quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Atrás de renovação, Rubinho rebate críticas à F-1 atual: 'A gente se diverte'

Brasileiro elogia busca da categoria por mais emoção e ultrapassagens

Por Alexander Grünwald São Paulo
Rubens Barrichello Rubinho (Foto: Carsten Horst)Rubens Barrichello elogia mudanças da F-1 para
corridas mais emocionantes (Foto: Carsten Horst)
Mesmo com seu futuro na Fórmula 1 ainda incerto, Rubens Barrichello analisou o momento de transição da categoria, que prepara uma série de mudanças em seu pacote técnico para as próximas temporadas. O piloto, que negocia com a Williams a sequência de seu contrato, comentou a presença cada vez maior de pilotos patrocinados e ironizou os que criticam o grande número de ultrapassagens provocado pela asa móvel.
Disputando sua 19ª temporada na categoria, Rubinho rebateu as declarações do campeão mundial Jacques Villeneuve, que esteve no Brasil na última semana para disputar a Corrida do Milhão, da Stock Car. O canadense afirmou não gostar do que chamou de “sistemas artificiais de competitividade”.
- Tem muita gente que fica dizendo que os tempos antigos eram melhores. A realidade é que a gente se diverte nos tempos atuais, como vai se divertir no futuro. A Fórmula 1 é aquilo que eu sempre sonhei, e veio se modificando. Hoje em dia é mais segura, tem muito mais trabalho de relação pública, os pilotos não tem muito sossego. Mas, fora isso, é atrás do volante que importa. Aqueles que falam mal da asa traseira vão falar mal de qualquer coisa. Antes criticavam porque ninguém ultrapassava, e agora criticam porque tem ultrapassagens demais. Não faz sentido – avaliou Barrichello, que está na categoria desde 1993.
Rubens Barrichello Rubinho (Foto: Carsten Horst)Rubinho responde a perguntas durante o evento de kart que organiza em São Paulo (Foto: Carsten Horst)
Como algumas vagas ainda estão em aberto para a próxima temporada, Rubens crê que o mercado de pilotos pode ter novidades até o fim do ano, especialmente nos times de menor orçamento.
- A Fórmula 1 apresenta surpresas, nunca dá para garantir que algo é fixo. Pelo que a gente consegue enxergar, só no topo as coisas estão praticamente decididas. Como as equipes que andam no meio do pelotão dependem de outros fatores, pode pintar alguma coisa até o fim do ano.
Barrichello também falou sobre a onda de pilotos pagantes, que apesar dos títulos em categorias de base chegam à categoria bancados por fortes investimentos de seus países de origem. Caso de seu próprio companheiro na Williams, o venezuelano Pastor Maldonado.
- Isto já é uma realidade. O mundo da Fórmula 1 necessita de muito dinheiro, é um automobilismo caro, não tem muita saída. A sorte destes pilotos é que os países deles apoiam muito. Não adianta termos categorias de base se o país não empurrar, precisa de um apoio forte para poder dar chances a novos talentos. Se não fosse uma pessoa extraordinária que me ajudou com patrocínio no início da carreira até a Fórmula 1, eu não teria chegado a lugar algum.
Da nova geração de competidores da F-1, o mais experiente piloto em atividade citou o líder do Mundial, Sebastian Vettel, como o maior destaque, capaz inclusive de superar os recordes do compatriota Michael Schumacher, que faturou sete títulos na categoria.
- Ninguém jamais terá uma equipe tão feita para um piloto como o Schumacher teve. Mas o Vettel tem capacidade e talento para ganhar vários títulos – analisou o vice-campeão das temporadas 2002 e 2004, período em que guiou pela Ferrari ao lado do heptacampeão, hoje na Mercedes.
Rubens Barrichello Rubinho (Foto: Carsten Horst)Apesar dos problemas da Williams, Rubinho ainda quer bons resultados em 2011 (Foto: Carsten Horst)
Sem muitas perspectivas para o restante da temporada, a Williams já volta suas forças para o próximo ano. No entanto, o piloto se mantém focado em conquistar resultados melhores ainda em 2011, embora se veja como uma peça-chave para a equipe nesta fase de reestruturação.
- Espero despontar em algumas corridas entre os seis primeiros, já que algumas pistas devem nos favorecer. Quanto à renovação, não tenho que ficar sofrendo com ansiedade, mas é lógico que eu gostaria de fazer parte deste processo. Visitei a fábrica, vi alguns rostos novos, deu para ter noção do que está acontecendo. A equipe terá motor Renault no ano que vem e está se reestruturando, então tudo nos faz crer que terá um carro melhor em 2012 – disse, esperançoso, enquanto aguarda um novo contato do time inglês.
A indefinição quanto ao novo regulamento de motores, previsto para vigorar a partir de 2014, não incomoda Barrichello, que pretende estar curtindo férias junto da esposa Silvana e dos filhos, Eduardo e Fernando, quando as regras entrarem em vigor.
- Existe uma guerra interna muito grande, falavam em motores V4 (quatro cilindros em V), já mudou para V6... Até que seja anunciado, não temos certeza do que pode acontecer exatamente. Mas isso é para daqui a três anos. Nessa época, já não estarei mais na Fórmula 1, e sim “hospedado” na Disney, comendo hambúrguer e andando de montanha russa – comentou o piloto, que já acumula 317 participações na F-1.
Barrichello no evento de kart (Foto: Carsten Horst / Divulgação)Brasileiro admite que não consegue viver longe da velocidade, seja no kart ou na F-1 (Foto: Carsten Horst)
No entanto, voltar às pistas em outra categoria é uma opção que Barrichello considera como algo provável para o futuro.
- Eu não vivo sem a velocidade, seja no kart, no simulador ou jogando na internet. Alguma coisa, com certeza, vou buscar para fazer no futuro, senão vou começar a saltar de paraquedas e fazer outras maluquices procurando adrenalina – brincou.
O próximo desafio de Rubens Barrichello e da equipe Williams será no dia 28 de agosto, em Spa-Francorchamps, onde será disputado o GP da Bélgica de Fórmula 1.

Nenhum comentário:

Postar um comentário