasileiro Rousimar Palhares, o Toquinho, foi julgado nesta quinta-feira por ter segurado demais a kimura aplicada em Jake Shields, no WSOF 22, em agosto. O lutador, que já cumpria suspensão temporária desde o dia 13 de agosto, foi suspenso por dois anos e terá que pagar multa de US$ 40 mil (cerca de R$ 156 mil), além de ter que reembolsar o órgão pelos custos com advogados. O resultado do combate também será alterado para “No Contest" (luta sem resultado).
Toquinho não compareceu à audiência e entrou por teleconferência para explicar a sua versão, acompanhado de seu empresário, Alex Davis. A denúncia contra ele foi apresentada pelo vice-procurador do estado de Nevada, Christopher Eccles, que ressaltou que a atitude antidesportiva do atleta era mais séria que a de Caio Monstro, julgado anteriormente pelo órgão, pois poderia causar sérias lesões em seu adversário. Em seguida, foi exibido o vídeo do combate, com o momento em que Jake Shields bate, e o árbitro Steve Mazzagatti interrompe o duelo.
Rousimar Toquinho e Alex Davis em vídeoconferência na NAC (Foto: Evelyn Rodrigues)Rousimar Toquinho e Alex Davis em teleconferência na NAC (Foto: Evelyn Rodrigues)
Mazzagatti então entrou por telefone para contar a sua versão dos fatos e declarou que explicou verbalmente e fisicamente, ainda no vestiário, as regras do esporte para Toquinho, mas que o lutador não as seguiu no duelo. Ele também revelou que o brasileiro teria dito que estava preocupado com a possibilidade de Shields fingir dar os três tapinhas.
- Além de gritar para o Sr Palhares parar no final do duelo, também tentei separar os lutadores fisicamente, após o sexto ou sétimo tapinha de Shields - disse o árbitro.
Presidente do WSOF, Ray Sefo, compareceu à audiência como testemunha e explicou as razões que levaram a organização a destituir Toquinho do posto de campeão peso-médio da organização, logo após o duelo.
- Depois do evento, fui para casa e assisti ao vídeo da luta muitas vezes. Do momento em que Jake Shields desiste do combate até o Toquinho soltar, Shields bate pelo menos sete vezes. O árbitro interrompe o combate, começa a bater no Palhares com as duas mãos, além de gritar verbalmente para ele parar. Palhares é um faixa-preta de jiu-jítsu, é um excelente lutador, e como tal você sabe o quão longe você pode ir para o cara bater. Você sabe se aquela finalização está encaixada. Essa kimura poderia ter acabado ainda pior para o Shields, mas sorte que ele é muito mais flexível do que eu. Foi sim uma finalização que o Toquinho segurou por muito tempo e foi uma atitude antidesportiva, por isso eu o suspendi do WSOF e o retirei do posto de campeão - declarou.
Audiência de Rousimar Toquinho na Comissão Atlética de Nevada NAC (Foto: Evelyn Rodrigues)Audiência de Rousimar Toquinho na Comissão Atlética de Nevada (Foto: Evelyn Rodrigues)
Ao explicar a sua versão dos fatos, o brasileiro afirmou que não acha que teve conduta antidesportiva no evento:
- Quando o juiz veio, ele bateu nas minhas costas, mas eu não o vi. Eu sentia alguma coisa batendo nas minhas costas, mas achei que fosse o Shields me dando joelhadas. Se eu o tivesse visto, teria parado antes. Só soltei quando o vi. O juiz falou especificamente que só era para eu parar quando ele chegasse.
Empresário do brasileiro, Alex Davis também defendeu o atleta:
- Em suas duas últimas lutas no WSOF, Toquinho não teve nenhum tipo de problema. Com todo o respeito ao árbitro, mas ele estava fora de posição, e o Toquinho não conseguia ver quem estava batendo. Nós não temos muito o que dizer e só esperamos por um julgamento justo - disse.
Ao iniciar os questionamentos ao atleta, a comissária Pat Lundvall relembrou todos os casos anteriores de suspensão de Palhares, incluindo a de três meses após o UFC 111, em março de 2010, por ter segurado demais uma chave de calcanhar contra Tomasz Drwal, a de nove meses recebida após o duelo contra Hector Lombard, em dezembro de 2012, por apresentar elevados níveis de testosterona, e a recebida após o combate contra Mike Pierce, em outubro de 2013, por ter segurado demais a chave de calcanhar, que culminou com a sua demissão do UFC.
Em seguida, a defesa de Toquinho pediu para o árbitro John McCarthy, presente à audiência por ter sido testemunha do caso de Caio Monstro, dar a sua opinião profissional sobre a posição de Mazzagatti, mas o juiz acabou explicando ponto por ponto porque a atitude do brasileiro no combate foi antidesportiva:
- Como árbitro, eu digo aos atletas nos vestiários, especialmente nessa posição: se você começar a sentir a pessoa bater, e eu chegar e parar o combate, você deve soltar.
Mas não é só quando o árbitro interrompe. Nesse caso, o Toquinho não conseguia ver os tapinhas, mas eu digo aos atletas que se eu chegar e parar o combate, e o atleta não soltar o golpe, ele será desqualificado. Mecanicamente, o árbitro deveria estar do lado da perna do Jake e deveria estar apto a ver o golpe e os dois lutadores na posição. Mas, do momento em que o Jake Shields bate, até o momento em que ele solta o golpe, o braço do Jake é torcido desnecessariamente.  Meu trabalho é garantir que o lutador não se machuque e, apesar de achar o Toquinho uma boa pessoa, nessa situação ele não teve uma conduta desportiva adequada - declarou Big John, antes de a promotoria pedir para o brasileiro receber uma punição severa, e da comissão iniciar a deliberação que culminou na pena recebida por Toquinho.

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