Após abdicar de faculdade, Mariana Morais busca sonho do título no KSW
Brasileira tinha 100% de financiamento pelo FIES para cursar Educação Física, mas, no primeiro período, viu portas da PRVT se abrirem para seguir carreira no MMA
Por Alexandre Fernandes e Raphael Marinho, Niterói, RJ
No jogo da vida, Mariana Morais arriscou para viver seu sonho. Ir para o MMA era uma opção, mas não era sua única alternativa. A atleta de São João da Boa Vista (SP) já cursava a faculdade de Educação Física após conseguir 100% de financiamento da graduação através do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), quando recebeu o chamado de Gilliard Paraná para fazer parte da equipe Paraná Vale-Tudo (PRVT). Contra a vontade da própria mãe, ela deixou o curso ainda no primeiro período, se mudou para Niterói, onde fica a academia, e foi atrás do sonho de ser lutadora profissional de MMA. Neste domingo, a brasileira de apenas 22 anos tem a chance de obter sua maior conquista: vai disputar o cinturão peso-mosca (até 57kg) no KSW 40, contra a compatriota e atual campeã, Ariane Lipski, em Dublin (IRL).
A trajetória, como a de grande parte dos atletas brasileiros, não foi nada fácil. Mas, depois de 16 lutas de MMA, Mariana pode alcançar um novo patamar em sua carreira. Para isso, precisa controlar o coração, que lhe rendeu uma visita ao cardiologista para realização de exames "por causa de ansiedade e estresse". Agora, ela garante, mente e corpo estão em perfeito estado para o confronto.
- Meu maior sonho é ser campeã, porque deixei a faculdade para isso. Foi muito difícil deixar a família, os parentes e a faculdade, que ainda vou fazer porque também é meu sonho.É a luta mais importante da minha vida, contra a adversária mais dura. Já era para termos lutado no ano retrasado, mas não rolou a luta. Conheço ela, já lutou com uma ex-atleta da nossa equipe e vencemos. Vamos para cima dela - afirmou, em entrevista ao Combate.com, na PRVT, semana passada.
As artes marciais fazem parte da vida de Mariana desde os 6 anos de idade. Seu padrinho, sensei no judô, sugeriu para sua mãe que a levasse para conhecer o esporte. A paixão pela luta foi imediata. Aos 15, ela passou a praticar boxe chinês, pouco antes de iniciar os treinos de MMA. E, ainda aos 15 anos, chegou a lutar profissionalmente de forma clandestina em eventos de sua cidade natal. Aos 18, quando estava invicta em quatro combates, veio a primeira derrota, que transformou-se em oportunidade.
Ao enfrentar Jennifer Maia e ser finalizada no segundo assalto, chamou a atenção de Paraná e Rafael Rec, treinadores da PRVT, que fizeram o convite para ela integrar a equipe. Como a própria Mariana define, sofreu "a melhor derrota da vida".
- Não era para ter lutado, fui de encaixe em cima da hora. Fui para lutar e acabei perdendo, e o mestre e o professor Rec, da equipe, estavam lá, me viram lutar, gostaram do meu jeito e entraram em contato comigo e meu outro professor. Aí me mudei para a PRVT. Se não fosse essa luta, não sei se estaria aqui hoje. Essa derrota me trouxe outras lutas e hoje tenho um cartel de 12 vitórias e 4 derrotas através do mestre Paraná - comemorou.
A mudança não foi simples, afinal, ela estava na faculdade de Educação Física "há cinco ou seis meses". Convencer sua mãe foi difícil, mas pesou a vontade da atleta. Entretanto, até hoje a pressão familiar para voltar ao curso é grande, com frases como "e se a luta não der em nada?".
- Até hoje minha mãe é meio chateada porque consegui a faculdade no FIES, com 100%. Foi muito difícil, mas minha mãe sempre me apoiou. Ela não gosta de ver as lutas, nem de olhar as fotos das lutas, mas me apoia.
A experiência fora do país não será a primeira de Mariana, que teve uma chance no Invicta FC em 2015, mas foi nocauteada pela experiente Roxanne Modaferri. Depois do revés, o evento americano não deu nova oportunidade para a brasileira, que enfileirou três vitórias em eventos nacionais e chega ao KSW com a moral elevada, já em disputa de cinturão.
- Vai ser a primeira vez lutando lá, estou animada. Já tinha ouvido falar no KSW, mas nunca pensei que lutaria lá. Achava que voltaria pro Invicta, mas veio essa surpresa. Meu sonho é ir pro UFC, mas se me mantiver neste evento e ficar bem lá, não ligo de não ir pro UFC - finalizou.
KSW 40
22 de outubro, em Dublin (IRL)
CARD DO EVENTO (até o momento):Peso-pesado: Mariusz Pudzianowski x James McSweeney
Peso-leve: Mateusz Gamrot x Norman Parke
Peso-meio-médio: Maciej Jewtuszko x David Zawada
Peso-médio: Michal Materla x Paulo Thiago
Peso-mosca: Ariane Lipski x Mariana Morais
Peso-meio-médio: Konrad Iwanowski x Paul Lawrence
Peso-meio-pesado: Michal Fijalka x Chris Fields
Peso-pena: Lukasz Chlewicki x Paul Redmond
Peso-galo: Anzor Azhiev x Antun Racic
22 de outubro, em Dublin (IRL)
CARD DO EVENTO (até o momento):Peso-pesado: Mariusz Pudzianowski x James McSweeney
Peso-leve: Mateusz Gamrot x Norman Parke
Peso-meio-médio: Maciej Jewtuszko x David Zawada
Peso-médio: Michal Materla x Paulo Thiago
Peso-mosca: Ariane Lipski x Mariana Morais
Peso-meio-médio: Konrad Iwanowski x Paul Lawrence
Peso-meio-pesado: Michal Fijalka x Chris Fields
Peso-pena: Lukasz Chlewicki x Paul Redmond
Peso-galo: Anzor Azhiev x Antun Racic
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