sexta-feira, 1 de abril de 2011

Na tranquila Mooresville, Nelsinho descobre novo modo de vida nos EUA

Piloto da Nascar Truck Series mora longe da agitação das grandes cidades e busca adaptação rápida à categoria, de estilo bem diferente da Europa

Por Rafael Lopes Direto de Mooresville, EUA
A mudança foi das mais radicais. Na Europa, sua residência era em Mônaco, no meio do glamour do principado. Nos Estados Unidos desde que saiu da Fórmula 1, primeiro foi para a movimentada Flórida e, agora, para a tranquilidade de uma casa às margens do Lago Norman, em Mooresville, nos arredores de Charlotte, na Carolina do Norte. Esta é a nova realidade de Nelsinho Piquet, que disputa sua primeira temporada completa na Nascar, a Stock Car americana, em 2011.
casa nelsinho piquet estados unidos (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)Nelsinho Piquet em sua casa nos Estados Unidos (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Sem grades em nenhuma das casas, Mooresville impressiona pela tranquilidade. Lá, Nelsinho divide espaço com Pablo, piloto de seu avião - praticamente um "faz-tudo". Recebe visitas regulares de sua namorada e vai ao Brasil, principalmente para sua casa em Brasília, nas poucas folgas do longo calendário de 25 corridas da Nascar Truck Series. Relaxado e longe de toda a pressão do automobilismo europeu, descobriu um novo modo de vida nos EUA.
- Não tinha a ideia de que os Estados Unidos eram um lugar tão bom para morar e tão correto. É fácil de conseguir as coisas, tudo funciona. Não tem confusão. É um país muito organizado. Viajo muito para as corridas, não paro muito em casa. Preciso estar em um lugar que seja confortável, perto do aeroporto e que eu goste. E estou próximo de Charlotte, que já tem voos diretos para o Brasil todos os dias. Estou mais do que satisfeito aqui - diz Nelsinho.
O automobilismo americano, especialmente a Nascar, também é muito diferente. Além dos poucos segredos entre as equipes, que trabalham lado a lado nos boxes, sem divisórias, o fã também é incentivado a se aproximar dos pilotos. Durante um fim de semana de corrida, os torcedores andam pelos mesmos lugares de seus ídolos e podem usar até usar o mesmo banheiro que eles.
- É mais um esporte. Qualquer público pode frequentar as corridas, desde um caminhoneiro até um fazendeiro. Mesmo as pessoas mais simples, que compram os ingressos mais baratos, têm interação com os pilotos. É muito importante para a categoria e é bem legal.
casa nelsinho piquet estados unidos (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)Casa de Nelsinho em Mooresville: tranquilidade
nos EUA (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Nelsinho está tentando se adaptar a outras realidades. A temporada da Nascar deixa poucos fins de semana de folga. As carreiras também são muito mais longas, e alguns pilotos chegam a correr até mais de 50 anos. O brasileiro confessa que ainda não tem domínio total do carro, muito mais pesado que os monopostos a que estava acostumado.
- Aqui se corre o dobro do tempo que os da Fórmula 1 correm. Além disso, vários deles participam de duas, três divisões (a Nascar tem três principais). Você vê a paixão dos pilotos pelo automobilismo. Não sei quantos pilotos de lá aguentariam este número de fins de semana de corridas. Eu mesmo não sei se aguentaria fazer isso por 20, 30 anos. Talvez depois que eu pegue a mão do carro, fique apaixonado. Ainda estou aprendendo, estou um pouco perdido. Não faço as coisas de olhos fechados, como nos karts e nos fórmulas. Metade do cérebro ainda se concentra em não fazer algo errado, não atrapalhar também. Mas é bem legal.
Neste fim de semana, Nelsinho disputa a etapa de Martinsville da Truck Series, uma das mais complicadas da temporada. Apelidado de "o clipe de papel" ("The paperclip", por seu formato), o circuito é um dos mais diferentes do ano: com meia milha de extensão, duas retas de asfalto e dois cotovelos de concreto nas extremidades, que exigem fortes freadas. Para completar, o brasileiro ainda torceu o pé esquerdo em um acidente doméstico na última semana. Mas ele não acha que isto irá atrapalhar.
- É o tipo de prova em que pode acontecer qualquer coisa. É estar no lugar certo e na hora certa, não se envolver na confusão. Tive um treino bom em uma pista parecida. Deveremos classificar entre os dez primeiros e tentar ficar ali, sem cair para o bolo de trás. Foi isso que aconteceu em Darlington. Nunca tinha torcido o pé antes e não sei se demora para recuperar. Estou tentando me recuperar, não me pareceu doer muito quando testei na sede da equipe. Não parece que será um incômodo.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário