quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Após abdicar de faculdade, Mariana Morais busca sonho do título no KSW

Brasileira tinha 100% de financiamento pelo FIES para cursar Educação Física, mas, no primeiro período, viu portas da PRVT se abrirem para seguir carreira no MMA

Após abdicar de faculdade, Mariana Morais busca sonho do título no KSWApós abdicar de faculdade, Mariana Morais busca sonho do título no KSW
Por Alexandre Fernandes e Raphael Marinho, Niterói, RJ
 
No jogo da vida, Mariana Morais arriscou para viver seu sonho. Ir para o MMA era uma opção, mas não era sua única alternativa. A atleta de São João da Boa Vista (SP) já cursava a faculdade de Educação Física após conseguir 100% de financiamento da graduação através do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), quando recebeu o chamado de Gilliard Paraná para fazer parte da equipe Paraná Vale-Tudo (PRVT). Contra a vontade da própria mãe, ela deixou o curso ainda no primeiro período, se mudou para Niterói, onde fica a academia, e foi atrás do sonho de ser lutadora profissional de MMA. Neste domingo, a brasileira de apenas 22 anos tem a chance de obter sua maior conquista: vai disputar o cinturão peso-mosca (até 57kg) no KSW 40, contra a compatriota e atual campeã, Ariane Lipski, em Dublin (IRL).
A trajetória, como a de grande parte dos atletas brasileiros, não foi nada fácil. Mas, depois de 16 lutas de MMA, Mariana pode alcançar um novo patamar em sua carreira. Para isso, precisa controlar o coração, que lhe rendeu uma visita ao cardiologista para realização de exames "por causa de ansiedade e estresse". Agora, ela garante, mente e corpo estão em perfeito estado para o confronto.
- Meu maior sonho é ser campeã, porque deixei a faculdade para isso. Foi muito difícil deixar a família, os parentes e a faculdade, que ainda vou fazer porque também é meu sonho.É a luta mais importante da minha vida, contra a adversária mais dura. Já era para termos lutado no ano retrasado, mas não rolou a luta. Conheço ela, já lutou com uma ex-atleta da nossa equipe e vencemos. Vamos para cima dela - afirmou, em entrevista ao Combate.com, na PRVT, semana passada.
Mariana Morais vai disputar o cinturão do KSW neste domingo, em Dublin, contra Ariane Lipski (Foto: Alexandre Fernandes)Mariana Morais vai disputar o cinturão do KSW neste domingo, em Dublin, contra Ariane Lipski (Foto: Alexandre Fernandes)
Mariana Morais vai disputar o cinturão do KSW neste domingo, em Dublin, contra Ariane Lipski (Foto: Alexandre Fernandes)
As artes marciais fazem parte da vida de Mariana desde os 6 anos de idade. Seu padrinho, sensei no judô, sugeriu para sua mãe que a levasse para conhecer o esporte. A paixão pela luta foi imediata. Aos 15, ela passou a praticar boxe chinês, pouco antes de iniciar os treinos de MMA. E, ainda aos 15 anos, chegou a lutar profissionalmente de forma clandestina em eventos de sua cidade natal. Aos 18, quando estava invicta em quatro combates, veio a primeira derrota, que transformou-se em oportunidade.
Ao enfrentar Jennifer Maia e ser finalizada no segundo assalto, chamou a atenção de Paraná e Rafael Rec, treinadores da PRVT, que fizeram o convite para ela integrar a equipe. Como a própria Mariana define, sofreu "a melhor derrota da vida".
- Não era para ter lutado, fui de encaixe em cima da hora. Fui para lutar e acabei perdendo, e o mestre e o professor Rec, da equipe, estavam lá, me viram lutar, gostaram do meu jeito e entraram em contato comigo e meu outro professor. Aí me mudei para a PRVT. Se não fosse essa luta, não sei se estaria aqui hoje. Essa derrota me trouxe outras lutas e hoje tenho um cartel de 12 vitórias e 4 derrotas através do mestre Paraná - comemorou.
A mudança não foi simples, afinal, ela estava na faculdade de Educação Física "há cinco ou seis meses". Convencer sua mãe foi difícil, mas pesou a vontade da atleta. Entretanto, até hoje a pressão familiar para voltar ao curso é grande, com frases como "e se a luta não der em nada?".
- Até hoje minha mãe é meio chateada porque consegui a faculdade no FIES, com 100%. Foi muito difícil, mas minha mãe sempre me apoiou. Ela não gosta de ver as lutas, nem de olhar as fotos das lutas, mas me apoia.
A experiência fora do país não será a primeira de Mariana, que teve uma chance no Invicta FC em 2015, mas foi nocauteada pela experiente Roxanne Modaferri. Depois do revés, o evento americano não deu nova oportunidade para a brasileira, que enfileirou três vitórias em eventos nacionais e chega ao KSW com a moral elevada, já em disputa de cinturão.
- Vai ser a primeira vez lutando lá, estou animada. Já tinha ouvido falar no KSW, mas nunca pensei que lutaria lá. Achava que voltaria pro Invicta, mas veio essa surpresa. Meu sonho é ir pro UFC, mas se me mantiver neste evento e ficar bem lá, não ligo de não ir pro UFC - finalizou.
KSW 40
22 de outubro, em Dublin (IRL)
CARD DO EVENTO (até o momento):Peso-pesado: Mariusz Pudzianowski x James McSweeney
Peso-leve: Mateusz Gamrot x Norman Parke
Peso-meio-médio: Maciej Jewtuszko x David Zawada
Peso-médio: Michal Materla x Paulo Thiago
Peso-mosca: Ariane Lipski x Mariana Morais
Peso-meio-médio: Konrad Iwanowski x Paul Lawrence
Peso-meio-pesado: Michal Fijalka x Chris Fields
Peso-pena: Lukasz Chlewicki x Paul Redmond
Peso-galo: Anzor Azhiev x Antun Racic

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