sábado, 2 de abril de 2011

Campeão mundial de kite cria 'Circuito dos Sonhos', nos moldes do surfe

Aos 30 anos, Guilly Brandão, o Monge, descarta aposentadoria, mergulha em novo projeto e aproveita viagens para desenvolver ações sociais e ecológicas

Por Gabriele Lomba Rio de Janeiro
Em um esporte que desafia, além do mar, a gravidade, chegar ao topo não foi suficiente. Campeão mundial no ano passado, Guilly Brandão chegou a pensar em se aposentar. Estava cansado de ver sua categoria – ondas – ser o primo pobre do kitesurfe. Decidiu, então, junto com outros três atletas, criar um novo Circuito Mundial, nos moldes do chamado "Dream Tour" (Circuito dos Sonhos) do surfe, disputado por Kelly Slater & cia. Entre uma viagem e outra, o brasileiro de 30 anos, apelidado de Monge, ainda alimenta o sonho do "Kitetude", um projeto que leva ações sociais e ecológicas por onde passa.

- Eu tinha decidido que, se fosse campeão mundial, iria me aposentar. Mas esse novo circuito é uma motivação - conta o brasileiro.
Kitesurfe Guilly Brandão (Foto: Roberto Foresti/divulgação)Guilly Brandão é o atual campeão mundial na categoria ondas (Foto: Roberto Foresti/divulgação)
O Kitesurf Pro (KSP) vai estrear apenas no segundo semestre. A ideia é levar a elite do esporte para alguns dos melhores lugares do mundo para a modalidade, como, por exemplo, Ilhas Maurício, Cabo Verde, Peru e Ibiraquera, em Santa Catarina. Serão três ou quatro etapas - ainda não marcadas - e no máximo 20 kitesurfistas, incluindo os convidados. Para entrar no grupo, é preciso ou se manter entre os oito primeiros do próprio circuito ou se classificar pelo ranking da Associação de Kitesurfistas Profissionais (PKRA, em inglês), o atual circuito mundial.

- Muitas vezes as etapas da PKRA são em lugares bons, mas em épocas erradas. Ou então, quando as condições estão boas, a categoria estilo livre tem prioridade, e nossa categoria acaba sendo disputada em condições não muito boas. Esse novo circuito será só nosso, no smelhores lugares, com transmissão ao vivo, etc... – conta

Guilly foi tetracampeão brasileiro (2003 a 2006) e sul-americano de estilo livre. Migrou para as ondas em busca de novos desafios. Agora, está tão animado com o novo projeto que abriu mão do PKRA. Nesta semana, Reno Romeu e outros brasileiros estão no Marrocos para a primeira etapa da temporada. Guilly preferiu ficar no Brasil, planejando os próximos passos, dentro e fora d'água.
Kitesurfe Guilly Bandão projeto social no Peru (Foto: Divulgação)Guilly ensina crianças peruanas a pilotar uma
pipa de kitesurfe (Foto: Divulgação)
Assim como a paixão pelas ondas, a preocupação sócio-ambiental é antiga. Vem dos tempos em que ele ainda nem sabia qual esporte seguir. Guilly se destacava em competições de surfe, mas começava a se aventurar no kitesurfe. Foi quando, porém,  um vento forte o levou para o outro lado do mundo.

- Era uma fase de descobertas espirituais. Eu morei dois anos na Austrália. Fazia yoga, retiros. Quando contei essa história para meus amigos do kite, ganhei o apelido de Monge - conta, rindo.
Foi com um de seus amigos atletas, Boca, que Guilly criou o "Kitetude". Começou com uma ação para neutralizar a emissão de carbono com plantio de árvores e clínica para crianças em Ilhabella (SP), sua cidade-natal. No ano passado, durante uma etapa em Lobitos, no Peru, o paulista entrou em contato com uma ONG local. Deu aula de kite para crianças e, no fim, levou-as para recolher o lixo da praia.

- Cresci numa ilha, então sempre tive mais consciência ecológica. Como somos formadores de opinião, vi que podia usar isso em prol do meio ambiente e fazer algo diferente.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário