sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pega na mentira! O futebol e casos famosos dignos de 1º de abril

Washington tem uma ligação com o folclórico dia. O ex-atacante completa 36 anos nesta sexta-feira: 'Como jogador já contei muitas mentiras'

Por Luma Dantas Rio de Janeiro
No futebol, contar uma mentirinha inocente está longe de ser pecado. Dirigentes, jogadores, empresários fazem isso com certa frequência para despistar a imprensa, ficar bem com a torcida, enganar os adversários, buscar as vitórias nas partidas. Quantas vezes não se ouve a frase “o treinador está prestigiado e confiamos no seu trabalho” na boca de um dirigente após uma derrota, mas no dia seguinte o técnico é demitido. Ou um jogador que jura de pé junto que “não foi procurado por ninguém, que só ouviu o interesse do clube pela imprensa”, e dias depois aparece em uma foto vestindo a camisa de outro time. Primeiro de abril ficou conhecido como o Dia da Mentira muito antes do surgimento do futebol. Mas bem que o esporte poderia ser usado um pouco como inspiração para a criação da data.
Washington, ex-atacante do Fluminense, nasceu justamente no dia 1º de abril. Ao longo da carreira, o Coração Valente foi vítima de brincadeiras. Mas leva a situação com bom humor.
- Até gosto que o meu aniversário seja dia primeiro de abril, porque é uma data que ninguém
esquece – garante Washinton, que nasceu em 1975 e admite que honrou a data comemorativa quando jogava futebol. - Como jogador já contei muitas mentiras.
Fingi que tinha me machucado. Na época, o treinador era o Celso Roth. A gente simulou uma
lesão para eu me preparar melhor, para ter preparo físico."
Washington
Washington confessa já ter inventado histórias durante a carreira. O atacante lembra que em 1997, quando estava no Internacional, chegou a inventar uma contusão.
- Fingi que tinha me machucado. Na época, o treinador era o Celso Roth. A gente simulou uma lesão para eu para ficar com melhor preparo físico.
Quando uma negociação se torna pública, começa o jogo do "não sei de nada". Adriano no Corinthians? Todo mundo parecia saber das conversas e dos encontros do atacante com a diretoria. Menos o presidente Andrés Sanchez.
- Nunca conversei com ele. Não tem nada certo. Mas nada impede que daqui a um mês, dois meses, seis meses ou cinco dias ele seja contratado. Uma parceria para um jogador como este requer tempo, não acontece assim da noite para o dia – disse o presidente corintiano na quarta-feira, dia 23, antes do jogo contra o Oeste. Poucos dias depois, Adriano assinava contrato. E na quinta-feira foi apresentado como o novo camisa 10 do Timão.
Uma das “jogadas” mais famosas do futebol ocorreu em 1989, quando o Vasco conseguiu tirar Bebeto do Flamengo. Antônio Soares Calçada garantia em público que não tinha interesse no atacante, que estava em litígio com o rival. Falou, inclusive, com o então presidente rubro-negro Gilberto Cardoso Filho que este não precisava se preocupar. Mas foi o Flamengo fixar o valor do passe do jogador na Federação do Rio que, no mesmo dia, o Vasco chegou com o dinheiro e comprou o passe do atacante. Bebeto chegou ao clube da Colina fazendo juras de amor, disse que havia sido torcedor do Vasco na sua infância, na Bahia, e que, inclusive, o seu avô se chamava Vasco da Gama. Anos depois, quando se aposentou, o atacante voltou a falar que “tem um carinho especial pelo Flamengo”.
E o peso de Ronaldo? O assunto movimentou o noticiário por mais de cinco anos. Desde que o Fenômeno chegou acima do peso para a preparação da Copa do Mundo de 2006. Mas para a comissão técnica, o atacante estava bem e tinha ganhado "muita massa muscular" ao longo dos anos por causa dos problemas no joelho. Após a eliminação da seleção para a França veio a verdade: Ronaldo havia se apresentado oito quilos acima do ideal.
Ronaldo capa de jornal DJ (Foto: Thiago Lavinas / GLOBOESPORTE.COM)Reprodução do jornal suíço de 2006 com os
jogadores brasileiros na boate em Lucerna
Aliás, a preparação para a Copa de 2006 gerou outra história famosa. Após uma folga, Roberto Carlos deu uma entrevista falando que tinha ficado na concentração descansando junto com os outros jogadores. Mas um dia depois o jornal suíço "Blick" divulgou fotos de Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano, Emerson e outros jogadores curtindo a noite de Lucerna, uma boêmia cidade suíça localizada a 30 minutos da concentração.
E no país das maravilhas de Túlio, a contagem de gols rumo ao milésimo é cheia de pontos curiosos. Há superfaturamento de gols em muitos clubes. Ao que parece, chegar ao gol 1.000 não é uma ciência exata.
- É como pesquisa de eleição: 2% para mais, 2% para menos - disse Túlio, que alega ter cerca de 957 gols, mas segundo os clubes em que ele jogou a conta não chegaria a 600.
Em campo, jogador gosta de usar a "malandragem". Há aquelas que de tão forçadas chegam a ter graça, como na Copa do Mundo de 2002: Rivaldo simulou uma bolada no rosto. O Brasil ganhava por 2 a 1 quando o zagueiro da Turquia, Hakan Unsal, chutou a bola na direção do brasileiro, que esperava para cobrar um escanteio. A bola bateu nas pernas de Rivaldo, e ele imediatamente levou as mãos ao rosto, caindo no chão. Unsal foi expulso. A CBF teve que pagar uma multa de 11.500 francos suíços pela simulação, cerca de R$ 19 mil na época.
Mas há casos que extrapolam o universo da bola e chegam a envolver investigações policiais. Foi o que aconteceu com Somália, volante do Botafogo, em janeiro deste ano. O jogador se atrasou para a reapresentação do time e, para não ser punido pelo clube, inventou ter sido vítima de um sequestro-relâmpago. Após investigar o caso, a polícia descobriu que Somália havia
inventado a história. O volante teve que pagar o equivalente a 50 salários mínimos (R$ 22 mil) em cestas básicas e foi multado pelo time em 40% do salário.
Frases não não significam exatamente o que deveriam...
Sejam criativas, sejam tradicionais, o que não faltam no futebol são frases, digamos, nem tão sinceras. Fizemos uma lista com os dez clichês mais usados por treinadores, jogadores e
dirigentes. E que, na maioria das vezes, não significam o que deveriam.
Fernando Henrique e suas histórias
O goleiro Fernando Henrique diverte os companheiros com suas histórias. O jogador do Ceará não faz aniversário no dia da mentira, como Washington, porém costuma ouvir dos amigos que este é o seu dia.
- Saí muito cedo de casa, então tenho muita coisa para contar, e o pessoal acha que estou mentindo - explica.
Como a vez em que um lobisomen entrou em sua casa.
- Eu era pequeno. Numa noite, eu e minha mãe acordamos com um barulho. Fomos ver o que
era, e um lobisomen tinha entrado na nossa casa. Ficamos com medo de ir lá fora e deixamos
para ver o estrago que ele tinha causado no dia seguinte.
Fernando Henrique diz que evita mentir no trabalho, mas confessa que há momentos em que
reprime alguns comentários.
- Vivo mais tempo com os outros atletas do que com a minha família, então procuro não mentir.
Mas se for falar tudo o que penso, sai briga.
Entre as histórias folclóricas do goleiro, há casos mais fáceis de acreditar. FH lembra a vez em
que ele e outros jogadores do Fluminense marcaram um churrasco para comemorar uma recente vitória sobre o Flamengo.
- Foi em 2004. Iríamos fazer um churrasco, estava tudo certo. O técnico (Alexandre Gama)
descobriu e marcou um treino surpresa na hora do churrasco. Ele reuniu todo mundo e falou
que sabia do churrasco, mas a gente negou. Ele não se convenceu, deu o treino e não teve
comemoração.
Se Fernando Henrique achava que ao sair do Fluminense conseguiria fugir da fama de
mentiroso, estava enganado. Ele mesmo conta que, depois de escutarem algumas de suas
lendas, os jogadores do Ceará já começam a chamá-lo da mesma forma.

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