segunda-feira, 14 de março de 2011

Brasileiro em cidade mais afetada por terremoto: 'Pensei que ia morrer'

Ao lado de Max Carrasco, ex-Ipatinga, atacante Marquinhos Cambalhota, do Vegalta Sendai, afirma: 'Já passei por tremores, mas nada tão assustador'

Por Gabriel Fricke Rio de Janeiro
Terremoto no Japão (Foto: Reuters)Terremoto seguido de tsunami (Foto: Reuters)
Ídolo no Japão e maior artilheiro da história do tradicional Kashima Antlers, com 59 gols, o atacante brasileiro Marquinhos Cambalhota viveu momentos de tensão no país na última sexta-feira. Recém-chegado ao Vegalta Sendai, clube da cidade de Sendai, a mais atingida pelo terremoto seguido de tsunami, que já deixou mais de 1.800 mortos, o jogador treinava no momento da tragédia.

- Já passei por tremores, mas nada tão assustador. Estávamos treinando, e achei que o chão ia rachar embaixo de mim. Sinceramente, pensei que ia morrer - afirmou, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.

Conhecido no Brasil pela torcida do Coritiba, onde atuou de 1999 a 2001, o atacante falou também do momento em que começaram os tremores.

- Foi fora do comum. Quando vi os prédios caindo uns sobre os outros, achei que não ia passar dessa. Era todo mundo dando as mãos, caindo no chão. O centro de treinamento acabou. Vestiário, acomodação, tudo - lembrou o atacante.

Logo após o terremoto, Marquinhos se juntou a Max Carrasco, ex-Ipatinga, que também joga pelo Vegalta Sendai, e a esposa dele. O técnico da equipe orientou os jogadores a partirem o mais rápido possível para cidades próximas.
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Marquinhos em ação pelo Vegalta Sendai (Foto: Divulgação J-League)Marquinhos em ação pelo Vegalta Sendai (Foto: Divulgação J-League)
Os três ficaram cerca de três horas em uma fila em Sendai para conseguir alimento. Depois de viajarem seis horas de carro, com meio tanque de gasolina, para Yamagata, eles finalmente conseguiram entrar em um microônibus com destino a Narita, onde a situação era mais tranquila.

Acomodado em um hotel e com passagem comprada para o Brasil para quarta-feira, o atacante lamentou a interrupção do Campeonato Japonês.

- É uma pena, tínhamos a expectativa de fazer uma boa campanha. Mas lá era impossível ficar. Não tinha luz, água, comida, gás. Além disso, não tinha bateria no celular, sinal, nada. Não tinha como falar com família, só em Narita consegui - lamentou.
O brasileiro comentou que a diretoria do clube vai aguardar os próximos acontecimentos para decidir sobre a volta à rotina. Por enquanto, os atletas foram orientados a permanecer em casa.

- Tem muitos coreanos no clube, que já foram para a Coréia. Eu e o Max estamos indo para o Brasil, vamos ficar treinando aí. Todo mundo saindo de lá, porque é impossível continuar. É muito triste - concluiu.

Marquinhos só atuou em uma partida pelo novo clube. No Brasil, o atacante se destacou no Coritiba, e foi para o Japão em 2001. O brasileiro já foi quatro vezes campeão japonês, em 2003 pelo Yokohama Marinos, e em 2007, 2008 e 2009 pelo Kashima, e artilheiro da J-League, com 20 gols, em 2008. Nesta segunda-feira, a organização do Campeonato Japonês cancelou, por tempo indeterminado, as partidas de março.

O terremoto que atingiu a costa nordeste do Japão na sexta-feira, 11 de março, alcançou 8.9 graus na escala Richter, e gerou um tsunami (onda gigante com potencial destrutivo) que devastou cidades, arrastando prédios, casas, carros e navios, e deixou milhares de mortos e feridos. Uma usina nuclear foi abalada pelo terremoto e sofreu uma explosão (veja mais no G1).

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