quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Slackline, esporte de equilíbrio na corda bamba, conquista mais adeptos no Espírito Santo

Praticantes desafiam o 'número de circo' em diversos pontos radicais do Estado

Marcela Reis - A Gazeta

foto: Gabriel Lordêllo/A Gazeta
Slackline
Slackline no Píer da Enseada do Suá

No circo, o número da corda bamba é um dos mais esperados - e tensos! As luzes se apagam, e um holofote mira apenas o corajoso equilibrista que atravessa o picadeiro a muitos metros de altura. Pois esse momento de pura adrenalina deu origem a um esporte que conquista cada vez mais adeptos aqui no Espírito Santo: o slackline. Confira ao final da matéria uma galeria radical de fotos do esporte!

O princípio é o mesmo da corda bamba do circo: atravessar de um ponto a outro se equilibrando numa corda - no caso do slack, uma fita própria. O que pode variar é a altura e o local onde essa fita é colocada. E aí também muda o nome do esporte.



O slackline é praticado em alturas mais baixas, geralmente entre um e três metros. Em grande alturas, normalmente em montanhas, o nome muda para highline. Há ainda quem faça a travessia sobre a água, o chamado waterline.

"O slack começou como uma alternativa quando não dá para escalar. Hoje faço direto. É um esporte que trabalha muito a concentração, o equilíbrio e a força", contou o estudante Caio Salomão.

Um dos locais preferidos pelos slackliners - como são chamados os praticantes do slackline - em Vitória são os píeres atrás do Shopping Vitória. Em meio a um visual incrível, que inclui a Terceira Ponte e o Convento da Penha, eles se aventuram nos cerca de 20 metros que separam um píer do outro.

Mas a preparação precisa ser cuidadosa. Nada pode estar fora do lugar. Na pilastra de um dos píeres, ganchos são colocados para prender a fita. "Fizemos os furos e colocamos e tiramos os ganchos toda vez que vimos para cá, senão roubam", conta o empresário Fábio Fabre.

A travessia
Depois da preparação, e de muita força para esticar a fita, vem a sempre tensa travessia.

"A pessoa tem que se concentrar apenas na fita. Se olhar para qualquer lugar cai mesmo", disse Caio Salomão, o único dos seis praticantes que concluiu a travessia com sucesso, durante a reportagem, com direito a três tentativas frustradas de dar um salto mortal na final.

"Tentei o salto, mas a distância é muito grande. Aí, quando chega no meio, a fita balança bastante. Outra coisa é que o mar está mexido. Por mais que você não olhe diretamente para baixo, perceber que alguma coisa está se mexendo tira a concentração", explicou Caio.

As modalidades:
Como é o slackline
A fita fica perto do chão, normalmente entre um e três metros de altura. Assista ao lado vídeo de praticantes na Praça dos Namorados, em Vitória!

É muito praticado por skatistas e surfistas que costumam ousar nas manobras na fita.

Muitos praticam nas Praias de Camburi, em Vitória, e da Costa, em Vila Velha.

Mar é o cenário para o waterline
Nessa modalidade, a fita é colocada sobre a água, pode ser no mar ou em rios.

O praticante nem sempre usa equipamento de segurança por causa da possibilidade de cair na água.

Os píeres atrás do Shopping Vitória são um bom lugar para praticar o waterline.

Highline é a modalidade mais radical
O objetivo é atravessar a fita colocada em grandes alturas, normalmente montanhas.

Nesse caso, o praticante usa equipamento de segurança. O mesmo do rapel.

Aqui no Estado, o Morro do Moreno, na Praia da Costa, é um dos locais usados para a prática do highline.
foto: Divulgação
Highline na Cachoeira da Fumaça
Highline na Cachoeira de Matilde
Adrenalina sim, mas com moderação
Slackline é esporte para quem curte adrenalina. Tanto que atrai praticantes de escalada, skate, surfe entre outros. E foi com escaladores americanos que o esporte surgiu.

Para tornar a espera por tempo mais favorável para escalar menos entediante, a turma mais radical passou a colocar as cordas entre dois pontos das montanhas e atravessar. Nascia ali um esporte.

Apesar de parecerem loucos, a preocupação com segurança é grande. "Pratico um esporte de alto risco, mas não sou inconsequente. Não vou fazer alguma coisa para morrer. No highline, a preocupação com segurança é grande", contou o empresário Fábio Fabre, escalador de origem.

Os caras são realmente precavidos. O equipamento, além da fita, inclui o mesmo aparato de segurança da escalada e do rapel. Aprender a cair também é muito importante. "A gente sempre cai numa posição em que possa segurar a corda", explicou Fábio.
O estudante Caio Salomão também começou na escalada. Mas agora, no slackline, já encarou travessias tão perigosas quanto inusitadas. "O pior lugar foi a Cachoeira de Matilde. Lá o vapor d'água diminui a resistência da corda".

Na lista de proezas de Caio ainda estão a pista de skate da Praça dos Namorados e - acreditem! - o valão próximo à Terceira Ponte, em Vila Velha, onde atraiu dezenas de curiosos com sua coragem. Assista ao lado!

"Um amigo disse que, se eu caísse, ele não ia me tirar de lá", conta, aos risos. Felizmente, tudo acabou bem.

Exercício que ajuda a arte a fluir
Enquanto uns procuram o slackline em busca de aventura, outros usam o esporte como treinamento para o trabalho. É o caso do artista plástico Did, que começou a se equilibrar na corda em janeiro deste ano, depois de ver uma matéria no programa em movimento, da TV Gazeta, em janeiro deste ano.

"Gostei do slack por causa de três coisas. Primeiro, a brincadeira, que é muito divertida. Segundo, pela atividade física em si. É um exercício pesado, apesar de parecer apenas diversão. E, por último, pelo trabalho de concentração que é feito enquanto se está na fita. É preciso se desligar mesmo do mundo em volta para conseguir atravessar", contou Did.

E a concentração é justamente o que ele usa para trabalhar. "Pinto quadros e estou numa fase abstrata. Essa capacidade de desligar do mundo em volta é importante na hora de pintar", explicou o artista e slackliner.

O slack fez tanto sucesso que Did montou a fita na varanda de casa. "Mas aqui fica mais baixinho, a uns 40 centímetros do chão, para evitar qualquer acidente em casa".



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