quarta-feira, 11 de julho de 2018

Bellator: Talita Treta quer manter escrita com rápidas vitórias e tirar título de Budd

Com sete vitórias em sete lutas e sem deixar nenhuma nas mãos dos juízes, brasileira quer repetir estratégia diante da atual campeã peso-pena, a canadense Julia Budd. Elas se enfrentam na sexta

Por Zeca Azevedo, Rio de Janeiro
 
Com sete vitórias em sete lutas de MMA, Talita “Treta” Nogueira não chegou ao terceiro round em nenhuma delas. Por finalização ou nocaute, ela não nunca deixou suas lutas serem decididas pelos juízes. Por outro lado, a canadense Julia Budd, que tem 11 vitórias na carreira, conquistou a maioria delas por pontos. Na próxima sexta-feira, dia 13, em Thackerville, Oklahoma, as duas se enfrentam pelo título peso-pena (até 65kg) do Bellator.
Treta e Budd se enfrentariam em 2015, na estreia da brasileira na organização, mas uma lesão a tirou da luta com a canadense. Agora, com o duelo próximo no Bellator 202, Treta promete manter a escrita a seu favor e aposta numa vitória rápida.
- Em todas as minhas lutas me preparei para o número de rounds que tinha, mas nunca passei do segundo. Ela realmente venceu a maioria das lutas por decisão, joga bem na regra, ela conhece bem a regra do MMA, reparamos nas lutas dela isso. Ela fica ali ganhando no clinche, confia muito no físico. E eu nunca passei do segundo round, e acho que essa luta também não vai passar (risos). Sempre busco fazer o meu jogo, fazer o que quero, acho que não vai para cinco (rounds), mas se for estaremos bem preparados, estamos treinando cinco rounds - afirmou a lutadora de 32 anos, em entrevista por telefone ao Combate.com.
Julia Budd fará a segunda defesa de título nos penas no Bellator. Com passagens pelo Striforce e Invicta FC, a canadense está numa série invicta de nove vitórias. Sua última derrota - uma das duas que tem na carreira - foi em 2011, diante de Ronda Rousey. Antes disso só tinha perdido para Amanda Nunes. Talita Treta enxerga um jogo cerebral da adversária.
- Ela gosta de clinchar e ficar ali apertando a pessoa na grade, então, acho que vai rolar o choque. E acredito que se botar para baixo vai acabar a luta, tenho isso na minha cabeça, não consegui ver muito o jiu-jítsu dela, acho que nem tem. Mas acredito muito no meu, no que gosto de fazer, a não ser que ela não queira o mesmo jogo dela comigo. Se ela quiser, vai rolar o chão, e quero aproveitar as oportunidades ali. Mas também treinei muito a parte em pé, acho que estou evoluindo a cada treino, quero muito ser uma lutadora completa. Quem sabe rolam umas surpresinhas aí...
Depois de seis lutas no Brasil, Talita Treta estreou num cage internacional apenas na última luta, em agosto de 2017, quando finalizou Amanda Bell ainda no primeiro round em sua estreia no Bellator. Campeã mundial de jiu-jítsu em 2011, a lutadora paulista aponta experiência no tatame como crucial para lhe manter os pés no chão.
- No jiu-jítsu sempre fui muito de boa em relação a isso, já fiz três finais de Mundial, centro das atenções na Pirâmide (ginásio na Califórnia), que para a gente no jiu-jítsu é super adrenalina. Mas costumo levar de boa, não costumo cair na pilha disso. Sei da importância, a gente quer muito, como minha adversária quer, e que também treinou para isso. Acho que o mais importante é estar ali feliz, fazendo o que ama e podendo estar com pessoas que ama ao lado. O resto é só consequência. Óbvio que é uma luta muito importante na minha carreira, por tudo que já passei na luta, mas é mais uma luta - disse a lutadora, que treina na Vila da Luta, em São Paulo, na equipe liderada por Demian Maia.
Sobre a boa fase das mulheres brasileiras no MMA, com Amanda Nunes e Cris Cyborg campeãs em suas respectivas categorias no UFC, Talita Treta tentará abraçar a sua oportunidade, mas ressalta as dificuldades principalmente no Brasil de ser uma atleta.
- Essas são oportunidades que a gente tem até de mudar a nossa vida. Infelizmente, nosso país já não dava muito valor ao atleta, e com toda essa crise dá menos ainda. Somos obrigadas a procurar pessoas fora do país para nos ajudar, e foi o que aconteceu comigo nessa luta, procurei uma empresa para buscar patrocínios. As meninas estão sim chegando, mas falta ainda as pessoas verem mais com outros olhos. E às vezes não é só com mulher, é com os homens também. No Brasil não apoiam, é sempre contando com um amigo que tem uma empresa para te ajudar, raramente é por talento que o cara tem um grande patrocínio. Moro no Brasil e para mim a oportunidade é diferente, você vê muito lutador indo para fora, como a Cris e a Amanda, que moram fora e onde as oportunidades estão mais próximas. Queria que no Brasil fosse assim, amo o país e não gostaria de mudar - completou.

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